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A Via (VIIA3), dona das marcas Casas Bahia e Ponto, divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22) e também a saída de um executivo-chave para a varejista.
A companhia anunciou que Helisson Lemos, VP de Inovação Digital, renunciou ao cargo. “Enxergamos o anúncio como negativo, uma vez que Helisson era um executivo chave para o desenvolvimento do marketplace da Via, o que pode ofuscar os resultados”, aponta a XP.
Entre outubro e dezembro, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 163 milhões, número menor do que a projeção do consenso Refinitiv, que esperava um prejuízo de R$ 212,5 milhões. No mesmo período do ano anterior (4T21), a companhia teve um lucro de R$ 29 milhões.
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Quanto à receita líquida, a varejista registrou um faturamento de R$ 8,84 bilhões, ante R$ 8,5 bilhões do consenso. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 542 milhões, quando a media projetada pelo mercado era de R$ 593 milhões.
O prejuízo da Via se deu, apesar do lucro operacional, principalmente, por um maior gasto financeiro. A companhia teve um déficit financeiro de R$ 641 milhões, com destaque para maiores gastos com dívidas, em meio a uma maior taxa de juros.
No lado operacional, a Via destaca que sua receita bruta subiu 9% na base anual, para R$ 10,4 bilhões.
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“O desempenho do volume total de vendas (GMV, na sigla em inglês) bruto de lojas físicas (R$ 6,8 bilhões e crescimento de 16,0%) e da receita bruta de lojas físicas (R$ 6,5 bi e crescimento de 18,2%) reflete a melhoria no fluxo das lojas (apesar de ainda abaixo da do período pré-pandemia), mas sobretudo uma maior conversão”, comenta a Via em seu balanço, publicado na noite desta quinta-feira (9).
No online, a varejista viu o GMV do seu e-commerce próprio (1P) cair 6%, para R$ 4 bilhões, e o do marketplace (3P) ficar estável, em R$ 1,7 bilhão.
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A Via destaca ainda que o seu Ebitda ajustado, não contado com o impacto não recorrente dos processos trabalhistas causados (resultado da reestruturação da companhia), teria sido de R$ 629 milhões, alta de 1,9% no ano. Mesmo assim, a margem Ebitda teria recuado de 7,9% para 7,1%.
A companhia viu sua margem bruta subir 2,2 pontos percentuais na base anual, para 31,3%, com uma “maior penetração de serviços”. O que pesou, então, foi o aumento das despesas com vendas, gerais e administrativas, que cresceram 23,4% no ano, chegando a R$ 2,2 bilhões.
“O resultado é explicado pela desalavancagem operacional, apesar do crescimento de 9% da Receita Bruta. O nível de despesas no quarto trimestre de 2021 foi menor em função de recuperações de créditos fiscais relacionados a despesas que se concentraram no período”, justifica a companhia, que menciona que, no ano, houve redução de 8,9% dos gastos nesta frente.
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A Via terminou 2022 com um caixa líquido de R$ 2 bilhões, sendo que gerou R$ 3,4 bilhões em caixa operacional no quarto trimestre.
“No período, houve geração no capital de giro de R$ 1,2 bilhão, efeito principalmente da redução de estoques. Os gastos com demandas judiciais trabalhistas totalizaram R$ 273 milhões, enquanto a monetização de créditos tributários somou R$ 1,1 bilhão e a renovação da parceria de cartões [com o Bradesco] R$ 1,75 bilhão”, explica a varejista.
A companhia havia dito ao mercado que poderia ter de desembolsar de R$ 1,5 bilhão até R$ 2 bilhões, mas viu sair de seu caixa um total 20% menor do que o valor mais baixo que havia sinalizado. Assim, o impacto de R$ 900 milhões a R$ 1 bilhão no resultado que a Via havia previsto no ano foi, na verdade, de R$ 700 milhões.
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A Via havia proposto monetizar R$ 1,8 bilhão para amenizar o impacto dos processos trabalhistas no caixa, mas conseguiu monetizar R$ 2,4 bilhões. Para este item em 2023, a companhia reafirma perspectiva de R$ 600 milhões a 700 milhões de impacto no caixa e de R$ 500 milhões a 600 milhões no resultado. Por outro lado, a previsão é de R$ 2,5 bilhões de monetização de créditos fiscais.
Crédito
O braço financeiro da Via, por fim, terminou o ano com uma carteira de crédito de R$ 5,5 bilhões. A companhia considera seus índices de inadimplência controlados, com 4,6% de perda líquida sobre a carteira e 9,5% de pagamentos em atraso por mais de 90 dias.
Um ano atrás, esses índices eram de 4% para perdas e 8,7% para atrasos superiores a 90 dias.
A empresa tem cerca de R$ 1,6 bilhão em vencimentos de sua dívida para os próximos trimestres, mas afirma que as conversas com bancos têm evoluído bem e que há sinalização de rolagem desses vencimentos.