Vale (VALE3) tem lucro líquido de US$ 2,7 bilhões no segundo trimestre, alta de 210%

Companhia divulgou os indicadores na noite dessa quinta-feira (25)

Vitor Azevedo

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A Vale (VALE3) lucrou US$ 2,76 bilhões de forma líquida (atribuível aos acionistas) no segundo trimestre de 2024, número além do consenso da LSEG, que projetava US$ 1,7 bilhão. Na comparação anual, o valor cresceu 210%.

Parte da melhora do resultado, porém, é explicada pelo fato de a empresa ter realizado desinvestimentos e ter gastado menos com impostos.

A receita líquida da mineradora foi de US$ 9,9 bilhões, alta de 3% no ano e em linha com o consenso. Já o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ficou em US$ 3,9 bilhões, estável na base anual e pouco abaixo do consenso de US$ 4,06 bilhões.

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A companhia já havia, há cerca de duas semanas, divulgado sua prévia operacional para o período de abril a junho, com uma produção recorde. A Vale produziu de 80,598 milhões de toneladas de minério de ferro, alta de 2,4% no ano, e as vendas avançaram 7,3%, para 79,792 milhões de toneladas.

Já o preço médio dos finos de minério de ferro realizados, usando o 62% Fe como referência, ficou praticamente estável no ano, com alta de 1%, com a tonelada saindo a US$ 98,2, enquanto os de pelotas caíram 2%, a US$ 157,2.

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Balanço Vale: Custos elevados

Apesar do avanço do faturamento, o Ebitda da empresa caiu, segundo ela, por maiores custo caixa (C1) de finos de minérios, impactado pelo aumento das compras de terceiros e atividades de manutenção. Fora isso, a Vale também menciona que as taxas de frete continuam elevadas e que, no ano passado, o resultado foi melhor por efeitos não recorrentes. Os custos e despesas totais cresceram 9% no ano, para US$ 6,9 bilhões.

“O custo caixa de finos de minério de ferro, excluindo compras de terceiros, foi 6% maior trimestralmente, atingindo US$ 24,9 por tonelada, principalmente devido ao impacto sazonal do giro de estoques e à concentração de atividades de manutenção. Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo impacto positivo dos maiores volumes de produção e da depreciação do real”, diz a companhia, no documento publicado na noite desta quinta-feira (25).

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Apesar de a frente de metais básicos ter registrado uma alta de 49% do Ebitda no ano, para US$ 351 milhões, ela não foi suficiente para minimizar o pior resultado operacional do braço de mineração na base anual. A Vale atribui a boa performance nessa frente aos maiores preços realizados de cobre, impulsionados pelo aumento no preço de referência da LME, e ao aumento do volume de vendas, com Salobo desempenhando melhor.

VALE3: Gastos financeiros

O resultado final da Vale, por fim, também sofreu com o impacto de maiores gastos financeiros. A companhia desembolsou US$ 1,2 bilhões nesta frente, número consideravelmente maior do que o gasto de US$ 157 milhões de um ano antes, com destaque para os maiores gastos com derivativos, que a companhia atribui à depreciação do real.

No entanto, do outro lado, a mineradora registrou uma reversão de provisões e ganhos com a venda de ativos, que somaram US$ 928 milhões ao balanço. A empresa concluiu recentemente, por exemplo, a venda de uma fatia da sua joint venture PTVI, na qual ganhou US$ 150 milhões (e deixou de gastar com investimentos).

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No segundo trimestre de 2023, a Vale tinha também tido gastos maiores com tributos sobre lucros — eles somaram US$ 1,7 bilhão negativo, contra saldo positivo de US$ 34 milhões no deste ano. “Em 2023 foi impactado pela baixa do imposto de renda diferido relacionado às provisões da Fundação Renova, após a Recuperação Judicial”, explica.

Brumadinho e Mariana

A Vale ainda mencionou que o acordo de Reparação Integral de Brumadinho está 75% concluído, com R$ 3,6 bilhões pagos em compensações individuais desde 2019. AJá em relação à Mariana, Samarco e BHP estão negociando um acordo sobre as reparações de Mariana, com R$ 37 bilhões já desembolsados pela Renova até o final do trimestre e próximos a chegar a um acordo com autoridades.