Via (VIIA3) fecha em leve baixa após cair forte durante a sessão, com possível oferta de ações no radar do mercado

Convocação de assembleia passou batida em meio à divulgação do balanço do 2º trimestre e um plano de transformação e repercute hoje no mercado

Vitor Azevedo

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As ações ordinárias da Via (VIIA3) chegaram a cair 10,5% durante a sessão desta terça-feira (15), mas amenizaram as perdas e fecharam em baixa de 1,74%, a R$ 1,69.

Analistas citam o fato de a varejista ter convocado uma assembleia extraordinária para aprovar um possível aumento no limite do seu capital – que passou batida em meio ao anúncio de reestruturação da companhia na última semana e à publicação dos resultados do segundo trimestre.

A empresa, dona das marcas Casas Bahia e Ponto, propõe aumentar o seu capital autorizado para até três bilhões de ações, contra cerca de 1,6 bilhão emitidas hoje em dia. Isso abriria espaço para uma emissão de até 1,4 bilhão de papéis.

Se oferecer o máximo de ações, a Via pode levantar até R$ 2,1 bilhões. Ao mesmo tempo, contudo, causaria uma diluição de 88% da sua base acionária.

A administração da Via defende que a proposta visa tornar mais célere os procedimentos de aumento de capital da empresa para aproveitar oportunidades futuras de captação de recursos. Caso os acionistas aprovem o aumento de capital, uma nova emissão de ações dependeria apenas da aprovação do Conselho.

A reunião está agendada para acontecer no primeiro dia de setembro, às 11h.

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“Vemos as ações já reagindo negativamente à potencial alta diluição da base de ações. E, neste ponto, dadas todas as mudanças do plano de reestruturação e seus riscos de execução, a visibilidade é baixa para afirmar que cerca de R$ 2 bilhões de caixa adicional seriam suficientes para lidar com os problemas de alta alavancagem”, comenta o time do JP Morgan, encabeçado por Joseph Giordano.

Reestruturação da Via

Na última semana, a Via anunciou um plano de transformação com foco, principalmente, em uma recomposição de caixa.

A companhia já vinha, há algum tempo, enfrentando restrições de liquidez. No primeiro trimestre, a varejista teve um fluxo negativo de R$ 1,1 bilhão, fechando com um caixa de R$ 3,5 bilhões. No segundo, esse número caiu mais R$ 760 milhões, para R$ 2,8 bilhões.

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Mesmo antes da divulgação do resultado do segundo trimestre e do plano, o JP Morgan, por exemplo, já havia sinalizado que esperava a descontinuidade de algumas categorias menos rentáveis para liberação de capital de giro – que foi parte do que a varejista anunciou no seu plano de transformação.

A empresa espera arranjar fundos provindos do seu sistema de crediário, oferecendo FIDCs (Fundo de investimento em direitos creditórios) no mercado, com potencial de liberação de até R$ 5 bilhões do capital da varejista estão alocados hoje em dia nesse sistema de crédito.

A reversão de créditos fiscais também está no radar para 2023, com a empresa projetando a geração de R$ 2,5 bilhões, sendo que cerca de R$ 1,2 bilhão já foram monetizados. Por fim, a Via pretende reduzir estoques, liberando até R$ 1 bilhão, e descontinuar até 100 lojas, reduzindo os gastos com pessoal em até R$ 370 milhões