Vale divulga balanço nesta 5ª em meio a turbilhão de notícias; veja o que monitorar

Sucessão, suspensão de licenças, visão sobre dividendos com possíveis provisões e queda do minério estão no radar da mineradora

Vitor Azevedo

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O quarto trimestre de 2024 deve ser um período positivo para a Vale (VALE3) em termos de desempenho operacional. Volumes positivos e o preço do minério em patamares elevados devem impulsionar o resultado da mineradora no período. Com isso em vista, investidores, no balanço divulgado nesta quinta-feira (21), estarão de sinalizações sobre provisões, dividendos, sucessão do cargo de diretor executivo (CEO) e noticiário sobre licenças de operações.

Entre a noite de quarta e a manhã de quinta, a companhia informou sobre a suspensão de sua licença para operar a mina do Sossego, em Canaã dos Carajás, da subsidiária Vale Metais Básico e para operar a licença da mina Onça Puma. A Vale também anunciou parceria com a Anglo American no complexo Minas-Rio. Isso tudo em meio a uma recente fraqueza dos preços do minério, mostrando um noticiário agitado para a companhia.

No primeiro tópico, de provisão, o mercado aguarda se a Vale seguirá os passos da BHP, sua parceira na Samarco, joint venture responsável pela tragédia em Mariana. Na última semana, a companhia australiana anunciou uma provisão extra de US$ 3,2 bilhões, de olho em reclamações do Ministério Público Federal quanto à tragédia também em obrigações do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Os times do Itaú BBA, liderado por Daniel Sasson, e o do Morgan Stanley, encabeçado por Carlos de Alba, acreditam que a mineradora brasileira seguirá os passos da sua antiga parceira. 

De acordo com cálculos do BBA, a Vale precisaria fazer um provisionamento adicional de US$ 3,5 a US$ 3,6 bilhões em provisões para igualar os US$ 6,5 bilhões que a BHP reportará para o ano de 2023. Analistas do banco brasileiro destacam que as potenciais provisões adicionais representam aproximadamente 6% do valor de mercado e, portanto, significativas do ponto de vista do valuation. “Vemos a Vale assumindo US$ 3,6 bilhões em provisões incrementais para virar a página sobre Mariana. Agora, vemos os termos de um acordo final atingindo R$ 126 bilhões (contra R$ 112 bilhões antes), resultando em US$ 3,6 bilhões de provisões adicionai”, corrobora o Morgan.

Os analistas do BBA acreditam, porém, que investidores já estavam contabilizando as provisões adicionais, totalizando de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões, e por isso o banco não espera que o montante seja uma grande surpresa. Já o Morgan vê a possível medida como um catalisador positivo para as ações, removendo uma incerteza e “virando a página;

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O Bradesco BBI, na contramão, vê uma probabilidade aumentada de que o aumento de provisões pode levar a uma reação negativa no mercado. 

Uma preocupação que aparece mais, de toda forma, é se as provisões podem impactar a distribuição de dividendos da Vale. “Mediante as incertezas adicionais em torno das provisões e passivos, esperamos que a equipe de administração da Vale adote uma abordagem mais prudente em relação aos dividendos”, diz a equipe do BTG Pactual, chefiada por Leonardo Correa. 

Para o banco, a Vale, por conta das provisões, deve encerrar 2023 com uma dívida líquida expandida de aproximadamente US$ 15 bilhões (contra uma meta de US$ 10-20 bilhões), o que acredita que pode limitar os dividendos extraordinários no curto prazo, até que haja mais visibilidade. 

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O BTG também levanta, em seu relatório, o tema da sucessão de Eduardo Bartolomeo, cujo mandato acaba no final de maio. A permanência do atual CEO no cargo, por enquanto, é incerta. “Não temos diferencial ou visão sobre como prever quem será o próximo CEO da Vale. O bom é que as manchetes recentes que sugerem interferência governamental no processo já ficaram para trás e o risco de cauda foi evitado. No entanto, o que nos preocupa é que aparentemente parece haver uma divisão relevante entre os membros do conselho da empresa”, comenta. 

Já quanto à recente queda das ações – decorrente do recuo do minério e temor com a economia chinesa – o BTG pontua que, por agora, os preços da commodity se mantêm em níveis saudáveis apesar dos recuos. No entanto, analistas querem ver as sinalizações dos executivos sobre o mercado para o produto e sobre a economia global.

Por fim, quanto ao operacional, a visão para o quarto trimestre é, no geral, positiva. O Bank of America, por exemplo, menciona que os números de produção foram fortes e a Vale deve contar ainda com uma “melhor realização do preço do minério”, que foi 2% acima da sua projeção. As remessas totais foram de 90,3 milhões de toneladas e a produção, de 89,4 milhões. “Executando uma análise de sensibilidade com base nos números reportados, mantemos confiança na nossa previsão de Ebitda de US$6,5 bilhões”, dizem. 

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De acordo com a LSEG, o consenso de receita líquida é de US$ 13,1 bilhões, de Ebitda, US$ 6,3 bilhões e de lucro líquido, de US$ 4,1 bilhões.