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SÃO PAULO – A Via Varejo (VVAR3) registrou alta de 103% em seu lucro líquido do segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2020, para R$ 132 milhões, sustentada pelo forte crescimento no comércio eletrônico por conta do isolamento social.
A companhia, dona das redes Casas Bahia e Ponto, teve receita bruta no conceito GMV de R$ 11,4 bilhões, um avanço de 51% ante o segundo trimestre do ano passado. Segundo a empresa, cerca de 65% do volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) deveu-se às vendas digitais, que corresponderam a cerca de R$ 7,5 bilhões, incremento de 35,7% na base anual.
Porém, as ações reagiram ao balanço com forte queda, que chegou a ser de 8,53% na mínima do dia, fechando em baixa de 7,30%, a R$ 12,07.
Conforme aponta a XP, a varejista reportou resultados mistos, com uma forte performance no marketplace, mas lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pressionado por maiores despesas operacionais.
O Ebitda ajustado ficou em R$ 485 milhões, queda de 12,6% em um ano.
O GMV total veio 5% acima do esperado e com alta de 51% na base anual, impulsionado pelo crescimento de 124% do GMV das lojas físicas (versus a estimativa da XP de 117%) e expansão do marketplace (alta de 85% na base anual versus a projeção da XP de alta de 65%).
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Já em relação à rentabilidade, a companhia conseguiu manter a margem bruta apesar do aumento da participação dos canais digitais, enquanto a margem Ebitda foi de 6,2% (versus a estimativa da XP de 7,3%) e queda de 4,4 pontos em um ano, impactada por maiores investimentos em marketing, menor alavancagem operacional e reforço no time de tecnologia.
Com isso, o lucro líquido excluindo impacto positivo não recorrente R$ 87 milhões ficou 38% abaixo da estimativa dos analistas da casa.
O Bradesco BBI apontou que a Via mostra um momento de crescimento em várias áreas de negócios, incluindo 3P (marketplace), logística e serviços financeiros, bem como pontuações de atendimento ao cliente. A principal conclusão positiva é que a GMV de mercado está agora se acelerando e isso tem um papel estratégico importante – preencher a lacuna de variedade em relação aos concorrentes.
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O crescimento em “novas” categorias será fundamental para que a Via continue a ganhar participação no mercado, e
ter uma operação de mercado escalável é claramente um elemento-chave disso., avaliam Na área de logística, 65% das entregas estão sendo feitas em 48 horas, o que coloca a Via em linha com seus três principais concorrentes no Brasil, mostrando que houve um catch up (redução da diferença) significativo nos últimos dois anos.
Os analistas também destacam que o ponto fraco nos resultados foi a margem Ebitda, que veio 0,80 ponto percentual abaixo do estimado pelo BBI e 1 ponto abaixo do consenso da Bloomberg.
Na avaliação do BofA, retirando itens não recorrentes, os resultados operacionais e de lucro líquido da Via ficaram abaixo do consenso, com os números sendo impactados pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19 em abril.
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Mas, desde então, apontam, as vendas e o ímpeto do GMV tê, se fortalecido.
A Via estima que sua participação no mercado de comércio eletrônico dobrou no ano, os vendedores do mercado 3P aumentaram 7 vezes no acumulado do ano e os sortimentos subiram de 3 milhões de SKUs (produtos) em março para 30 milhões em junho.
Além disso, o BofA espera que o acordo internacional com a NocNoc, de forma a comercializar produtos vindos da China e dos Estados Unidos nas Casas Bahia e Ponto, deva melhorar ainda mais o sortimento de produtos.
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Por último, uma licença bancária mais expansiva para banQi também deve permitir o fornecimento de uma gama mais ampla de serviços fintech, afirmam os analistas do banco.
A XP também destaca que a Via apontou diversas iniciativas e indicadores no seu release de resultados. Na visão dos analistas da casa, elas estão na direção correta e devem contribuir para a continuidade do crescimento e geração de valor no longo prazo.
Entre as medidas, estão a construção de um serviço de fulfillment a ser entregue no quarto trimestre de 2021. O termo, muito usado no e-commerce, quer dizer que o estoque dos vendedores é gerenciado pela própria Via – desde o armazenamento da mercadoria até a entrega para o cliente.
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Além disso, está a aprovação da licença pelo Banco Central que permite o banqi a realizar operações de empréstimos e financiamentos para clientes e sellers por meio de sua plataforma eletrônica.
“No entanto, um ambiente mais competitivo e uma mudança de posicionamento para a retomada da economia com a aceleração podem trazer volatilidade para as ações do setor no curto prazo”, apontam os analistas. Assim, seguem com recomendação neutra para as ações VVAR3, com preço alvo de R$ 20, ou alta de 53% em relação ao fechamento da véspera.
O BBI também segue com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 17 para os ativos, ou potencial de alta de 31% em relação ao fechamento de quarta, mantendo as estimativas antes de uma revisão completa. Ou seja, até que todas as empresas de comércio eletrônico divulguem seus resultados do período. Nesta quinta, após o fechamento, será a vez do Magazine Luiza (MGLU3) e da Americanas (AMER3) divulgarem os seus números.
O Itaú BBA, Credit Suisse e BofA, por sua vez, possuem visão mais otimista sobre as ações. O BBA mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo para 2022 de R$ 16,50 (upside de 27%), enquanto o BofA tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 19,20 (potencial de alta de 47,5%).
O Credit Suisse aponta que, nesta fase, ainda vê opiniões divergentes dos investidores sobre a disposição para precificar
a transformação digital da Via e sua capacidade de amadurecer / dimensionar sua plataforma de mercado. “Nós reconhecemos que as bases de comparação foram mais ‘fáceis’ para ela se comparadas aos concorrentes e outras empresas já enfrentaram alguns desafios que a varejista não enfrentou (principalmente relacionados à maturação do 3P)”, afirmam.
Mesmo assim, os analistas do banco suíço avaliam que esse é o sétimo trimestre consecutivo de resultados decentes,
combinando um ritmo de crescimento robusto com níveis saudáveis de lucratividade.
“É importante ressaltar que a evolução 3P (que é o principal catalisador para uma potencial reclassificação de ações, na nossa opinião) continua em boa forma, com expectativas de bom crescimento à frente e apoiadas por bons sinais qualitativos”, avaliam. Assim, com a combinação de um bom nível de execução e o valuation atual, os analistas do Credit seguem otimistas com o case de investimentos, possuindo preço-alvo de R$ 24 para os papéis (ou potencial de alta de 84%).
Ainda vale destacar que a empresa segue passando por uma grande reestruturação, inclusive alterando seu ticker de negociação de VVAR3 para VIIA3 a partir do dia 16 de agosto. Na avaliação da Levante, a companhia está entregando mais um forte crescimento e tomando uma participação de mercado cada vez maior, o que a credencia como uma forte competidora na disputa do e-commerce.
“Além disso, a Via utiliza muito bem a força de suas marcas e sua expertise em oferecer crédito, sendo a pioneira na compra com carnê”, apontam os analistas da casa de research.
Segundo compilação feita pela Refinitiv, de 17 casas que cobrem o papel, 10 possuem recomendação de compra, 6 de manutenção e 1 de venda, com preço-alvo médio de R$ 18,85, o que configura um potencial de alta de 45% em relação ao fechamento de quarta.
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