Vibra: compra antecipada da Comerc afetará dividendos? CEO diz que não, mas VBBR3 cai

CEO diz que operação não terá impacto sobre as perspectivas de lucro e de distribuição de dividendos

Felipe Moreira

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A Vibra Energia (VBBR3) informou na última quarta-feira que firmou acordo para antecipar o direito de compra de 50% da Comerc Energia, em conjunto com a Perfin Infra e outros acionistas da Comerc, no valor de R$ 3,52 bilhões. Com isso, a ação da distribuidora de combustíveis abriu em queda forte, ainda que amenizando e fechando em baixa de 3,45%, cotada a R$ 25,18 nesta quinta-feira (22). O movimento ocorre muito por conta da visão de que a aquisição antecipada pode afetar os dividendos da companhia (o que foi rebatido pelo presidente da empresa) e também por contestações sobre o valor.

A aquisição da Comerc provavelmente aconteceria em 2026, dada a estrutura de compra e venda que ambos os parceiros tinham desde a aquisição da primeira participação. O rumor de que essa aquisição poderia ser antecipada começou desde o início do ano.

Para a XP Investimentos, a antencipação faz sentido do ponto de vista estratégico, pois permite que a Vibra desbloqueie certas sinergias que efetivamente criam valor, como eficiências de custo, menor custo da dívida e monetização de ativos fiscais.

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Por outro lado, segundo a XP, o anúncio foi uma surpresa para o mercado e o valor do negócio é controverso. A corretora estima um valor presente líquido (VPL) estimado das sinergias de R$ 1,4 bilhão, sendo aproximadamente neutro em termos de valor para a Vibra.

Os analistas comentam que um acordo a um preço mais baixo teria sido melhor, “mas talvez esse tenha sido o melhor preço disponível para um acordo”. Adiar essa discussão para a data de exercício da put/call (opção de venda/opção de compra) expôs a Vibra ao risco de avaliações significativamente divergentes. Além disso, a Vibra ainda pode extrair valor adicional da Comerc por meio de sinergias comerciais e crescimento futuro.

Já o Itaú BBA vê a decisão de antecipar a aquisição como um reforço do posicionamento de longo prazo da empresa, visando trazer longevidade ao portfólio à medida que aumenta a exposição a energias renováveis ​​e se move em direção a se tornar uma plataforma multienergética.

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Diante disso, o BBA avalia que o anúncio pode gerar preocupação entre os investidores, a maioria dos quais esperava que a empresa se concentrasse em aumentar os retornos aos acionistas por meio de recompras e dividendos. No entanto, a empresa afirmou que manterá a política de pagamento de dividendos de 40%.

Itaú BBA mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$ 28.

O Bradesco BBI, por sua vez, separa o anúncio em dois pontos de vistas distintos.

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Do lado positivo, conforme BBI, a notícia remove a pressão vendedora (overhang) de um evento que provavelmente aconteceria em 2026, em uma avaliação que estava em linha com as estimativas.

Segundo avaliação do BBI, o valor da Comerc em 2024 é de R$ 7,4 bilhões, contra os R$ 7,05 bilhões em 1° de julho de 2024.

De negativo, o BBI cita que as chances de pagamentos de dividendos acima de 40% para 2025 são menores, o que pode frustrar alguns investidores, uma vez que a administração da Vibra ainda acredita em uma alavancagem ótima de dívida líquida/Ebitda de 1,5 a 2,0 vez para a empresa.

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A previsão de dividend yield para 2024 e 2025 caiu para 6,5% e 5,1% contra 9,4% e 9,3% anteriormente, recuperando-se depois para 7% e 10% em 2026 e 2027.

O BBI apontou em relatório antes da abertura do mercado que esperava que as ações reagissem negativamente já que o mercado não gostou da aquisição inicial da COMERC em 2021), mas mantém recomendação de compra para Vibra com um preço-alvo de R$ 37.

Os analistas acreditam que a perspectiva para os resultados da distribuição de combustíveis permanece positiva, com margens mais fortes e oferecendo proteção contra uma potencial fraqueza nos preços do petróleo no próximo ano.

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No contexto de distribuição de lucros, contrariando estimativas, o presidente-executivo da companhia, Ernesto Pousada, disse que a operação com a Comerc não terá impacto sobre as perspectivas de lucro e de distribuição de dividendos.