Vamos e Iochpe desabam até 10%, Tegma salta 7,7%: as reações “extremas” aos balanços

Entre os ativos que caíram forte após os resultados, os BDRs da Aura Minerals também estiveram em destaque, enquanto Pague Menos subiu após resultado

Lara Rizério

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Três ações tiveram forte queda e duas outras tiveram ganhos expressivos após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) na noite da última segunda-feira (5). Vamos (VAMO3, R$ 8,07, -10,03%) se destacou como a maior queda do Ibovespa na sessão desta terça-feira (6) enquanto que, fora do índice, Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 11,15, -8%) teve forte baixa. O BDR (recibo de ações estrangeiras negociado na B3) da Aura Minerals (AURA33, R$ 17,10, -7,07%) também teve expressivas perdas.

Já entre as altas, Tegma (TGMA3, R$ 26,05, +7,73%) e Pague Menos (PGMN3, R$ 2,74, +4,98%) se destacaram.

Confira as análises para os resultados das companhias:

Quedas

Vamos (VAMO3)

A Vamos relatou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado do 2T24 de R$ 876 milhões (aumento anual de 32%), em linha com o esperado pelo consenso.

Entre os principais destaques, segundo o Bradesco BBI: 1) R$ 98 milhões em despesas pontuais, sendo R$ 19,3 milhões relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul e R$ 78,6 milhões em provisões para devedores duvidosos; 2) R$ 450 milhões em reapropriação de ativos; 3) taxa de arrendamento mensal para novos contratos em 2,6% (estável no comparativo anual e aumento de 0,1 pp, ou ponto percentual, no trimestre); e 4) retorno sobre o capital investido (RoIC) ajustado de 14,7%, 6,3 pp acima do custo de capital.

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A XP ressalta, em relação ao 2T24, observar a continuidade dos fortes resultados de aluguel (Ebitda em alta anual de 37%), embora com dois contratempos, sendo (a) resultados sequencialmente mais fracos das concessionárias, e (b) altos níveis de retomada de ativos alugados (ou seja, maiores taxas de inadimplência esperadas).

Os analistas da casa atualizaram modelo alcançando um lucro líquido 13% maior em 2024 e números inalterados a partir de 2025 (já que estão reduzindo sua estimativa de investimento líquido para 2024 em 11%). A XP reiterou compra para as ações, assim como o BBI.

O Itaú BBA avalia que a Vamos divulgou resultados em linha para sua divisão de aluguel no 2T24, mas a desaceleração inesperada na recuperação do negócio de concessionárias levou a lucros ajustados abaixo de suas previsões e das expectativas do mercado em cerca de 10%.

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“A empresa apresentou fundamentos sólidos no negócio de aluguel de caminhões, com um ritmo constante de investimentos e retorno saudável em novos contratos, mantendo uma alavancagem estável. No entanto, acreditamos que as preocupações dos investidores em relação à lucratividade das concessionárias, aos níveis de estoque de caminhões usados e às retomadas de ativos podem pesar mais na sessão de negociação”, avaliou o banco mais cedo, o que efetivamente aconteceu.

Além disso, observa que a empresa divulgou uma perda por impairment de R$ 19 milhões e uma provisão extraordinária de R$ 79 milhões para créditos de liquidação duvidosa no trimestre. O BBA também tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 11.

Iochpe-Maxion (MYPK3)

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O BBA ressaltou que os números em geral da Iochpe ficaram em linha com o esperado, mas pontos não-recorrentes levaram a uma pequena frustração no lucro líquido. O desempenho da receita ficou estável em relação ao ano passado, porém a margem Ebitda, quando ajustada por efeitos extraordinários, surpreendeu positivamente. O banco reiterou recomendação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para MYPK3, com preço-alvo de R$ 14 ao fim de 2024, inclusive após a teleconferência com o mercado.

Na tele, a gestão da empresa destacou um cenário geral positivo pela frente, especialmente para veículos pesados nos Estados Unidos devido a um efeito de pré-compra esperado em 2025. No entanto, considerando a perspectiva negativa para a Europa e o curto prazo ainda negativo nos EUA, o banco manteve recomendação neutra.

A XP destacou que os melhores volumes impulsionaram o aumento da receita líquida (+7% na base trimestral), com desempenho positivo na América do Norte e veículos pesados domésticos compensando um cenário sem brilho na Europa. Após trimestres de recuperação gradual da rentabilidade, os analistas celebraram a (aguardada) conquista de um nível de margem Ebitda de dois dígitos (em 10,7% no 2T24 vs. 9,6% no 2T23 e 8,9% no 1T24), refletindo principalmente a estabilização dos preços das matérias-primas e alguns ganhos de produtividade. “Embora as variações cambiais e os efeitos não recorrentes possam ter ocultado melhorias adicionais nos resultados, vemos um cenário melhor sendo traçado para o 2S24, apoiado pela melhoria da rentabilidade e pela recuperação contínua da produção doméstica de veículos pesados”, apontam os analistas da casa.

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Aura (AURA33)

A XP avalia que a a Aura Minerals apresentou resultados neutros, com Ebitda ajustado de US$ 56 milhões, alta trimestral de 6% e em linha com o esperado pela XP. Os analistas notam: (i) resultados decentes em San Andrés, refletindo maiores volumes de vendas (+3% frente 1T24), e um melhor desempenho de custos, apoiado por um melhor índice de tiras e pelas iniciativas de controle de custos implantadas no ano passado e (ii) um sólido desempenho da Aranzazu (Ebitda +24% ante 1T24), refletindo preços mais altos do ouro, parcialmente compensados por volumes ligeiramente menores. A XP reitera visão positiva para as ações da Aura, com os preços do ouro ainda em níveis sólidos e novos projetos como uma fonte confiável de potencial extra de alta para as ações daqui para frente.

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Temporada de resultados: em quais ações e setores ficar de olho no 2T24?

Para o BBA, os números foram neutros, com o Ebitda de US$ 56 milhões para o 2T24 exatamente em linha com a sua estimativa, um aumento de 6% em relação ao trimestre anterior e 111% em relação ao ano anterior. O desempenho anual mais forte foi principalmente devido a uma maior receita, impulsionada por maiores remessas e preços do ouro realizados mais altos, que compensaram os custos mais altos. A Aura manteve sua orientação de produção para 2024, com o ponto médio sendo 14% maior do que em 2023. O ponto negativo foi a geração de fluxo de caixa livre, que foi de -US$ 22 milhões, impactada por maiores necessidades de capital de giro e US$ 29 milhões em dividendos/compra de ações, levando a um leve aumento na dívida líquida/Ebitda para 0,8 vez (de 0,7 vez no 1T24).

Altas

Tegma (TGMA3)

A Tegma reportou um faturamento de R$ 584,9 milhões, um avanço de 27,9% ano a ano com um Ebitda de R$ 85,2 milhões, representando um sólido crescimento de 46,8%, impulsionado pelos ganhos de alavancagem operacional na divisão de Logística Automotiva, destaca a Levante Corp.

A empresa apresentou resultados fortes, com crescimento em receita diante da melhora de volumes e consequente melhoria na alavancagem operacional, segundo o BBA. O retorno sobre capital investido (ROIC) atingiu 30% e a companhia anunciou pagamento de dividendos relevante, que representa um yield (retorno) de 5%. O banco segue com recomendação de “compra” para TGMA3 e reforçando o preço-alvo de R$ 33 ao fim de 2024.

Para a Levante, a Tegma tem reportado resultados sólidos, aproveitando a retomada do mercado automotivo e registrando ganhos significativos de alavancagem operacional. “Acreditamos que a companhia continuará apresentando resultados cada vez mais fortes nos próximos trimestres, impulsionada pelo crescimento contínuo do mercado automotivo. Também gostamos do posicionamento da companhia no segmento de logística integrada, onde a empresa tem demonstrado uma boa dinâmica comercial e possui oportunidades de crescimento interessantes”, avalia a casa de análise, que também aprecia a “postura seletiva” da companhia neste segmento, priorizando um crescimento rentável e sustentável, o que é fundamental neste mercado. “Em suma, entendemos que a companhia, que possui um balanço patrimonial sólido, é uma boa opção para se expor à indústria automotiva em recuperação, oferecendo aos acionistas uma boa geração de caixa e uma margem de segurança”, conclui.

Pague Menos (PGMN3)

A Pague Menos reportou uma melhoria dos resultados do segundo trimestre, aponta a XP, com a Extrafarma (EF) se beneficiando dos ajustes operacionais e melhorando a rentabilidade devido à alavancagem operacional e ganhos de eficiência.

O BBI ressalta que os números ficaram acima do que esperava (com o Ebitda ajustado superando a estimativa em 4% e o lucro líquido ficando 39% acima da expectativa, mas em grande parte devido a receitas financeiras, que incluíram ganhos em créditos fiscais). As vendas cresceram 12% em base anual, lideradas por fortes 10,3% em vendas nas mesmas lojas (SSS) de lojas maduras e 38% em canais digitais (avanço anual de 2,7 pp, para 14,1% das vendas). A margem Ebitda melhorou 0,2 pp em base anual, para 5,3%, apesar dos menores ganhos com o aumento de preço da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

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“O principal destaque foi o ciclo de caixa, que melhorou oito dias em base anual para 56 dias, ou 14 excluindo a normalização em andamento dos recebíveis. A Pague Menos também revisou a orientação de alavancagem de até 1,7 vez a relação dívida líquida/Ebitda no 4T24 para 2,0 vezes, o que está bem abaixo dos atuais 2,9 vezes no 2T24 (ajustando para dívida de R$ 220 milhões da Extrafarma) e da nossa estimativa de 2,4x para o 4T24”, aponta o BBI.

O Itaú BBA avaliou que a Pague Menos reportou resultados “decentes”. A receita líquida ficou praticamente alinhada com a sua estimativa, com um sólido crescimento de 12% em base anual, embora a rentabilidade não tenha atingido as suas expectativas tanto para a margem bruta quanto para a margem Ebitda (rentabilidade operacional). O lucro líquido, por sua vez, ficou 42% acima da sua projeção, principalmente impulsionado por resultados financeiros melhores do que o esperado. Por ora, o banco mantém recomendação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para PGMN3, com preço-alvo ao final de 2024 de R$ 4,20.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.