Venezuela: como eleição da líder mundial em reserva de petróleo pode afetar commodity

Os venezuelanos votarão em seu próximo presidente neste domingo (28)

Felipe Moreira

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro - 04/07/2024. (Foto: Maxwell Briceno/Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro - 04/07/2024. (Foto: Maxwell Briceno/Reuters)

Publicidade

Em meio a um cenário de tensão devido à pressão internacional para respeitar o resultado das eleições presidenciais, os venezuelanos vão as urnas neste domingo. O processo eleitoral deve ser acompanhado de perto pela indústria do petróleo, uma vez que o País detém a maior reserva da commodity de todo o planeta.

Atualmente, dois principais candidatos lideram a corrida eleitoral: Nicolás Maduro e Edmundo González. Mas as incertezas dominam a eleição, depois que Maria Corina Machado, a líder da oposição, que venceu a eleição primária com 93% dos votos em outubro de 2023, foi proibida de participar da corrida presidencial.

Sendo assim, a candidata passou a apoiar a candidatura de Edmundo González, um diplomata de 74 anos.

Continua depois da publicidade

De acordo com a última pesquisa da Delphos e da Universidade Católica Andres Bello, o González tem 59,1% das intenções de voto contra 24,2% de Nicolás Maduro.

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita 

Caso o Chavismo venha a sair do poder, a Genial entende que a recuperação econômica do país deverá ser necessariamente suportada pela indústria do petróleo, tendo em vista as suas vastas reservas e a possível recuperação da produção perdida na última década.

Continua depois da publicidade

Nesse contexto, a Venezuela teria o poder de resolver – ou ao menos, amenizar – o problema de oferta enfrentado pelo mundo tendo em vista o sub-investimento realizado pela indústria de exploração e produção nos últimos anos e retomar seu posicionamento como centro produtivo de petróleo.

A Genial destaca que a evolução dessa produção não é apenas “virar a chavinha” e deve acontecer apenas ao longo dos anos. No entanto, a casa de análise disse duvidar que os níveis de preço explícitos nas curvas futuras dos preços do petróleo vá ficar indiferente a esse evento – a depender dos planos do novo governo que vai assumir.

Além disso, analistas imaginam que as oportunidades de aquisições ou novos investimentos possam ser muito interessantes ao considerar que a “Nova Venezuela” deva se tornar mais aberta ao investimento estrangeiro para retomar a produção de outrora.

Continua depois da publicidade

Sendo assim, a casa imagina que o valuation de empresas petroleiras possa ser impactado tendo em vista uma normalização na oferta x demanda no mercado de petróleo daqui por diante. Nesse caso, segundo a Genial, empresas com baixos custos de produção, baixo endividamento e planos de investimento modestos tenderiam a surfar melhor um cenário de preços mais baixos.

Diante disso, a Genial avalia que os melhores nomes brasileiros para surfarem esse cenário seriam, na sequência, PRIO (PRIO3), Petrobras (PETR4), Petrorecôncavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3).

A Genial tem recomendação de compra para PRIO e 3R, com preço-alvo de, respectivamente, R$ 60 e R$ 62. Já Petrobras e PetroRecôncavo foram mantidas com classificação neutra e preço-alvo de R$ 47 e R$ 29, nesta ordem.

Continua depois da publicidade

Já o Bradesco BBI vê três cenários possíveis das eleições na Venezuela.

Primeiro, Maduro vence e dá a impressão de um resultado justo, o que poderia reverter um pouco as relações melhoradas com os EUA. Contudo, novas empresas ainda conseguiriam obter licenças especiais para operar no país, e isso implica crescimento contínuo das exportações de petróleo bruto venezuelano para os EUA.

No entanto, isso estaria fortemente sujeito às eleições de novembro nos EUA. Se o republicano Donald Trump vencer, essas licenças especiais podem ser revogadas.

Continua depois da publicidade


No segundo cenário, Maduro vence, mas com uma clara impressão de um resultado injusto. Isso levaria a uma rápida reversão das relações EUA-Venezuela com potenciais novas sanções. “Uma nova administração Trump tomaria uma posição muito mais agressiva em relação à Venezuela e provavelmente incluiria o cancelamento da Licença Geral 41 e das licenças especiais emitidas recentemente e poderia até mesmo implementar sanções mais rigorosas no setor de petróleo”, explica o banco.


Já uma vitória da oposição garantiria relações melhoradas com os EUA, não importando o vencedor das eleições por lá. Para o BBI, provavelmente seria visto um fluxos de petróleo bruto venezuelano para os EUA crescendo e mais investidores ocidentais em energia no país, levando a um potencial aumento para a previsão de 1 milhão de barris por dia (bpd) até o final de 2025, o que poderia pressionar os preços, ainda que os volumes incrementais aumentassem de forma bem gradual. Por outro lado, os laços com o Irã e a Rússia provavelmente enfraqueceriam consideravelmente, e a transferência de poder de Maduro para Gonzalez por seis meses pode ser um período de alto risco e incerteza.