Goldman reforça compra para Vale: “razões para não investir podem virar para comprar”

Os analistas do banco apontam que, no acumulado do ano, os preços das ações da Vale caíram 30% ante 13-14% dos principais pares Rio Tinto e BHP, enquanto os preços do minério de ferro caíram 21%

Equipe InfoMoney

Logo da Vale em escritório na Suíça (REUTERS/Denis Balibouse)
Logo da Vale em escritório na Suíça (REUTERS/Denis Balibouse)

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O Goldman Sachs reforçou recomendação de compra para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa dos EUA) da Vale (VALE3), com leve redução do preço-alvo de US$ 16,20 para US$ 16, ainda um potencial de alta de 44% em relação ao fechamento de terça-feira (2). Nesta quarta-feira (3), as ações subiram 1,99%, a R$ 64,18.

Os analistas do banco apontam que, no acumulado do ano, os preços das ações da Vale caíram 30% ante 13-14% dos principais pares Rio Tinto e BHP, enquanto os preços do minério de ferro caíram 21%.

Com base em conversas com investidores, o Goldman aponta que os investidores locais parecem ter reduzido (ou mantido uma baixa) exposição à Vale devido a 1) pessimismo em torno do minério de ferro e 2) visão cautelosa sobre a dinâmica operacional, enquanto os investidores internacionais também mantiveram uma exposição baixa devido a 1) uma clara preferência pelo cobre dentro dos metais, 2) ruído político em torno de uma potencial mudança de CEO e 3) incerteza sobre acordo final em torno do acidente da Samarco.

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Como consequência da baixa exposição dos investidores, o banco vê a avaliação atual em níveis atraentes e acredita que as razões para não investir acabarão por se tornar razões para comprar: 1) tanto a Vale quanto a BHP indicaram publicamente que estão construtivas em um acordo final em torno da Samarco no curto prazo (que considera importante para reduzir a percepção de risco dos investidores internacionais e desbloquear potenciais recompras/dividendos); 2) acredita que um bom suporte aos custos do minério de ferro, combinado com as contínuas exportações elevadas de aço e o baixo uso de sucata na China, poderia sustentar o minério de ferro acima de US$ 100 a tonelada e 3) espera que o momento operacional da Vale mostre uma recuperação moderada, mas não projeta maior deterioração em seu cenário base (diferente dos últimos 3 anos).

“Não vemos sinais que possam impactar a alta do cobre, então isso deve continuar a ser um obstáculo para a Vale e potencialmente para a exposição ao minério de ferro”, pondera o banco.

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Do ponto de vista da avaliação, o banco vê o rendimento do FCF (fluxo de caixa livre) da Vale em 12% para 2024 e 10% para 2025, um desconto importante em relação aos pares, de 6% em média.

“Observamos também um rendimento adicional único de 5% como resultado de uma venda de participação de 10% no negócio de metais básicos (dinheiro a ser recebido no 2T). Acreditamos que quando as incertezas sobre a liquidação de Mariana acabarem, isso poderá desbloquear até 17% de potencial de dividendos/recompra”, avaliam os analistas.

Com base nas conversas com investidores, o Goldman observa uma exposição muito baixa ao minério de ferro e à Vale e espera que notícias positivas desencadeiem uma reavaliação. Mais especificamente, o minério de ferro é considerado o produto mais exposto às tendências macroeconômicas da China e uma mudança na percepção em torno da atividade da China poderá desencadear uma entrada importante no sector. “Observamos também que a Vale tem um peso de 14% no Ibovespa local, enquanto a maioria dos investidores está significativamente com baixa exposição”, avaliam os analistas.

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O banco atualizou as suas projeções antes dos lucros do 2T, bem como marcação a mercado de preços de commodities, taxas de câmbio e frete. O Goldman espera agora que a Vale entregue US$ 4,1 bilhões em lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, ou Ebitda (custos de minério de ferro sequencialmente mais fracos, compensados ​​por melhores preços realizados e maiores volumes).