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O quarto trimestre de 2023 deve ser marcado ainda como um período não muito positivo para as varejistas brasileiras. Juros altos, no geral, continuaram pressionando o poder de compra das famílias, impactando empresas de consumo discricionário, e a baixa inflação alimentar deve permanecer sendo a principal vilã quando o assunto são as redes de supermercados.
“Apesar da retomada da inflação mensal de alimentos desde outubro de 2023, as vendas business to business ainda não reaceleraram. O cenário de deflação nos últimos doze meses afetou negativamente a produtividade dos varejistas de alimentos em geral”, diz o time do Itaú BBA, encabeçado por Thiago Macruz, sobre o último tema.
Há dois fatores que no cenário atual são negativos para companhias como Assaí (ASAI3), Carrefour (CRFB3) e Grupo Mateus (GMAT3). Quando a variação de preço está baixa, as pessoas e comerciantes tendem a montar menos estoques, já que não há risco dos preços aumentarem, o que impacta o faturamento dessas varejistas. Fora isso, em um cenário de deflação, não raro essas empresas vêem seus estoques perdendo valor de mercado, tende de vender produtos por preços menores do que pagaram..
“As companhias do varejo alimentar devem seguir sofrendo com a desinflação de alimentos, mas com essa já demonstrando perda de força”, comenta a analista Niels Tahara, da Genial Investimentos.
A especialista menciona também o fato de que a alavancagem dessas companhias deve impactar o resultado. Assaí e Carrefour, recentemente, se envolveram em grandes transações, com o primeiro adquirindo lojas do Extra (transformadas majoritariamente em unidades do Atacadão, seu braço de atacarejo) e o segundo, do Grupo BIG. Por conta disso, e também por diferenciais competitivos nas regiões que atua (principalmente Norte e Nordeste), enquanto os outros estão sofrendo mais com o aumento da concorrência, é que o Grupo Mateus é visto pelos analistas como tendo o resultado mais forte do setor.
Confira os consensos da LSEG para as varejistas de alimentação:
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Companhia | Receita líquida | Ebitda | Lucro líquido |
Assaí | R$ 18,5 bilhões | R$ 1,4 bilhão | R$ 284,2 milhões |
Carrefour | R$ 29,1 bilhões | R$ 1,7 bilhão | R$ 234,8 milhões |
Grupo Mateus | R$ 7,4 bilhões | R$ 515,7 milhões | R$ 316,8 milhões |
As empresas de e-commerce também sofrerão por conta da alavancagem, com alguns nomes, como Grupo Casas Bahia (BHIA3) e Americanas (AMER3) em situações delicadas, passando por reestruturações. Mas, no geral, algumas devem se sair melhores do que outras.
“Esperamos que a demanda de bens duráveis se mantenha pressionada devido à conjuntura macroeconômica desafiadora, às taxas de juros ainda altas e a base comparativa com a Copa do Mundo no ano passado”, fala o time da XP Investimentos, encabeçados por Danniela Eiger, lembrando que anos de Copa do Mundo, caso de 2022, normalmente são marcados por uma movimentação de “troca de televisores”.
“No entanto, vemos tendências mistas entre os players em termos de rentabilidade, com Magazine Luiza (MGLU3) focada em melhora da rentabilidade, enquanto Grupo Casas Bahia continua ajustando os níveis de estoque”, pondera a equipe da corretora.
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O Mercado Livre vem sendo, nos últimos trimestres, destaque entre as varejistas de e-commerce, vencendo a disputa pelo “share” deixado pela Americanas, tendo margens melhores e uma logística diferenciada. No caso do Magazine Luiza, no terceiro trimestre, o avanço da oferta de serviços pela empresa aos parceiros do marketplace, que aumentou suas margens, foi vista como positiva por analistas.
“O Mercado Livre está pronto para relatar ótimos resultados por mais um trimestre, com ganhos acelerados de participação de mercado (crescimento de GMV de 35% ano a ano, ampliando a lacuna entre ela e seus concorrentes). Para o Magalu, apesar de tendências de GMV mais suaves (-1% ano a ano), um foco aumentado na rentabilidade provavelmente resultará em um ganho na margem Ebitda”, corrobora o BBA.
Confira os consensos da LSEG para as varejistas do e-commerce:
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Companhia | Receita líquida | Ebitda | Lucro líquido |
Mercado Livre | US$ 4,1 bilhões | US$ 802 milhões | US$ 356,1 milhões |
Magazine Luiza | R$ 11,06 bilhões | R$ 768,3 milhões | R$ 50,1 milhões |
Grupo Casas Bahia | R$ 8,1 bilhões | R$ 215,1 milhões | – R$ 581,1 milhões |
No que tange o varejo de moda, por fim, as companhias focadas em alta renda continuarão trazendo os melhores resultados no quarto trimestre, já que são menos afetadas pelo cenário macroeconômico, uma vez que seus clientes dependem menos do acesso a crédito. Contudo, os analistas mencionam que o período que vai de outubro a dezembro deve ser marcado por uma desaceleração do crescimento da receita para essas empresas.
“Em relação ao consumo discricionário, os varejistas de alta renda devem apresentar um crescimento sólido, com Vivara (VIVA3) se destacando novamente, ao passo que os players devem apresentar desaceleração em cima de uma base de comparação mais normalizada”, fala a XP. “Os varejistas de vestuário e calçados expostos a famílias com renda mais elevada deverão continuar a apresentar um desempenho superior, apesar (tal como nos trimestres anteriores) do crescimento mais lento das receitas”, endossa o BTG Pactual.
Confira os consensos da LSEG para as varejistas de moda de alta renda:
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Companhia | Receita líquida | Ebitda | Lucro líquido |
Vivara | R$ 862,2 milhões | R$ 233,7 milhões | R$ 173,1 milhões |
Grupo Soma | R$ 1,4 bilhão | R$ 249,1 milhões | R$ 107,9 milhões |
Arezzo | R$ 1,4 bilhão | R$ 221,6 milhões | R$ 135,3 milhões |
Para as companhias de moda com exposição às classes mais baixas, as margens devem continuar pressionadas. No entanto, deve haver alta das vendas na base anual, em parte porque em 2022 as pessoas gastaram menos com roupas por conta da Copa do Mundo, e também por conta do aumento recente da oferta de crédito.
As companhias em evidência, porém, devem ser as que já vêm apresentando diferenciais operacionais – caso da C&A (CEAB3) e da Vulcabras (VULC3), por exemplo.
Confira os consensos da LSEG para as varejistas de moda de alta:
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Companhia | Receita líquida | Ebitda | Lucro líquido |
C&A | R$ 2,1 bilhões | R$ 403,1 milhões | R$ 106,05 milhões |
Lojas Renner | R$ 4,1 bilhões | R$ 914 milhões | R$ 500,2 milhões |
Grupo Centauro | R$ 2,16 bilhões | R$ 256 milhões | R$ 91 milhões |
Vulcabras | R$ 781 milhões | R$ 177 milhões | R$ 138 milhões |
Alpargatas | R$ 1,02 bilhão | R$ 79,6 milhões | R$ 18,01 milhões |
Guararapes | R$ 2,5 bilhões | R$ 393,5 milhões | R$ 136 milhões |