Vale cai 6,5%, OGX desaba 11% e MMX recua 9,4%; veja destaques

Ações da mineradora tiveram o pior pregão desde agosto de 2011; todas as 69 ações do Ibovespa fecharam no negativo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Dados piores que os esperados na economia chinesa prejudicaram os mercados ao redor do mundo. Por aqui, o Ibovespa teve seu pior pregão em 18 meses ao cair 3,66%, fechando a 52.949 pontos – mínima desde julho do ano passado -, pressionado pela queda das ações de grandes companhias, como o caso da Vale (VALE3; VALE5) e Petrobras (PETR3; PETR4), que juntas têm 21,3% de participação no índice.

Os dados da China tiveram forte influência nos papéis da mineradora, que viu suas ações ordinárias caírem 6,13%, aos R$ 32,46, enquanto as preferenciais recuaram 6,47%, para R$ 30,80. Foi o pior pregão desses ativos desde agosto de 2011. O mercado chinês é um dos mais importantes no setor de mineração, o que fez com que ações de outras companhias também tivessem quedas.

Os papéis da Bradespar (BRAP4), holding que detém participação na Vale, recuou 6,27%, a R$ 24,37, enquanto a MMX Mineração (MMXM3) teve queda de 9,41%, a R$ 1,83. Já a siderúrgica CSN (CSNA3), que também possui operações na mineração, caiu 4,28%, com as ações cotadas a R$ 7,83.

Vale ressaltar que o Citi reduziu o preço-alvo dos ADRs da companhia. O preço-alvo dos papéis equivalentes ao ordinário passou de US$ 22,00 para US$ 20,00, enquanto os ativos equivalentes aos papéis preferenciais também tiveram o preço-alvo reduzido, passando de US$ 20,00 para US$ 18,00. Os analistas do banco ressaltam, por outro lado, que os ativos estão negociados a múltiplos bastante baixos, mesmo com o otimismo com os preços do minério de ferro e a maior disciplina financeira, o que ajuda a manter a recomendação de compra.

Os dados ruins vindos da China também prejudicaram outros setores de commodities, como o caso das empresas de papel e celulose. A Suzano (SUZB5) teve forte queda de 4,66%, para R$ 7,36, enquanto a Fibria (FIBR3) recuou 4,40%, aos R$ 21,75.

Sem novos reajustes em 2013, Petrobras cai 4%
Com a entrevista da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, no último sábado pelo jornal “Zero Hora”, afirmando que não haverá novo aumento da gasolina e diesel em 2013, as ações da companhia registraram baixa nesta sessão.

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Os ativos PETR3 tiveram queda de 4,63%, a R$ 15,65, enquanto os ativos preferenciais fecharam em sua mínima do dia, com perdas de 4,06%, a R$ 17,23.

De acordo com a equipe de análise da XP Investimentos, as declarações de Graça Foster são negativas, indo contra as perspectivas de menor ingerência política na empresa. Os analistas avaliam o cenário para a companhia, em um cenário em que ainda existe uma discrepância entre o preço de gasolina e diesel internacional e o praticado no mercado doméstico.

OGX cai 12,9% mesmo com rumor de farm-out
As ações da OGX Petróleo (OGXP3), do Grupo EBX, retornam para o campo negativo nesta sessão após um breve alívio na última sexta-feira, quando subiram 6,16%, depois de cair por oito pregões consecutivos. Os papéis da companhia registraram queda de 12,90%, a R$ 1,35 – menor patamar histórico -, mesmo após rumores apontarem que o empresário Eike Batista estaria negociando a venda de 40% de um bloco da petrolífera na Bacia de Campos para a estatal da Malásia, Petronas, segundo a coluna de Lauro Jardim, da Veja.

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As especulações sobre a possibilidade de um farm-out (venda de participação em blocos) voltam à tona em um momento crítico da empresa para conseguir se capitalizar em meio à crise de credibilidade que o grupo vem sofrendo. Os papéis da companhia caem no acumulado do ano 66,21%. Em mensagem no Twitter, Eike disse estar “decepcionado” com o desempenho das ações da OGX na bolsa, mas afirmou que está trabalhando para mudar esta realidade com nova disciplina.

As outras companhias do grupo também amargaram um dia de fortes quedas. A LLX Logística (LLXL3) recuou 5,88%, aos R$ 2,08, enquanto a MMX Mineração (MMXM3) fechou a R$ 1,83, com queda de 9,41%. Fora do índice, a MPX Energia (MPXE3) caiu 1,84%, para R$ 9,07 e a CCX Carvão (CCXC3) ficou em R$ 3,04, com desvalorização de 5,00%.

BB tem queda após suspensão do IPO da BB Seguridade
A SRE (Superintendência de Registro de Valores Mobiliários) da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) suspendeu pelo prazo de 30 dias a oferta pública de distribuição de ações da BB Seguridade, – braço de seguros, previdência e capitalização do Banco do Brasil (BBAS3).

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A suspensão ocorreu em razão da utilização de materiais publicitários irregulares na divulgação da oferta, configurando infração ao art. 50 da Instrução CVM nº 400/03. Durante os 30 dias, deverão ser resolvidos os motivos que levaram à suspensão, sob pena de cancelamento da oferta.

Caso seja realizado, o IPO da BB Seguridade pode ser o maior já realizado para uma estreante em bolsa, podendo levantar até R$ 12,15 bilhões. Com isso, as ações do Banco do Brasil fecharam em queda de 1,76% neste pregão, cotadas a R$ 27,85, e atingiram na mínima do dia, perda de 2,61%, a R$ 27,61. Essa foi a primeira queda dos papéis do banco em 7 sessões.

Imobiliárias caem mais de 5%
Seguindo o dia bastante negativo para a bolsa, o setor imobiliário foi mais um prejudicado, com diversas companhias caindo mais de 5% no dia. Os papéis da Brookfield (BISA4) caiu 7,20%, aos R$ 2,19, enquanto a MRV Engenharia (MRVE3) recuou 5,08%, para R$ 8,78. Já a PDG Realty (PDGR3) fechou a R$ 2,57, com queda de 4,81% e a Gafisa (GFSA3) ficou a R$ 4,24, com desvalorização de 3,85%.

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Por fim, a Rossi (RSID3) teve queda de 4,21%, cotada a R$ 3,41, enquanto a Cyrela (CYRE3) recuou 2,75%, para R$ 17,65.

Agrenco chega a subir 10% após liminar
Os papéis da Agrenco (AGEN11) foram um dos poucos a ter alta na bolsa nesta segunda-feira, mesmo assim, fecharam distantes da máxima do dia. O movimento ganhou força depois que a empresa informou que os seus credores estão proibidos de executar medidas de expropriação patrimonial. A decisão foi tomada no dia 12 de abril e divulgada hoje na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da empresa subiram 2,08%, indo para R$ 0,49. Na máxima do dia, eles chegaram a valer R$ 0,53, indicando valorização de 10,42%.

Em comunicado, a Agrenco, trading de commodities que está em recuperação judicial desde 2008, disse que a decisão é “extremamente importate”, uma vez que significa que vai manter as unidades de Alto Araguaia (MT) e Caarapó (MS) em funcionamento, o que garantirá a apresentação de um “novo plano de recuperação judicial que atenda aos interesses de todos”.

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Fleury sobe 1% com elevação de recomendação
Outra companhia que conseguiu ter alta em um dia negativo, a Fleury (FLRY3) apresentou alta de 1,06%, a R$ 19,00, após o Itaú BBA e o Bradesco elevarem suas recomendações para as ações da empresa após um encontro realizado na última semana.

Para os analistas Rafael Frade e Raquel Erzinian, do Bradesco, o tom da apresentação foi bastante positivo, com a empresa afirmando que a maior parte dos R$ 215 milhões do plano focados na marca Fleury. Com isso, eles mantiveram a recomendação marketperform (em linha com o mercado) para os papéis da empresa. Eles destacam que o plano deve contribuir para melhores margens e retornos para a companhia.

Já para o analista Thiago Macruz, do Itaú, o atual preço das ações sugere que não há espaço para mais quedas, mesmo em um momento negativo do mercado – somente neste ano, os papéis FLRY3 caíram mais de 17%. De acordo com as estimativas, a rentabilidade da Fleury deve ficar estável em relação à fraca margem ebitda de 21% em 2012. O analista do Itaú elevou sua recomendação para os papéis para outperform (acima da média do mercado).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.