Vale (VALE3) sobe 30% e Petrobras (PETR4) cai 15% em três meses: o que esperar para as ações no curto prazo?

Segundo análise do Goldman Sachs, Vale ainda pode ter suporte no curto prazo, enquanto papéis da Petrobras podem sofrer mais

Felipe Moreira

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As ações da Petrobras (PETR4) caíram 15% nos últimos 3 meses, enquanto a Vale (VALE3) acumula valorização de 30%, acompanhando a alta agressiva dos preços do minério de ferro, desencadeada principalmente por uma reabertura da China mais rápida e agressiva do que o esperado e estímulos do governo chinês ao setor imobiliário. Cabe ressaltar que os papéis da Petrobras e da Vale têm um peso combinado de aproximadamente 30% no Índice Ibovespa, o que acaba levando a uma “queda de braço” em relação qual movimento vai predominar para a Bolsa brasileira.

Em meio a movimentos tão díspares de duas ações voltadas para commodities, qual empresa deve registrar um melhor desempenho? O Goldman Sachs destacou que vê a Vale com melhor performance no curto prazo, apesar de ter recomendação equivalente à neutra para as duas companhias.

“Apesar da demanda física de aço ainda fraca na China, a combinação de sentimento positivo em relação à macroeconomia e reabastecimento sazonal dos estoques em tempos de oferta limitada no 1º trimestre podem continuar a suportar o preço das ações da Vale no curto prazo”, comenta Goldman Sachs, em relatório.

Além disso, analistas destacam que alguns investidores continuam a ver a Vale como um nome interessante para se possuir em tempos de incerteza política elevada devido à natureza exportadora de seus negócios.

O Goldman Sachs mantém recomendação neutra para a Vale e preço-alvo de US$ 12, pois vê a mineradora bem precificada levando em conta as suas previsões de preços de commodities para 2023-2024. Contudo, ainda enxerga risco de queda decorrente do valuation acima dos pares (16% de desconto para BHP, mas 4% de prêmio para Rio Tinto versus 20% de desconto histórico) e uma potencial recuperação da demanda na China mais longa e mais demorada do que o esperado.

Por outro lado, segundo os analistas, notícias positivas sobre a reabertura da China e medidas para impulsionar o setor imobiliário podem continuar a apoiar o otimismo do mercado e o desempenho das ações da mineradora.

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No caso da Petrobras, no entanto, as manchetes provavelmente serão negativas, incluindo um potencial menor pagamento de dividendos após a eleição do novo conselho no primeiro trimestre de 2023 (1T23). A agenda do governo brasileiro para a estatal devem impedir uma reclassificação dos papéis da estatal.

Apesar de considerar o valuation barato, o banco mantém classificação neutra para ações ordinárias e preferenciais da petrolífera, com preço-alvo de R$ 29,50 e R$ 26,90, respectivamente.

O novo conselho, segundo os analistas da casa, pode anunciar uma nova política de dividendos, bem como um novo plano estratégico de 5 anos, que provavelmente incluirá um pagamento de dividendos mais baixo, mais investimentos e menos vendas de ativos.

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Essas possíveis mudanças podem ser negativas para a previsão de distribuição de dividendos nos próximos anos. Embora parcialmente esperado pelo mercado, “esses itens podem ser desenvolvimentos negativos por natureza”, destaca Goldman Sachs.

Por fim, a equipe de research do banco permanece otimista em commodities no longo prazo, refletindo um cenário de subinvestimento global. O banco destaca estar estruturalmente mais positivo com petróleo em relação ao minério mas, pelas questões expostas acima, vê a Vale com mais força do que a Petrobras.