Valuation atrativo e dividendos pela frente: analistas reforçam visão positiva para Vale após relatório de produção

Analistas do Bradesco BBI, Credit Suisse, Itaú BBA, XP e Morgan Stanley têm recomendação de compra para os papéis VALE3

Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – A mineradora Vale (VALE3) divulgou na noite da última segunda-feira (19) seu relatório de produção e vendas do segundo trimestre.

A produção de minério de ferro totalizou 75,7 milhões de toneladas (mt), um aumento de 11% na comparação trimestral e de 12% no comparativo anual. Já as vendas de minério de ferro e pelotas chegaram a 74,9 mt, alta de 14% ante o trimestre anterior e de 22% na base anual.

Na avaliação do Bradesco BBI, os números de minério de ferro vieram sólidos e levemente acima de suas estimativas, com a companhia no caminho para alcançar o guidance entre 315 milhões a 335 milhões de toneladas de produção, apesar de alguns atrasos no começo de determinadas operações.

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“Destacamos que a produção de minério de ferro da Vale alcançou 144 mt no primeiro semestre, um crescimento de 16,5 mt em relação ao mesmo período de 2020 – o que mostra que, se a Vale continuar com uma produção estável na segunda metade do ano (o que consideramos muito viável), a produção já alcançaria 317 mt em 2021”, escrevem os analistas.

A avaliação é compartilhada pelo Credit Suisse, que acreditar que a estimativa de produção da companhia é possível de ser atingida. Segundo o banco, a expectativa é de que a produção e as vendas aumentem nos próximos trimestres, dado uma redução nos impactos da estação chuvosa e retomada de operações parcialmente ociosas, como as de Fábrica e Vargem Grande.

Segundo o Bradesco BBI, se a Vale conseguir manter sua produção de 1mt por dia no segundo semestre (o que foi apontado pela gestão no relatório), a produção total de 2021 alcançaria cerca de 328 mt em 2021. “Por isso, permanecemos confortáveis com nossas estimativas para 2021 de 320 mt de produção e de 315 mt de vendas”, escreveram os analistas, em relatório.

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O Bradesco BBI mantém sua recomendação de outperform (acima da média do mercado), com preço-alvo estimado de US$ 25 para os papéis VALE3.

Valuation atrativo

Segundo os analistas do Credit Suisse, o valuation da Vale ainda está atrativo para que seja ignorado por investidores. Em relatório divulgado nesta terça, o banco escreve ainda que vê fortes retornos com dividendos, aumento nas vendas e menores custos pela frente.

“Continuamos acreditando que o valuation da Vale de 2,3 vezes o EV/Ebitda para 2021 parece extremamente descontado em relação a pares australianos e as perspectivas de retorno à frente são atraentes: vemos a Vale registrando um Fluxo de Caixa Livre do Rendimento (FCF Yield) de 21% em 2021 e sua política de dividendos deve trazer retorno de pelo menos 10% em 2021 (assumindo um minério de ferro de US$ 179 a tonelada)”, escreve o time de análise.

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O Credit Suisse também tem recomendação de outperform para os papéis VALE3, com preço-alvo estimado de US$ 28.

Dividendos pela frente

Na avaliação do Credit Suisse, dado que Vale tem caixa líquido, os analistas também atribuem uma alta probabilidade de dividendos extraordinários, que podem ser ampliados dada a proposta de reforma tributária de taxar dividendos. Segundo os analistas, isso deve ser fundamental para impulsionar a reclassificação das ações da mineradora.

As expectativas de fortes dividendos, com mínimo de 6% estimado para 2021, também levaram a XP a manter recomendação de compra para os papéis VALE3, com preço-alvo de R$ 122 por ação. Os analistas citam ainda o valuation atrativo, de 3,5 vezes o EV/Ebitda.

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“Assumimos uma média conservadora, em nossa visão, de US$ 135/t para o minério de ferro em 2021 ante o preço atual de cerca de U$220/t. Com relação aos volumes de minério de ferro, temos 320 milhões de toneladas para 2021 e isso se compara ao guidance da Vale de 315 a 335 milhões de toneladas. Acreditamos em reação neutra das ações”, escrevem os analistas da XP, em relatório.

Menor volume de vendas

Em relatório, o Morgan Stanley diz ver um downside das estimativas do banco para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da companhia no segundo trimestre, de US$ 12,2 bilhões, em meio às menores vendas de minério de ferro, materiais básicos, carvão e minério de ferro premium.

Além disso, os analistas escrevem que a Vale teve que postergar as datas projetadas para desbloquear a capacidade da correia transportadora de Vargem Grande (capacidade superior a 6 milhões de toneladas), mudar a Fábrica para processamento úmido (mais de 4 milhões de toneladas por ano) e colocar a barragem de Torto em operação (mais de 17 milhões de toneladas por ano).

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“Diante desse cenário, acreditamos que é improvável que a Vale alcance o limite superior de sua projeção para a produção em 2021 (de 315 a 335 mt). Vemos a produção máxima de minério de ferro da empresa este ano em 325 milhões de toneladas; nosso cenário-base é de 315 mt”, escreve o time de análise.

Já o Itaú BBA se diz confortável com o Ebitda estimado de US$ 11,7 bilhões para o segundo trimestre, diante do forte desempenho de preços ajudando a amenizar os impactos negativos de compras de terceiros e custos mais elevados, bem como custos de frete ligeiramente mais altos.

O Itaú BBA reiterou sua recomendação outperform (acima da média do mercado) para a mineradora, com preço-alvo de US$ 26 – o que implica um upside de 21,8% em relação ao preço atual.

A casa de análise Levante, por sua vez, escreve que a Vale apresenta naturalmente um baixo volume de produção e vendas no primeiro trimestre devido ao clima desfavorável no norte e paralisações na China (inverno e ano novo chinês).

Além disso, o segundo trimestre de 2020 foi o pico da paralisação devido à pandemia no mundo, o que jogou o volume de vendas para baixo, de modo que dificulta uma comparação mais palpável da evolução operacional da companhia.

“Mas os preços médios de minério de ferro chamam a atenção, chegando a mais de US$ 190 por tonelada no último trimestre e, combinados com os dados de venda divulgados, devem gerar uma excelente expectativa de resultado para este trimestre, de modo que esperamos um impacto positivo para as ações da companhia (VALE3) no curto prazo”, escrevem os analistas.

Cabe destacar que a mineradora também informou que descontinuou suas estimativas para a produção média de níquel no período de 2021 a 2023 e para a produção de cobre em 2021. A empresa disse que os “guidances” estão em revisão devido às incertezas relativas ao prazo para a retomada da produção nas operações de Sudbury, no Canadá, e à implementação de processos de segurança e manutenção nos ativos de Sossego e Salobo.

Segundo a Levante, a retirada do guidance pode gerar um desconforto para alguns investidores, mas a revisão de projeções é pouco significativa em relação aos resultados da companhia e não afetam os fundamentos da Vale.

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