Verde, XP e Dahlia apontam as ações para você ter na carteira em 2020

Em evento do InfoMoney, especialistas também falam sobre os riscos que podem azedar a alta da bolsa neste ano

Anderson Figo

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SÃO PAULO — Juros baixos, crescimento gradual da economia e a agenda de reformas do governo foram os fatores que ajudaram a bolsa brasileira a subir mais de 30% no ano passado e devem continuar beneficiando o mercado de ações em 2020.

A expectativa é consenso entre Betina Roxo, analista da XP Investimentos, Pedro Sales, gestor da Verde Asset, e Felipe Hirai, sócio da Dahlia Capital, que participaram nesta quarta-feira (15) do evento “Onde Investir 2020”, do InfoMoney.

“A gente acha que em fevereiro o Banco Central vai fazer mais um corte na Selic, o que é muito positivo para as empresas, já que reduz o custo da dívida delas. Isso beneficia a bolsa, que deve atingir 140.000 pontos no fim deste ano”, afirmou Betina.

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Hirai destacou que estamos no meio de um grande movimento de alta da bolsa no Brasil e que, desde o meio da década de 1960 até agora, o Brasil só teve quatro grandes momentos como esse: no regime militar, redemocratização, plano real e boom das commodities.

“São eventos raros. (…) Eles não são movimentos de 10% ou 30%, são movimentos de 10 vezes ou 30 vezes. Desde que começou isso, que a gente chama de ‘quinta onda’ do Ibovespa, o índice em dólar cresceu três vezes. Então, ainda estamos no começo do ciclo, que geralmente dura anos. (…) Para os próximos anos, a gente ainda consegue enxergar a bolsa crescendo mais umas duas vezes ou duas vezes e meia”, disse o sócio da Dahlia.

Para Sales, a queda de juros impactou muito a precificação dos ativos. “Se você for olhar, por exemplo, o IMA-B 5+, que é um índice de títulos do governo indexados à inflação de longo prazo (NTN-B), ele subiu 30% no ano passado, praticamente igual ao Ibovespa.”

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O próximo passo, segundo ele, é o crescimento de lucro das empresas. “Está apenas no início. É exatamente no começo da retomada econômica que você tem o melhor momento para as empresas: tem crescimento de receita com boa expansão de margem. A empresa entrega mais com pouca estrutura, com a estrutura que ela já tem”, disse.

Dividendos

Sobre proventos, os especialistas ressaltaram que, hoje, o investidor ganha para “correr o risco” de as empresas crescerem o lucro. É um cenário bem melhor do que no passado.

“Estamos no nível mais alto da história de rendimentos dos dividendos da bolsa menos o juro real. Ou seja, o acionista está sendo remunerado para incorrer risco na empresa e ter a ação. Essa relação era negativa e há pouco tempo ficou positiva”, disse Betina.

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A maior participação de investidores pessoas físicas na bolsa — efeito da queda dos juros e da necessidade de diversificação de portfólio, com aumento do risco —, também corrobora o ambiente positivo para o mercado de ações brasileiro.

“Menos de 1% da população brasileira está na bolsa. Nos EUA, que já estão acostumados com juros baixos há muito tempo, esse número é de praticamente 70%”, enfatizou a analista da XP. “Tem bastante espaço para aumentar o número de investidores.”

Eles comentaram sobre os fundos serem uma boa opção para os investidores novatos da bolsa, já que neles você tem um gestor que vai fazer a seleção profissional dos papéis por você.

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Hirai também destacou que alguns índices além do Ibovespa devem estar no radar dos investidores. O índice de Small Caps da B3, por exemplo, subiu muito mais do que o Ibovespa em 2019 e continua em tendência de alta para este ano.

Ações

Quais as ações para investir em 2020? Segundo Betina, a XP recomenda, entre outras ações, Lojas Renner (LREN3), Localiza (RENT3), Via Varejo (VVAR3), Ecorodovias (ECOR3), Vale (VALE3), JBS (JBSS3) e Eztec (EZTC3). “São nomes que estão em patamares atrativos e têm um diferencial quando comparados aos pares.”

Já Hirai apontou Eneva (ENEV3), Petrobras (PETR3, PETR4) e Totvs (TOTS3), enquanto Sales apontou BR Distribuidora (BRDT3), “que está passando por uma transformação de gestão após ter sido privatizada”.

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O gestor também gosta do setor de planos de saúde, com recomendação de Intermédica (GNDI3), Sulamérica (SULA3) e Hapvida (HAPV3). “Só um quarto dos brasileiros têm planos de saúde e os outros três quartos têm entre seus principais desejos ter um plano de saúde”, disse. Ainda na carteira da Verde estão Mercado Livre e C&A Modas (CEAB3).

Risco

“Não tem céu de brigadeiro”, disse Sales sobre o investimento em bolsa. Ele enfatizou que as aplicações em renda variável são, sim, arriscadas, e que isso deve ser considerado pelos investidores. “Mas eu acho que no momento atual o risco é menor, comum em cenários de juros baixos.”

Entre os riscos atuais apontados pelos especialistas está o acordo comercial entre Estados Unidos e China, que teve sua primeira fase assinada hoje, além das eleições americanas e a desaceleração da economia global.

“O mercado às vezes exagera na percepção desses riscos. (…) Se você voltar há 10 anos, a grande preocupação dos investidores globais era a crise soberana da Europa, aí veio a desaceleração forçada da China, aí veio o populismo no mundo, aí depois veio eleições americanas, aí depois guerra comercial. Mas a grande verdade é que o euro continua aí, a China desacelerou mas continua robusta, os EUA tiveram uma mudança, mas seguem se recuperando. Para aquelas pessoas que focam em investimentos de longo prazo, esses riscos são minimizados. É uma questão de calibrar portfólio, se proteger”, disse Hirai.

Onde Investir 2020 continua

Nesta quinta-feira (16), o Onde Investir 2020 começa com painel sobre como a política pode mexer com os mercados. Confira a programação completa do evento aqui.

Perdeu algum painel? Não se preocupe, todo o conteúdo ficará disponível no canal do YouTube do InfoMoney.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.