Vale e siderúrgicas afundam mais de 4%, teles caem e Lupatech dispara 30%

Sessão segue agitada com noticiário corporativo em foco; frigoríficos voltam a avançar

Leonardo Silva

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SÃO PAULO – Em uma quinta-feira (28) agitada pelo noticiário corporativo, os destaques desta sessão ficam com as ações das empresas de telecomunicações. Logo após abrirem a sessão em alta, reagindo às notícias de que a Oi (OIBR4) iria adquirir uma parcela da TIM (TIPM3), as ações do setor perderam força e afundaram na bolsa, repercutindo a “novidade” divulgada pela Vivendi. (Para entender o que se passa com o setor, clique aqui).

O conselho de administração da empresa afirmou que vai entrar em “negociações exclusivas” com a Telefónica, controladora da Vivo (VIVT4), para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta rival da Telecom Italia, dona da TIM.

Do lado positivo do Ibovespa, destaque também para as ações das exportadoras de carne, que estão sendo beneficiadas com o embargo da Rússia imposto à alimentos dos EUA e UE, enquanto, na ponta negativa, as ações da Vale (VALE3; VALE5) e siderúrgicas caem forte reagindo ao preço do minério de ferro. Fora do índice, destaque para a disparada nos papéis da Lupactech (LUPA3) e Teka (TEKA4). 

Confira os principais destaques da Bolsa nesta sessão:

Telecomunicações
As ações das empresas de telecomunicações viraram para queda nesta sessão reagindo à notícia de que o conselho de supervisão da francesa Vivendi disse que vai entrar em negociações exclusivas com a Telefónica, controladora da Vivo (VIVT4, R$ 43,67, -2,46%), para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta rival da Telecom Italia, dona da TIM (TIMP3, R$ 12,46, -2,04%), que vê suas ações afundarem. Após o comunicado, uma fonte disse à Reuters, que a Vivendi deve aceitar ações da Telecom Italia como parte do pagamento pela GVT. 

As propostas das duas companhias telefônicas brasileiras, TIM e Vivo, pela GVT no Brasil haviam sido formalizadas aos diretores da Vivendi na última quarta-feira. 

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Já as ações da Oi (OIBR4, R$ 1,42, -0,70%) também perdem força e caem nesta quinta-feira, depois de terem subido mais de 5% na máxima do dia. No radar da empresa, uma reportagem da Bloomberg apontou que a empresa está em conversas para vender sua fatia de 25% na Unitel por mais de US$ 2 bilhões, citando uma fonte com familiaridade no assunto, que mencionou a Sonangol e a Isabel dos Santos, filha do presidente da Angola, como possíveis compradores. Em relatório, a equipe do BES aponta concretização da venda pode elevar o “valuation” da Oi em aproximadamente 6%, o que pode ter um impacto positivo de aproximadamente 12% nas ações.

Vale mencionar que a Oi está no radar dos investidores nos últimos dias, em meio às notícias de uma possível aquisição de sua concorrente, a TIM. Ontem, a Telecom Itália, dona da companhia, informou que está “completamente alheia sobre a iniciativa da Oi” em comprar a companhia e que não sabe nada sobre o assunto; Oi e Tim lideraram os ganhos do Ibovespa na véspera, com altas de 11,19% e 6,7%, respectivamente.

No noite da última terça-feira, a Oi comunicou ao mercado que havia assinado um acordo com o BTG Pactual (BBTG11, R$ 37, 0,00%) para desenvolver alternativas de propostas pela parcela detida pela Telecom Italia na TIM. Segundo fontes disseram à Reuters ontem, a Oi espera unir-se à Claro, da mexicana América Móvil, e à Vivo, da espanhola Telefónica, para realizar a oferta de aquisição da TIM, e por isso contratou o BTG Pactual com o objetivo desenhar uma oferta que resolva questões financeiras e regulatórias. 

A ideia é que o BTG Pactual, também sócio da Oi, viabilize a consolidação tanto do ponto de vista financeiro – já que a Oi não teria condições de arcar com a oferta sozinha – como regulatório. Segundo a fonte, uma oferta conjunta teria menos chance de receber objeções do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

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Vale  
As ações da Vale (VALE5; R$ 26,01, -4,55%; VALE3, R$ 29,19, -4,86%) dão continuidade ao movimento negativo dos últimos pregões e atingem seu menor patamar desde junho de 2014 nesta quinta-feira (28). Este é o 6º pregão de queda da mineradora, que acumula perdas de quase 6%.

Nos últimos dias, a Vale vem sofrendo na Bolsa com as quedas no preço do minério de ferro – principal produto da mineradora brasileira, que renovou a mínima de dois anos e já perderam um terço de seu valor em 2014. Aliado a isso, a sessão é marcada por tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia e por dados que mostram a desaceleração no crescimento do lucro das empresas industriais da China.

Seguido o movimento da Vale, as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 20,43, -4,26%), holding que detém forte participação no capital da mineradora, também caem mais de 2% e atingem suas mínimas na Bovespa desde o começo de julho. Já a CSN (CSNA3, R$ 10,00, -4,76%), siderúrgica com forte atuação no mercado de minério, também cai 1% para US$ 87,30 por tonelada e atinge os patamares do começo de julho.

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Além delas, Gerdau (GGBR4, R$ 12,90, -4,44%) e Usiminas (USIM5, R$ 8,13, -2,98%) caem forte nesta sessão. 

JBS e Marfrig
O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, assinou um decreto que pode viabilizar exportações adicionais de carnes bovina e de frango do Brasil para o país. A medida impulsiona as exportadoras de alimentos da Bovespa: é o caso da Marfrig (MRFG3, R$ 7,49, +2,60%) que acumula a maior alta dentre as ações do Ibovespa no ano (+85,25%), e da JBS (JBSS3, R$ 10,34, -0,10%), que sobem quase 25% em 2014.

MRFG3 está no seu maior patamar desde julho de 2013, enquanto JBSS3 está no maior patamar desde novembro de 2009.

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A medida estabelece que os países atingidos pelo embargo – uma retaliação às sanções impostas à Rússia por causa do conflito na Ucrânia – têm até 1º de setembro para preencher suas cotas para vender ao mercado russo. Se não conseguirem, o governo russo passará então a fornecer licença de importação para outros países, não submetidos à retaliação imposta por Moscou. O Brasil atualmente já é o que mais exporta à Rússia, sendo responsável por 54% do fornecimento estrangeiro para o país. No começo deste mês, Moscou proibiu a importação de todas as carnes, pescado, lácteos, frutas e vegetais originários dos EUA, países da UE, Canadá e Austrália. Desde então, o governo vem bloqueando também tentativas de contornar o embargo. 

Embraer (EMBR3, R$ 21,70, -0,37%)
As ações da Embraer abriram entre as maiores altas do Ibovespa, mas perdem força nesta sessão, após a companhia informar que assinou contrato com a Japan Airlines para um pedido firme de 15 E-Jets nos modelos E170 e E190, além de doze aeronaves adicionais da família de E-Jets.

Segundo comunicado desta quinta-feira, valor do pedido firme é de US$ 677 milhões, com base no preço de lista de 2014. A Embraer acrescentou que a encomenda será incluída em sua carteira de pedidos firmes do terceiro trimestre de 2014.

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No acumulado do ano, as ações EMBR3 acumulam alta de mais de 17%. Além disso, ela bateu na última terça-feira seu maior patamar histórico na Bolsa (R$ 22,96).

Lupatech (LUPA3, R$ 0,33, +26,92%)
Após oito pregões “dormindo” na Bolsa, as ações da Lupatech acordam hoje com uma disparada de mais de 30%, um dia antes de encerrar o prazo para que os acionistas exerçam o direito de preferência decorrente do aumento de capital da empresa, ou seja, os investidores que já tinham LUPA3 desde antes da aprovação do aumento de capital (em 22 de julho) terão que participar da subscrição para permanecer com a mesma participação na empresa. E para aderir à oferta terá que desembolsar 3.350,2% do capital aplicado na companhia. Na prática: quem tiver R$ 1 mil em ações da Lupatech terá que gastar cerca de R$ 33,5 mil para ficar com a mesma porcentagem na base acionária.

Apesar do desempenho de hoje, um gestor que pediu anonimato disse que o cenário para a empresa continua o mesmo: o aumento de capital não deve “salvar” a empresa e poderá haver uma forte debandada de investidores após a operação (como o lado da oferta ficará muito mais forte que o da demanda, com uma enorme quantidade de novos papéis na Bovespa, haverá mais pessoas interessadas a vender do que comprar). Além disso, há expectativa de que os detentores da dívida da empresa, que receberão essas ações decorrentes do aumento de capital, terão a chance de realizar algum lucro agora, uma vez que já tinham baixado para zero suas apostas de ter o dinheiro de volta, disse.

Pelo comunicado emitido pela Lupatech em julho, a companhia deixa claro que toda a quantia levantada com a operação (de, no mínimo, R$ 676 milhões) irá para os credores, ou seja, nenhum real entrará no caixa da empresa. Passados 15 dias de próxima sexta-feira (29/08), é esperado que essas ações já estejam nas mãos dos detentores da dívida, abrindo espaço para uma forte queda dos papéis, disse. 

Em entrevista ao InfoMoney no final de julho, gestores da Ujay Capital apontaram que a ação da companhia pode chegar a R$ 0,02, cotação essa que dá a empresa o valor de mercado próximo ao que vinha sendo negociado antes da diluição de 97% decorrente do aumento de capital. Em recuperação extrajudicial, a Lupatech lançou aos seus credores um plano de reestruturação do seu endividamento em novembro do ano passado. Dentre as condições apresentadas aos debenturistas para que o plano fosse aceito e posteriormente homologado pela justiça brasileira e norte-americana, estava a possibilidade de uma emissão de ações, que seriam trocadas pelas debêntures destes credores. Tal emissão foi aprovada pelo conselho de administração da Lupatech em julho. Serão emitidas no mínimo 2,7 bilhões de ações LUPA3 e no máximo 5,28 bilhões, ao preço de R$ 0,25 cada – menos da metade do que ela valia no fechamento daquele dia (R$ 0,59). 

Teka (TEKA4, R$ 0,41, +2,50%)
As ações da small cap, Teka, voltam a subir nesta quinta-feira, após dispararem por dois dias seguidos – 25,8% na terça-feira (26) e 2,56% na quarta-feira (27), após chegar a subir 23% no intraday. Do fechamento de segunda (R$ 0,31) até a máxima de quarta (R$ 0,48), os papéis PN da empresa chegaram a subir 55%. Aliado a isso, o papel apresentou um volume financeiro muito acima da média, superando na última sessão os R$ 570 mil – a média dos 21 pregões anteriores era de R$ 53 mil por dia.

De olho na movimentação e no volume atípicos, a BM&FBovespa pediu esclarecimentos à companhia sobre os motivos desta disparada. Em comunicado divulgado na quarta-feira pouco antes do pregão e assinado pelo diretor presidente da empresa, Frederico Kuehnrich Neto, a companhia declarou que desconhece os motivos das altas.