Vale (VALE3): “Dividendos extraordinários dependerão de cenário do segundo semestre”

Companhia aposta na redução de custos, mas vê preço do minério ainda com alta volatilidade

Vitor Azevedo

Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)
Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)

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A Vale (VALE3) realizou no fim da manhã desta sexta-feira (29) sua teleconferência de resultados. Após números considerados pouco animadores, a companhia tentou trazer uma mensagem de mais otimismo e afirmou que dividendos extraordinários não deixam de estar no radar.

“Se o mercado melhorar acima da expectativa, haverá dividendos extraordinários no segundo semestre”, afirmou Eduardo Bartolomeu, diretor executivo (CEO) da companhia. “Somos os mais disciplinados na indústria neste ponto, mas precisamos analisar a condição do mercado. A volatilidade é forte em minério, mas a sazonalidade costuma ser melhor daqui para o final do ano”.

Gustavo Pimenta, diretor financeiro da mineradora, foi no mesmo caminho, defendendo que a empresa pretende continuar agindo em sua forma padrão, “retornando valor para acionistas”. Esse retorno, no entanto, está intrinsicamente ligado à geração de caixa.

Os executivos da companhia assumiram que o trimestre passado foi mais desafiador. O preço médio do minério de ferro recuou, na base trimestral, US$ 28,1 por tonelada, para US$ 113,3. Do outro lado, o custo caixa por tonelada subiu US$ 2,2, para US$ 20,9, e os gastos com frete foram US$ 3,2 maiores, chegando a US$ 21,3.

Nesta última frente, a perspectiva da Vale é conseguirá diminuir os dispêndios no futuro próximo. “O custo de caixa deve cair no segundo semestre, principalmente por conta do nosso projeto de redução de gastos em US$ 1 bilhão”, afirmou, Marcelo Spinelli, diretor de Ferrosos e de Carvão, em relação ao plano apresentado em novembro do ano passado.

Volatilidade do preço do minério

Parte da queda de gastos se deve a recentes desinvestimentos. Ontem mesmo a mineradora anunciou, por exemplo, a venda da siderúrgica do Pecém, por US$ 2,2 bilhões, deixando totalmente o setor de aço.

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“Concluímos neste mês a venda do sistema de ferrosos do Centro-Oeste. Já vendemos nove negócios em cinco países”, comentou o CEO. “Continuaremos a buscar formas de melhorar o nosso portfólio, mas já fizemos boa parte da reformulação que queríamos”, completou Spinelli.

Além disso, a Vale espera também ver parte dos gastos diluídos, com um aumento de produção vindo do Norte no futuro próximo. “Projeto Gelado, no Pará, está quase concluindo, sendo que esperamos iniciar operação no quarto trimestre, com principal restrição nas licenças. Para o Projeto Ferro Carajás S11D, conseguimos licença de instalação do Serra Sul 120”, contextualizou Spinelli.

Quando o assunto é diluição dos gastos, os executivos da Vale afirmam que isso está diretamente ligado aos volumes produzidos, que estão ligados às condições de mercado.

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“Podemos ter mais ajustes de volume de acordo com as condições do setor”, explicou o diretor de Ferrosos e de Carvão. “A retomada de investimentos em infraestrutura na China deve beneficiar o minério de ferro e devemos, de qualquer forma, ter uma melhora da demanda na base anual, pois não há metas energéticas estabelecidas ou Olimpíadas, que interromperam o consumo da commodity no ano passado e no começo deste ano”.

A Vale vê como risco para o mercado os atrasos dos estímulos na China, bem como o fantasma da Covid-19 e dos lockdowns no gigante asiático. A questão energética, que é mundial, também é vista como ameaça ao preço do minério e, consequentemente, à distribuição de proventos.

Vale não descarta IPO de braço de metais básicos

Os executivos da mineradora não esconderam entusiasmo na hora de falar sobre os metais básicos, apesar dos problemas registrados no primeiro semestre, que contou com manutenções mais longas do que o esperado. Na base semestral, a queda de produção de janeiro a junho foi de 10,3% no níquel e de 25% no cobre.

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“No curto prazo temos desafios, sabemos o que está acontecendo no setor. Sossego teve uma parada pontual por quatro meses, após termos postergado isso por dois anos. Mas são problemas pontuais”, comentou Eduardo Bartolomeu. “A minha meninas dos olhos são os metais básicos. Nós temos os melhores ativos em Níquel no mundo, no Canadá, Indonésia e em Onça Puma. Temos também os melhores projetos de crescimento em cobre, e isso no tempo correto. Estamos confiantes”.

Os diretores defenderam que a Vale tem “enorme potencial a explorar nesta frente”, surfando na dinâmica de mudança de matriz energética e lembraram que, na última semana, a companhia assinou contrato com a Ford para auxiliar a montadora a avançar na frente de carros elétricos.

Quanto as dificuldades na manutenção dos ativos, os executivos não descartam, se os problemas continuarem, a busca por parceiros. “Não estou preocupado com o turnaround em metais básicos. Vamos extrair valor de uma forma ou de outra. Nem que temos de trazer parceiros para operar”, defendeu Bartolomeu.

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Para impulsionar esta frente, a empresa não descarta, no futuro breve, realizar uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

“Não sabemos se será através de IPO, mas queremos impulsionar o negócio e ter uma governança dedicada apenas as metais básicos. É uma operação diferente da do minério e temos muito crescimento a ver. Além disso, é algo que também pode destravar valor para os acionistas. Acreditamos que faz sentido algo que nos apoie nesta frente”, disse Pimenta.

Para o segundo semestre, a Vale vê a produção de cobre voltando a níveis mais altos. A de níquel, contudo, deve continuar sendo prejudicada pela manutenção de minas no Canadá.

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