Via (VIIA3) tem lucro ajustado R$ 101 milhões, mas provisiona R$ 810 milhões para processos trabalhistas

Com avanço das vendas online, companhia registrou ainda queda da receita líquida por pior performance das lojas físicas

Vitor Azevedo

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SÃO PAULO – A Via (VIIA3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 101 milhões no terceiro trimestre de 2021, número 1% maior do que os R$ 100 milhões registrados no mesmo período de 2020. Ao se levar em consideração a visão contábil, porém, o prejuízo da varejista foi de R$ 638 milhões, muito impactado por provisões para processos trabalhistas, que somaram R$ 810 milhões.

Voltando à área operacional, a companhia viu sua receita líquida regredir 5,9% na base anual, ficando em R$ 7,3 bilhões. Segundo a Via, isso se deu por conta de um pior desempenho das lojas físicas, com o fechamento de 100 pontos no último ano, e pelo avanço do e-commerce.

A empresa destaca no documento publicado na noite desta quarta-feira (10) a melhora do seu volume de vendas no online – o segmento 3P, de vendedores externos, viu a receita bruta avançar para R$ 2 bilhões, crescimento de 133% no ano, e o 1P, de vendas da própria companhia, chegou a um faturamento de R$ 3,9 bilhões, alta de 10%.

“Pelo 8º trimestre consecutivo superamos o desempenho do mercado online e ganhamos market share. Nosso desempenho de vendas foi bem positivo no trimestre apesar de um cenário econômico desafiador e forte ambiente competitivo. As vendas digitais representaram 60% do GMV total”, afirmou a companhia.

Via sofre com baixa das lojas físicas, mas aponta para avanço do online

Além do e-commerce, a Via destaca também para o seu portfólio de soluções financeiras, que inclui o banQi e a rede Celer, com o número de clientes totais avançando 47% frente ao terceiro trimestre de 2020, chegando a 10,3 milhões, e o volume total de pagamentos (TPV) com alta de 23% no ano, chegando a R$ 10 bilhões.

A varejista registrou um Ebitda ajustado operacional de R$ 669 milhões, com margem de 9,1%, número 1,1 ponto percentual maior do que no terceiro trimestre de 2020. A Via conseguiu melhorar sua margem bruta operacional de 29,6% para 31%, reduzindo o custo com mercadorias (em parte por conta da maior participação das vendas online), e também diminuindo as suas despesas com vendas, gerais e administrativas, que saíram de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,6 bilhão.

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O resultado financeiro recorrente foi negativo em R$ 282 milhões, alta de  19% milhões na base anual. O número foi piorado por  um impacto de R$ 31 milhões decorrente de processos trabalhistas e também por um crescimento do endividamento bruto, que chegou a R$ 5,1 bilhões no fim do terceiro trimestre, ante R$ 4,5 bilhões em setembro de 2020 – apesar de a varejista ainda ter um caixa líquido de R$ 1,7 bilhão.

No lado contábil, Via vê impacto de provisões

Em fato relevante, a Via explicou que o impacto líquido de R$ 810 milhões por conta de processos trabalhistas foi ainda minimizado pelo reconhecimento de R$ 254 milhões em créditos tributários – sem estes, o gasto seria de R$ 1,2 bilhão. A companhia espera mais impactos no quarto trimestre, prevendo algo entre R$ 100 e R$ 200 milhões.

De acordo com a Via, as provisões se deram levando em conta a alta de 32% neste ano do ticket médio dos casos sentenciados e a alta de 82% das reclamações trabalhistas na comparação entre 2020 e 2019, impulsionada pela dispensa de colaboradores de lojas físicas fechadas mas também por, segundo a empresa, “atuação e profissionais especializados em captar essas causas”.