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Após o Bank of America elevar a recomendação para os ativos da Vale (VALE3) na véspera, nesta terça-feira (21) foi a vez do Goldman Sachs destacar o maior otimismo com os ADRs (American Depositary Receipts, ou papéis negociados na Bolsa de Nova York) da mineradora.
As ações fecharam a sessão com ganhos de 2,42%, a R$ 77,90, nesta terça, após a elevação de recomendação e também com o avanço do minério no dia, atingindo a máxima em oito meses.
Marcio Farid e equipe, analistas que assinam o relatório, destacaram cinco razões para serem construtivos com as ações e elevaram a recomendação dos ADRs de neutro para compra, além de subir o preço-alvo de US$ 12,20 para US$ 19,50 (um potencial de alta de 25% em relação ao fechamento de segunda-feira).
“Acreditamos que a configuração atual que apoia a tese de investimento da Vale é única devido a uma combinação de fatores favoráveis que não existem desde pelo menos 2014”, avaliam os analistas.
Eles incluem: 1) um mercado de minério de ferro equilibrado que sustenta preços de US$ 110 a tonelada para 2024, segundo expectativa do Goldman; 2) impulso operacional positivo (embora o ritmo ainda seja um pouco decepcionante); 3) exposição relativamente baixa dos investidores (principalmente de investidores brasileiros locais); 4) valuation atrativo (com rendimento do fluxo de caixa livre de 12% e 4,8 vezes o EV/Ebitda [valor de mercado + dívidas – disponibilidades/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] esperado para 2024, o mais barato entre as principais empresas) e 5) expectativa do Goldman de apoio político contínuo à China (com o minério de ferro em destaque).
Os analistas destacam terem elevado as suas estimativas para a Vale principalmente com base na revisão dos preços de minério de ferro e cobre.
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“A Vale é agora o nosso nome preferido entre as empresas de matéria-prima. Acreditamos que a história agora é muito atraente para ser ignorada e que os investidores aumentarão lentamente a exposição à medida que a confiança em torno do equilíbrio entre oferta e demanda de minério de ferro em 2024 aumentar”, apontam.
Apesar do recente desempenho positivo (alta de 25,8% no mês passado), o Goldman acredita que a recuperação atual tem força. O banco estima que a Vale precifique atualmente um preço de minério de ferro de US$ 104 a tonelada (t) para 2024 (com base em um rendimento de fluxo de caixa livre de 10%) contra US$ 135/t à vista e projeção do Goldman da commodity a US$ 110/t.
Mais especificamente, o modelo revisado de minério de ferro do Goldman agora aponta para um mercado equilibrado devido ao crescimento limitado da oferta, às exportações de aço chinesas ainda elevadas e ao ganho limitado de participação de mercado da sucata na China para 2024.
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“Diferentemente de boa parte deste ano de 2023, quando o pessimismo dos investidores em relação ao crescimento da China e à produção de aço limitou o desempenho da Vale, acreditamos que o mercado será lentamente convencido de uma melhor configuração de oferta/demanda e, enquanto isso, os investidores colherão os benefícios da forte geração de fluxo de caixa livre e distribuição de dinheiro”, apontam os analistas.
Enquanto isso, em termos de desempenho operacional, os metais básicos têm sido decepcionantes e o ritmo de recuperação dos ferrosos está abaixo das expectativas. “Mas agora pensamos que o pior já passou e esperamos uma recuperação gradual tanto do crescimento/estabilidade da produção como dos custos”, avalia.
Entre outros destaques, a equipe de análise aponta que a Vale tem potencial para aumentar a produção de minério de ferro em 15% até 2026, com investimentos reduzidos por tonelada, já que a empresa aproveitará a infraestrutura existente. Uma potencial recuperação e melhoria de desempenho nos atuais ativos de metais básicos também é um potencial fator-chave de ganhos.
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Já um catalisador importante a ser observado é um possível acordo final com o Ministério Público e os governos estadual e federal relacionados ao acidente da Samarco em 2015, reduzindo a incerteza da Vale e potencialmente levando a uma reclassificação dos ativos.
Os analistas ainda fazem uma ponderação e apontam que o principal risco negativo para a tese altista reside nos preços do minério de ferro potencialmente mais fracos do que o esperado em 2024. Isto pode ser motivado por um apoio político mais fraco do que o esperado num mercado imobiliário ainda desanimador na China, avaliam.