Varejistas iguais? Ações têm desempenhos muito distintos – e Goldman elege preferida

No curto prazo, banco vê ações da Lojas Renner como melhor veículo para obter exposição a um cenário de consumo relativamente favorável

Equipe InfoMoney

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As ações das varejistas brasileiras registraram uma dispersão notável no desempenho acumulado do ano – ou seja, algumas com fortes ganhos e outras com fortes perdas -, refletindo um aumento na curva de taxas e certos catalisadores das próprias companhias.

No geral, aponta o Goldman Sachs, o cenário macro para os consumidores brasileiros permanece relativamente favorável, apoiado pelo crescimento sólido da renda disponível e pela inflação relativamente contida. E embora a alavancagem permaneça elevada, os consumidores começaram a realocar os gastos para categorias mais discricionárias, como vestuário e bens duráveis, revertendo o desempenho inferior de vários anos.

Neste cenário, o Goldman Sachs revisou as suas estimativas para as ações das companhias, levando em conta as taxas de juros mais altas (Selic média esperada para 2025 de 11,7%), que afetam o varejo, mas também dados recentes mais positivos.

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No curto prazo, vê o momento de lucros mais atraente para a Lojas Renner (LREN3), com recomendação de compra, enquanto tem a mesma recomendação para Smart Fit (SMFT3), RD Saúde (RADL3) e Azzas 2.154 (AZZA3).

O banco também tem uma visão construtiva de 12 meses sobre as varejistas de alimentos, mas reconhece que a reclassificação provavelmente exigiria um catalisador na forma de melhor momento de vendas de curto prazo e estabilização de taxas, o que poderia, por sua vez, aliviar as preocupações sobre saturação e dinâmica competitiva e aumentar a confiança no crescimento pronunciado do lucro por ação (LPA) que ambas as empresas poderiam entregar. A reaceleração da inflação de alimentos poderia dar suporte a isso, mas a visibilidade permanece limitada.

Queda geral no ano, mas com dispersão

Olhando como um todo, as varejistas de cobertura do Goldman Sachs tiveram desempenho relativo inferior no acumulado de 2024 (-12% na média versus baixa do Ibovespa de 1%), impulsionados principalmente por revisões de LPA devido a expectativas de taxas mais altas no curto prazo, mas também levando em conta certos fatores de execução micro das companhias.

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“No entanto, dentro do grupo, houve notável dispersão, com os varejistas de vestuário – em sua maior parte – se destacando por sua forte reversão nos últimos meses, tornando-os os de melhor desempenho em 2024”, reforçam os analistas do banco.

Na verdade, as vendas no varejo em categorias discricionárias como vestuário, bens duráveis ​​e cuidados pessoais ganharam impulso significativo nos últimos meses, recuperando-se parcialmente do desempenho mais fraco em 2022-2023.

Os microfatores como alavancagem elevada – caso de Magazine Luiza (MGLU3) e Grupo Casas Bahia (BHIA3) – ou preocupações com a execução (AZZA3) retiveram certas ações, resultando na dispersão do desempenho e levando a queda dos ativos no ano. Os varejistas de alimentos registraram alguns dos maiores declínios nos preços das ações no acumulado do ano, em parte devido às revisões do lucro por ação de maiores despesas financeiras, mas também ao desempenho decepcionante das vendas em vista da intensa competição.

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Confira abaixo o desempenho das ações das varejistas em 2024, com avanço das ações de vestuário e queda de e-commerce e varejistas de alimentos:

Desempenho das ações de varejistas em 2024 (Fonte: Goldman Sachs)

O Goldman continua vendo um cenário macro favorável. O crescimento médio dos salários reais permanece em torno de 5% ao ano, resultando em um crescimento total dos salários reais de cerca de 8%. E embora a inflação básica tenha reacelerado (especialmente em alimentos e eletricidade), o poder de compra permanece praticamente intacto. Na verdade, embora a confiança do consumidor permaneça abaixo dos picos do ano anterior, ela melhorou sequencialmente nos últimos meses.

A alavancagem familiar permanece persistentemente alta, no entanto, e embora o ônus do serviço da dívida mensal esteja abaixo do nível do início de 2023, o limite atual de 24,5% da renda familiar permanece desconfortavelmente acima da média pré-pandemia de cerca de 20%.

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“No curto prazo, vemos a LREN3 com recomendação de compra como o melhor veículo para obter exposição a um cenário de consumo relativamente favorável“, apontam os analistas. Eles também acreditam que a categoria de vestuário recuperou alguma participação na carteira, com os varejistas locais provavelmente ajudados por bases de comparação pouco exigentes, bem como impostos mais altos para plataformas internacionais.

O Goldman também continua gostando da AZZA3, resultante da fusão entre Arezzo e Grupo Soma. Embora não veja o 3T24 por si só como um catalisador positivo, observa sinais de melhora no momento das vendas nas principais marcas de calçados da empresa e na marca Hering adquirida. Para este último, busca especificamente consistência em pelo menos dois trimestres, para garantir que a dinâmica de sell-in/sell-out (comercialização de produtos de um fabricante para um varejista ou distribuidor/venda realizada pelos estabelecimentos diretamente aos consumidores finais) siga tendências semelhantes e possa marcar uma reviravolta na confiança dos franqueados e clientes atacadistas na marca e na execução operacional.

Confira abaixo a revisão das recomendações do Goldman para o setor de varejo:

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Goldman revisa setor de varejo (Divulgação: Goldman Sachs)