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A Advocacia Geral da União (AGU), os governos estaduais de Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES) apresentaram na última quinta-feira (6) uma nova contraproposta de R$ 109 bilhões à mineradora Vale (VALE3), BHP e Samarco, por conta do rompimento da Barragem de Fundão, em 2015.
O valor não inclui o que a Renova já pagou (R$ 37 bilhões), nem reflete obrigações futuras que as empresas estimam em R$ 18 bilhões. Ou seja, a diferença em relação à última proposta divulgada publicamente pela Vale são os R$ 37 bilhões já desembolsados e o tempo em que os R$ 109 bilhões seriam pagos, 12 anos em vez de 20 anos buscados pelas empresas.
O Morgan Stanley disse acreditar firmemente que um acordo final é do melhor interesse de todas as partes interessadas (as afetadas pelo trágico acidente; os governos federal, estadual e municipal; e as empresas) e, portanto, ainda espera que as partes pressionem fortemente para chegar a um acordo.
O banco americano também avalia que um acordo final e razoável, ao mesmo tempo que limita o potencial de valorização em dividendos especiais, será provavelmente um catalisador positivo para a valorização das ações, pois contribui para uma reclassificação de múltiplos, eliminando a incerteza e virando, de algum modo, a página da tragédia.
Segundo estimativas do Morgan, a última proposta das autoridades resultaria numa provisão incremental de US$ 6,4 bilhões por parte da Vale (13,1% da sua capitalização de mercado), bem acima dos US$ 2,7 bilhões (5,5%) que o banco tem em seu atual modelo. Portanto, os analistas disseram não ter certeza neste momento se a Vale aceitará a proposta, especialmente se as autoridades não oferecerem segurança jurídica às empresas que eliminem o risco de demandas ou reivindicações adicionais no futuro relacionadas a Mariana.
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O Morgan Stanley mantém recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de US$ 18 para os ADRs (recibo de ações, ou os ativos negociados na Bolsa americana) da Vale.
Já o Itaú BBA avaliou a notícia como positiva, pois a contraproposta não apenas mostra que as conversas estão avançando, mas também estabelece um limite para o valor financeiro total para encerrar esta saga.
De acordo com cálculos preliminares do BBA, o pior cenário exigiria US$ 5,0 bilhões em provisões adicionais para a Vale. Dito disso, os analistas acreditam que a maioria dos investidores já considerava US$ 2,5 bilhões em provisões adicionais. Portanto, neste cenário, os investidores teriam que incorporar mais US$ 2,5 bilhões em provisões, ou 5% do valor de mercado da Vale.
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Para o BBA, um acordo definitivo representaria o fim de um importante fator de pressão (overhang) para as ações da empresa, que tem sido um tema central nas discussões com investidores desde 2015.
O Itaú BBA ressalta que ainda existem dúvidas importantes em relação ao valor final a ser desembolsado por cada empresa, e que as projeções variam quanto à capacidade da Samarco de financiar diretamente as obrigações. O banco também destaca que abordar esta questão no Brasil provavelmente reduz as chances de decisões negativas significativas em outras jurisdições, como as disputas em curso no Reino Unido e na Holanda.
O BBA também mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de US$ 14 para o ADR da mineradora.
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O Bradesco BBI estima que as provisões incrementais poderiam ser equivalentes a US$ 2,3 bilhões (incluindo a contribuição da Samarco). Dito isto, apesar das disposições adicionais, vê um potencial acordo com as autoridades locais como um evento de redução de risco para a Vale.
A Genial, por sua vez, difere do mercado que projeta um impacto pequeno (apenas um intervalo entre US$ 1,5 bilhões a US$ 2 bilhões de provisão adicional em relação ao VPL). A casa de análise acredita que o tom usado pela AGU na publicação oficial não é apaziguador e oferece uma base comparativa de valores muito acima da proposta da Vale + BHP de R$ 127 bilhões realizada em abril. “Essa situação parece sinalizar que a discussão ainda tem “chão para andar” e o impacto na provisão adicional pode estar sendo subvalorizado em um olhar preliminar do consenso”, destaca.
A Genial considera a notícia como potencialmente negativa, uma vez que ambas as variáveis “valor” (maior em R$ 37 bilhões ante proposta anterior) e “prazo” (mais curto em 2 anos) contribuem para um cálculo de valor presente líquido (VLP) detrator de maior intensidade.
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Olhando para o fluxo de caixa projetado, a Genial calcula que o VPL do desembolso corresponde a US$ 6,7 bilhões e é equivalente a 13% do valor de mercado da mineradora. Ao excluir os R$ 18 bilhões de obrigações “a fazer” que ficarão de fora da discussão nesse momento, o VPL detrator fica levemente inferior à estimativa, que contempla um acordo final de R$ 130 bilhões estimados pela Genial, faltando R$ 93 bilhões a serem pagos com prazo de 7 anos (ante R$ 109 bilhões em 12 anos da contraproposta).
A casa de análise também espera que a Vale e BHP receberão de maneira negativa o valor da contraproposta e provavelmente irão declinar, de forma que esse não será o final do imbróglio.