Vale (VALE3): corte de projeções após prévia faz ação cair 3,67%, mas por que analistas seguem otimistas?

O maior ponto de atenção dos analistas veio da revisão para baixo no guidance de produção do cobre

Lara Rizério

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Esperados com ansiedade pelos investidores, os dados de produção e vendas do terceiro trimestre de 2023 (3T23) da Vale (VALE3) foram vistos como “mistos” pelos analistas de mercado, mas levando a revisões para baixo por conta da redução das projeções de produção para o cobre. Com isso, os ativos VALE3 caíram 3,67%, a R$ 65,36, também refletindo o dia de queda do minério. 

A produção de minério de ferro caiu 4% em relação a igual período de 2022, alcançando 86,24 milhões de toneladas, afetada pela menor produção de run-of-mine (ROM), o minério bruto, do complexo de Paraopeba e à menor produção de Serra Norte.

As vendas atingiram 69,7 milhões de toneladas, aumento de 6,6% ante igual período do ano passado e de 10% na comparação sequencial. As vendas de finos e pelotas de minério de ferro aumentaram 4,4 milhões de toneladas na comparação anual, com a venda de estoques do primeiro semestre e aproveitando as condições favoráveis do mercado.

As vendas ficaram abaixo do esperado, mas compensadas por uma melhor qualidade do minério de ferro e preços realizados, conforme destaca a equipe de análise da XP.

O preço realizado de finos de minério de ferro foi de US$ 105,10 por tonelada (t), alta de 13,5% ante igual período do ano passado, incremento em grande parte atribuído a preços de referência mais altos de minério de ferro (US$ 10,7/t maior na comparação anual) e a um impacto positivo de ajustes de preços (US$ 2,1/t na comparação anual).

O Bradesco BBI aponta que a Vale reportou dados operacionais em linha com o esperado. O maior ponto de atenção para os analistas do banco veio, no entanto, não do minério de ferro, mas sim do cobre.

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Isso porque a empresa reduziu sua projeção de produção em aproximadamente 5%, estabelecendo uma faixa de 315 mil a 325 mil toneladas, em comparação com a previsão anterior de 335 mil a 370 mil toneladas, seguindo um padrão recente de redução nas projeções para metais básicos.

Com base nas estimativas de mercado atual, isso implica em uma diminuição de até 4% no um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) anual esperado, avalia. Por outro lado, a manutenção dos preços do minério de ferro nos níveis atuais pode ser mais do que o suficiente para compensar essa fraqueza em metais básicos, sustentando a recomendação de compra do BBI para as ações.

Já as estimativas atualizadas da XP implicam um Ebitda ajustado de US$ 4,5 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 3% ante a sua previsão anterior).

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Na mesma linha, a Genial aponta que os números vieram majoritariamente como o esperado para a divisão de ferrosos e mais fracos que o esperado para a unidade de metais básicos. “Ainda assim, continuamos construtivos para o desempenho da Vale daqui em diante, considerando que a divisão de metais básicos possui um peso mais baixo na composição do Ebitda”, aponta a equipe de análise.

Este foi um trimestre no qual a Vale aumentou sua produção de minério de ferro na base sequencial (avanço de 9,5% em relação ao 2T23) por um movimento natural à sazonalidade do período, acrescido de uma venda parcial de estoques acumulados, aponta a Genial.

“Com essa dinâmica, acreditamos que a companhia irá se beneficiar não só de uma receita mais alta, mas também de maior capacidade na diluição de custo fixo durante o 2S23. (…) Isso possivelmente irá arrefecer os custos C1 (custo de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto), endereçando a preocupação dos investidores diante dos custos altos do 1S23, ajudando a acalmar os ânimos e trazer de volta o fluxo comprador para as ações”, avalia a casa.

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Já sobre o guidance para o cobre, diante de números fracos tanto de produção quanto de vendas, a Genial atualizou o seu modelo para uma produção de 320 mil toneladas, 5% abaixo da projeção anterior,  mirando o meio do novo guidance. Mesmo considerando que a divisão de metais básicos faz muito menos peso no Ebitda se comparado a unidade de ferrosos, a alteração não deixa de criar um efeito que se alastra por todos os anos da sua projeção, apontam os analistas.

Assim, as projeções de 2024 em diante também se tornaram menores em seu modelo, também levando em conta os custos de frete subindo pela alta recente e inesperada nos preços de combustível, o que levou a mudança em algumas premissas. Assim, a Genial cortou o preço-alvo para as ações VALE3 em R$ 0,50, para R$ 82,50, mas reforçando recomendação de compra e destacando o potencial de valorização (upside) de 22% em relação ao fechamento de terça-feira.

O Morgan Stanley também apontou ver um cenário de revisão para baixo no Ebitda de consenso do mercado de US$ 4,8 bilhões, mas avaliou que pode haver algum upside frente a sua estimativa de US$ 4,3 bilhões com preços realizados mais altos de minério de ferro/pelotas mais do que compensando menores remessas de pelotas e cobre.

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O banco tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York), com preço-alvo de US$ 17,50, mas ainda assim projetava reação negativa do mercado aos dados de produção e vendas da empresa.

O Itaú BBA, por sua vez, destacou os dados como ligeiramente positivos e apontou seguir confortável com sua estimativa de Ebitda em US$ 4,6 bilhões para o terceiro trimestre. O banco também tem recomendação equivalente à compra para os ativos, com preço-alvo de US$ 17 (upside de 19,5%) para os ADRs.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.