“Venda em maio e vá embora”: entenda por que tese americana pouco se aplica no Brasil

Na Bolsa brasileira vender as ações em maio, como sugere o famoso ditado - sell in may and go away -, e voltar apenas em outubro, não traz vantagem para o investidor local

Vitor Azevedo

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Nos Estados Unidos, a tese que sugere a venda de ações da carteira no mês de maio e a consequente saída da Bolsa é levada tão que a sério que virou um ditado: “sell in may and go away”.

A constatação da tese, nos EUA, já é conhecida há algum tempo e conta com alguma base histórica, que se justifica principalmente pelo fato de as negociações e a liquidez do mercado diminuírem durante o período de férias no Hemisfério Norte (a partir de maio).

Mas no Brasil as coisas parecem ser diferentes — ao menos é o que um estudo da Rico aponta.

“Replicando um estudo do tipo na bolsa brasileira, vemos que vender as ações em maio e retornar apenas em outubro não traria vantagem ao investidor brasileiro. Pelo contrário. O investidor que permanecesse fora da bolsa nesse período teria uma rentabilidade inferior ao Ibovespa, analisando os últimos 20 anos”, diz o estudo da corretora, assinado pelo analista Antônio Sanches. 

Venda em maio e vá embora – não para o Brasil

Eles mencionam que apesar de os estrangeiros do Hemisfério Norte serem responsáveis por boa parcela da liquidez brasileira, por aqui, ela tende a ser menor no período do verão local, ou seja, de dezembro a março.

Julho chega a ser um mês de poucas negociações na Bolsa brasileira, mas em agosto e setembro, historicamente, o fluxo aumenta.

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Fonte; Rico

Fora isso, nem sempre fluxo está ligado à uma má performance dos ativos de risco.

“Apesar do menor fluxo, os meses de novembro e dezembro estão entre os que mais
encerraram no campo positivo”, contextualizam os especialistas da corretora.

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Assim, historicamente, dezembro, setembro e julho são os meses com maior saldo de fechamentos positivos na história do Ibovespa.

“Diante dessas observações, simulamos diferentes estratégias para identificar qual poderia trazer os melhores resultados. Descobrimos que ficar fora da bolsa de fevereiro até o final de junho seria mais vantajoso que a ausência entre maio e outubro. Entretanto, essa estratégia não superaria o retorno de permanecer no Ibovespa durante todo o ano”, aponta a Rico.

Ibovespa e CDI

A única forma de ter resultados melhores do que o Ibovespa em um ano saindo da Bolsa por um período considerável de tempo, segundo o estudo, seria aportando no CDI enquanto ficar fora dos ativos de risco.

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Para aprimorar o estudo, foi testada a rentabilidade de uma estratégia de investimento alternando entre o CDI e o Ibovespa.

Na simulação, a estratégia de “Venda em maio”, onde o investidor aplica no CDI durante cinco meses do ano e no Ibovespa nos outros meses, resultou em um retorno consideravelmente maior ao longo de 20 anos comparado à aplicação contínua no Ibovespa.

Além disso, uma simulação que alterna entre seis meses no Ibovespa e seis meses no CDI revelou retornos ainda maiores. Investir no Ibovespa apenas no segundo semestre e aplicar no CDI no primeiro semestre teria rendido cerca de 220% do Ibovespa ao longo de 20 anos, multiplicando o patrimônio do investidor em mais de 12 vezes.

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Fonte: Rico

“Embora pareça uma estratégia promissora, é importante destacar algumas dificuldades em sua aplicação, como a necessidade de realizar aplicações e resgates de forma sistemática, evitar vieses comportamentais na decisão de investimento, custos com impostos e a dificuldade em seguir a estratégia mesmo em anos de resultados negativos”, pondera o time da Rico.

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