Vale (VALE3) confirma guidance para 2022 e não vê 1º trimestre impactando produção anual

Mineradora defende que novos empreendimentos irão mais do que compensar produção mais baixa do primeiro trimestre

Vitor Azevedo

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Executivos da Vale (VALE3) reforçaram nesta quinta-feira (28) que esperam alcançar a projeção (ou guidance) de produção para o ano, de 320 a 335 milhões de toneladas, a despeito do primeiro trimestre mais fraco por conta das fortes chuvas em várias regiões do Brasil. As falas foram feitas em teleconferência, após a companhia ter publicado na véspera seu resultado do primeiro trimestre.

A mineradora produziu entre janeiro e março deste ano 63,9 milhões de toneladas de minério de ferro, queda de 6% na base anual. O recuo ligou o alerta de analistas, que passaram a temer que a companhia possa não alcançar sua meta de produção para o ano – ameaça que foi minimizada pelos executivos.

Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale, destacou que, apesar das fortes chuvas, houve alta de produção de 11% no sistema Sudeste. “Isso nos deixa confiantes de que os níveis de produção irão aumentar e que alcançaremos nosso guidance“, confirmou.

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O sistema Sudeste, no ano passado, sofreu hiato de produções, por conta de algumas pausas operacionais. Neste ano, contudo, os diretores afirmaram que as minas estarão a todo o vapor. “Estaremos com produção plena no sistema Sudeste, que é importantíssimo a ser considerado para o volume para o ano todo”, afirmou Marcelo Spinelli, vice-presidente executivo de Ferrosos.

Ainda de acordo com Spinelli, a Vale deve adicionar dois milhões de toneladas ao seu portfólio apenas em abril, com destaque para a produção de Minas Gerais, que registrou alta de 30% na base anual, e deve avançar mais ao longo do ano. Para o segundo semestre, a companhia espera conseguir licenças para novos projetos, principalmente para o da Serra Norte, no Pará, e colocar o projeto Gelado, de recuperação de minério, em operação.

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Vale vê aumento de custos controlado e reforça impacto de combustíveis

Quando o assunto é custos, os executivos defenderam que a performance da Vale é, até então, positiva. Apesar de o custo caixa C1 – ou custo de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto – ter aumentado em US$ 2,2 por tonelada na base trimestral, para US$ 18,7, esta alta seria, majoritariamente, provinda dos preços dos combustíveis.

Nos preços fixos, segundo os executivos, a Vale teria saído na frente e se antecipado à inflação. “Nós começamos a trabalhar nisso já no ano passado. No Vale Day, mencionamos nossa busca para reduzir os custos. O que temos vistos no C1 é o impacto que estamos tendo com custo de combustível, mas, nos custos fixos conseguimos compensar os custos de inflação”, defendeu Gustavo Pimenta, CFO da companhia.

Apesar da alta dos custos, a companhia defendeu ainda que teve um prêmio de US$ 9,1 por tonelada de minério de ferro, o maior desde 2019, e que vem avançando nesta frente, seguindo sua estratégia Fly to Quality.

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“Há uma oferta limitada de minério de alta qualidade. Há um gap do índice [de pureza, ou percentual de minério] de 58% e o índice de 65%. A Vale vem apresentando uma ótima realização de preço, otimizando os altos-fornos, e ao mesmo tempo ganhamos pela falta de qualidade que nossos competidores têm apresentado”, afirmou Marcelo Spinelli.

Com melhor prêmio, a visão é que o custo efetivo total ficará inalterado na comparação com o ano passado, o que de acordo com Spinelli “é um sucesso dado a pressão inflacionária”.

Companhia espera elevar qualidade de ativos e, ao mesmo tempo, distribuir capital a acionistas

Ao ser indagado por analistas sobre como a Vale se portará em relação aos reinvestimentos, na busca por maior qualidade e maior volume, e ao mesmo tempo realizar a distribuição de capital aos acionistas, o presidente da companhia afirmou que vê a mineradora como uma “vaca leiteira em crescimento”.

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A ideia da Vale, segundo ele, é continuar investindo em novos projetos, como vem fazendo, mas, ao mesmo tempo, beneficiando os acionistas – seja por uma política de dividendos, seja por processos de recompra de ações, como o anunciado ontem. Ele lembrou que, após a conclusão desta nova recompra, de até 500 milhões de ações, a companhia terá adquirido cerca de 20% dos papéis que estavam circulando.

“A Vale é uma pagadora de dividendos em crescimento. É uma fonte inesgotável de fundos e que vão crescer ainda mais. Vamos gerar caixa e encolher a base de custos”, prometeu.

Ao mesmo tempo em que anunciou o programa de recompra, a Vale manteve seu capex (investimentos em capital) em US$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre.

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Em parte, a nova forma de atuar, com redistribuição e investimentos, levou a companhia a registrar uma alta do seu endividamento líquido – o que, para os executivos, não é motivo para  preocupação.

Após a dívida líquida fechar março em US$ 4,9 bilhões – ante US$ 1,8 bilhão em dezembro, o CFO da Vale, Gustavo Pimenta, defendeu que o maior grau de alavancagem foi discutido em Conselho e que é justificado.

“Precisamos mais liberdade ao longo do ano por conta de sazonalidade, com maiores gastos com impostos e e com pagamentos de dividendo”, explicou Pimenta. “Temos agora liberdade para operar com uma dívida próxima a US$ 15 bilhões, como já foi anteriormente”.

Desinvestimentos e metais básicos

Por fim, os executivos da Vale afirmaram que continuarão a buscar a otimização do portfólio da companhia – que, recentemente, acabou de se desfazer de toda a sua operação de carvão, por exemplo.

Gustavo Pimenta lembrou que a companhia continua a tocar os processos de venda da Mineração Rio do Norte (MRN) e para a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).  “Estamos também reformando nosso portfólio para avançar em nosso corebusiness. Avançamos nesse trimestre ao concluir o desinvestimento em nosso negócio de carvão e na VCN”, defendeu.

Em metais básicos, a ideia, de acordo com Bartolomeo, é destravar valor, mas que não há muitas decisões tomadas nessa direção. “O que temos é um ativo que ninguém mais tem, especialmente no níquel. Um ativo no Canadá, dentro da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] e alinhado em termos de ESG [sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa – ou ASG, em português]”, defendeu.

“Falamos que sairíamos do Vale Nova Caledônia e saímos. Falamos que sairíamos de Moatize (Moçambique) e saímos. Com esse histórico, você pode confiar que criaremos valor”, defendeu o CEO. “Não há decisão tomada, mas há várias avenidas possíveis, seja buscando parceiros ou fazendo spin-off. Há um esforço para executar bem o negócio, precisamos provar que somos operadores previsíveis e confiáveis”.

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