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SÃO PAULO – O mês de agosto foi positivo para o Ibovespa, registrando alta de 1,72% no mês e sendo o segundo melhor investimento do período, atrás apenas do ouro. Este desempenho, em boa parte causada pelo rali do início do mês, não alterou o cenário de cautela do mercado, principalmente após a divulgação de diversos indicadores ruins na China – que tem sido, até o momento, o grande motor para o crescimento mundial nesta época de crise.
Em meio a esse cenário, os analistas seguem com a sua preferência pelas ações das principais blue chips, mas com uma mudança importante no portfólio. Após sete meses em primeiro lugar, as ações preferenciais classe A da Vale (VALE5) deixaram o posto mais alto do pódio, dando espaço para os papéis PN da Petrobras (PETR4).
Com isso, os papéis VALE5 passaram a ter 11 recomendações entre as 30 carteiras compiladas pela Infomoney – duas citações a menos do que no mês anterior. As ações PETR4, por sua vez, passaram de 10 citações em agosto para 13 neste mês. Vale ressaltar que, em julho, os ativos tiveram apenas 7 recomendações.
Vendo um cenário ruim para as empresas com grande dependência da China para consumir os seus produtos, as ações de empresas voltadas para o consumo interno ganharam espaço. Com isso, CCR (CCRO3) e Gerdau (GGBR4) ganharam um grande número de votos em relação ao mês anterior – ocupando a terceira posição, com dez votos cada uma.
A primeira, devido ao seu bom perfil de pagamentos e a sua boa estrutura de capital, enquanto a segunda se destaca devido à expectativa de uma maior demanda nos próximos anos.
Petrobras: futuro é promissor para a companhia
As ações da Petrobras tiveram uma forte recuperação nos últimos dois meses, passando de uma forte queda em julho para primeiro lugar em agosto. A mudança na gestão da companhia e o maior comprometimento do governo são fatores apontados para as melhores perspectivas da petrolífera.
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A WinTrade ressalta que os papéis da companhia tiveram desempenho acima do Ibovespa no mês, apesar de ter reportado resultados fracos no segundo trimestre. De acordo com a corretora a empresa deve se beneficiar, a partir do próximo trimestre, com os reajustes no preço do diesel e da gasolina e com a estabilidade do câmbio.
A Coinvalores destaca que, embora o curto prazo para a companhia seja incerto, o sentimento de otimismo com relação ao futuro da Petrobras parece unânime. Dentre as razões para a maior positividade para a companhia estão a adoção de métricas mais próximas da realidade, as capacidades técnica e de investimentos – conferindo em diferenciais para a petrolífera.
Além disso, a condição de democracia estável e regras claras e transparentes do Brasil também favorecem seus negócios, avaliam os analistas. Entretanto, os analistas recomendam compra para carteiras diversificadas e para investidores com foco no médio e longo prazo.
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A Banco Fator Corretora afirma ainda que o governo parece sair do estado da negação para aceitação com relação à Petrobras. “Sem aumentar o preço da gasolina, não é possível a empresa executar seu ambicioso plano de investimentos, tão pouco o governo colher dividendos”, afirma a corretora. Além destes motivos, os múltiplos atrativos e a possibilidade de volta de capital estrangeiro são fatores destacados pela UM Investimentos para a recomendação de compra as ações.
Por fim, a SLW Corretora acredita que boa parte dos eventos negativos já foram precificados nos papéis. Em contrapartida, a possibilidade dos mercados reagirem positivamente às possíveis medidas adotadas pelas autoridades monetárias dos países em crise beneficiaram os papéis. Entretanto, a corretora não espera reajuste nos preços dos combustíveis antes das eleições, em outubro.
Vale: ação ainda é atrativa, apesar de desaceleração chinesa
A desaceleração da China continua como o maior fator de risco para a Vale no curto prazo, assim como pela incerteza quanto ao preço do minério de ferro nos próximos anos. Devido a isso, a Citi Corretora substituiu, na segunda quinzena de agosto, os papéis da mineradora pelos da Gerdau, devido a maior exposição no mercado doméstico.
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O mesmo motivo foi apontado pela Pax Corretora, que optou por excluir tanto os papéis da Vale quanto os da CSN (CSNA3) do portfólio recomendado para o mês. Em contrapartida, os analistas da corretora se mantém otimistas com relação ao mercado externo, aos Estados Unidos e com o setor de infraestrutura.
Entretanto, a equipe de análise da Um Investimentos recomenda os papéis VALE5, afirmando que a companhia apresenta uma eficiente estrutura de custos com relação aos competidores internacionais, múltiplos atrativos, elevadas reservas de minério de ferro e reduzido nível de endividamento líquido.
Enquanto isso, a Socopa Corretora ressalta que, no atual preço, as ações da Vale se traduzem em uma boa oportunidade de investimento, apesar do atual cenário de queda nos preços de minério de ferro e com os resultados fracos do segundo trimestre.
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Ação | Recomendações Setembro/2012 |
Recomendações Agosto/2012 |
Petrobras PN | 13 | 10 |
Vale PNA | 11 | 13 |
CCR ON | 10 | 7 |
Gerdau PN | 10 | 5 |
BR Malls | 9 | 9 |
Itaú Unibanco | 9 | 6 |
Raia Drogasil | 9 | 6 |
Ambev PN | 6 | 6 |
Brasil Foods | 6 | 3 |
Duratex | 6 | 4 |
Banco do Brasil | 5 | 5 |
Cosan | 5 | 4 |
Kroton | 5 | 2 |
Suzano PNA | 5 | 1 |
Valid ON | 5 | 5 |
Gerdau e Suzano ganham destaque
Dentre os outros destaques, vale ressaltar ainda as ações da Gerdau e da Suzano (SUZB5). Com relação à primeira, o cenário é positivo, apesar da companhia siderúrgica também ser afetada em um cenário de desaceleração do gigante asiático.
A empresa está bem posicionada e pode se beneficiar de uma demanda interna mais forte para os próximos anos, com a Copa do Mundo, jogos olímpicos, PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e os últimos pacotes divulgados pelo governo, ressalta a Rico Corretora.
Já a Citi Corretora destaca a recuperação dos preços no setor de aços longos, em função de maior crescimento da demanda e menor impacto de importações, o que explica os múltiplos elevados da Gerdau em comparação com a média do setor.
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A alta nas recomendações para os papéis da Suzano foram impulsionadas, principalmente, devido à entrada no Ibovespa e à emissão de R$ 1,479 bilhão em sua oferta pública primária de ações. Após essa operação, a SLW voltou a cobrir os ativos, apontando que o preço atual está muito defasado, abrindo oportunidade de posicionamento.
A Gradual Investimentos reitera ainda que, apesar de não ter resolvido totalmente o elevado endividamento da empresa, por outro lado pode ser vista como parte do seu processo de recapitalização. Os analistas da Gradual avaliam ainda que o retorno à carteira teórica do índice deve elevar a liquidez do papel, com pressão compradora por parte dos fundos indexados ao índice.
Entretanto, os papéis da Cetip (CTIP3), que também passaram a integrar o índice referencial da bolsa, não tiveram o mesmo movimento da companhia de celulose. Os ativos CTIP3 tiveram apenas uma recomendação, em igual número ao obtido no mês anterior.
Metodologia InfoMoney
Ao todo, 30 carteiras de bancos e corretoras foram utilizadas para este levantamento. Os portfólios selecionados foram: Ativa, BB Investimentos, BI&P, Bradesco, BTG Pactual, Citi Corretora, Coin, Credit Suisse, Banco Fator Corretora, Geração Futuro, Geral, Gradual, HSBC, Inva Capital, Itaú Top 5, Omar Camargo (2 carteiras), PAX, Planner, Rico, SLW (3 carteiras), Socopa, Souza Barros, TOV, Um, XP (2 carteiras) e WinTrade.
Entre todas as carteiras publicadas pela InfoMoney em setembro, nesta compilação apenas não foram considerados os portfólios com sugestões de ações que tenham perspectiva de pagamento de proventos.