Vale cai 24% e perde R$ 72 bilhões de valor após tragédia em Brumadinho; ação da Ambev dispara 4% e Petrobras cai 3%

Derrocada das ações da Vale foi o grande destaque da sessão desta segunda-feira 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Esta segunda-feira (28) marcou a sessão em que o Ibovespa ficou mais longe dos tão sonhados 100 mil pontos depois de recordes seguidos na semana passada. O grande motivo para pressão neste pregão foi a ação da Vale (VALE3), que desabou 24,52% com os desdobramentos da tragédia ocorrida em Brumadinho por conta do rompimento da barragem do complexo do Feijão.

Diversas casas de análise revisaram as recomendações para a Vale após o desastre, enquanto a S&P colocou o rating da companhia em revisão. 

Além disso, as ações da Petrobras também registraram baixa, em meio à forte queda do petróleo. Por outro lado, a Ambev sobe após o Goldman Sachs reiterar compra, enquanto o banco Inter segue em forte queda após o balanço do quarto trimestre. 

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Vale (VALE3), Bradespar (BRAP4) e siderúrgicas

A tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) que causou um rastro de destruição ambiental e dezenas de mortes levou a uma derrocada dos papéis da Vale e de sua holding, a Bradespar. Com essa queda de 25%, a Vale perdeu cerca de R$ 72,77 bilhões de valor de mercado. O volume negociado também foi bastante expressivo, de R$ 8,147 bilhões, oito vezes a mais do que o giro financeiro negociado nos últimos 21 pregões e cerca de um terço do negociado na bolsa brasileira durante toda a sessão desta segunda-feira. 

Depois do rompimento da barragem, diversas casas de análise passaram a revisar a recomendação para os papéis da companhia, caso do Jefferies, Macquarie, HSBC e do BMO, que reduziram a recomendação de compra para o equivalente à manutenção. Os papéis estão sob revisão de recomendação pelo Bank of America Merrill Lynch. 

Vale destacar que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou a Vale em CreditWatch com implicações negativas, dizendo que a empresa poderia enfrentar multas e a possível perda de sua licença para operar na região afetada pelo rompimento da barragem.

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Durante o fim de semana, diversas decisões de bloqueios e sanções pelo acidente foram tomadas, que já somam R$ 11,3 bilhões. Juízes acataram os pedidos de indisponibilidade e bloqueio do valor total de R$ 11 bilhões e determinaram que a companhia “adote as medidas necessárias para garantir a estabilidade da barragem VI do Complexo Mina do Córrego do Feijão, se responsabilize pelo acolhimento e integral assistência às pessoas atingidas, dentre outras obrigações”, informou a empresa em comunicado. 

A Vale destacou ainda que foi intimada da imposição de sanções administrativas pelo Ibama e pelo Estado de Minas Gerais de R$ 250 milhões e aproximadamente R$ 99,1 milhões, respectivamente. Os bloqueios dos recursos da Vale representam quase metade do seu caixa no fim de setembro, de R$ 24,4 bilhões no caixa. 

Vale destacar que os contratos futuros de minério de ferro da China saltaram na madrugada desta segunda-feira em meio a preocupações sobre a oferta, uma vez que inspeções de segurança em outras operações da Vale podem afetar a produção da mineradora de forma mais ampla. O futuro de minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian subia 2,71%, a 550,50 iuanes. 

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As ações de siderúrgicas também registram queda, com destaque para CSN (CSNA3), enquanto Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) registram um movimento menos negativo. A CSN foi especialmente impactada uma vez que os investidores mostram receio com riscos de eventuais complicações em barragens da siderúrgica. A CSN é dona da mina Casa de Pedra, que fica em Congonhas (MG). A companhia enfrenta um alto endividamento e, em caso de pagamento de multas, o receio é de que ela não teria condições de arcar com seus compromissos. 

Petrobras (PETR3;PETR4)

A sessão foi de forte queda para a Petrobras, seguindo o dia negativo do mercado e também a forte baixa do petróleo com os dados negativos do lucro industrial da China. O lucro de grandes empresas industriais recuou pelo segundo mês seguido em dezembro, em mais um sinal de fraqueza da segunda maior economia do mundo. Além disso,  a alta do número de plataformas nos EUA sinalizou aumento da produção de petróleo do país, o que impactou o preço da commodity, que cai cerca de 4%.

No radar da companhia, o governo federal estendeu até abril o prazo para a apuração e a liquidação de créditos e débitos existentes entre a União e os beneficiários ao final da subvenção econômica para a comercialização do óleo diesel rodoviário.

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O prazo para fechar as contas para pagamento às empresas produtoras e importadoras de diesel pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) terminaria até o último dia útil de janeiro de 2019. A extensão do período consta de decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, dia 28.

Pela regulamentação, o pagamento da subvenção à Petrobras e demais fornecedores é feito pela União, via ANP, após fechamento mensal da conta gráfica dos produtores e importadores. O programa de subsídio ao combustível, baixado em maio do ano passado pelo governo de Michel Temer para pôr fim a paralisação de caminhoneiros, foi encerrado em dezembro.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, vai iniciar as discussões com o novo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o total de participação da União que será diluído dentro do plano de capitalização da empresa. As informações são do jornal Valor Econômico. Ainda não está claro se o novo plano resultará na venda do controle da elétrica, mas o executivo, defensor da privatização, pretende mostrar ao governo que a desestatização trará mais valor para as ações da companhia que ficarão nas mãos da União. 

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Ainda sobre o setor de energia, a bandeira tarifária nas contas de luz para fevereiro será verde, sem custo para os consumidores, a exemplo do que aconteceu em janeiro, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

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Banco Inter (BIDI4)

As ações do Banco Inter seguiram a queda observada na quinta-feira pós-divulgação de resultados do quarto trimestre. A instituição bancária registrou lucro líquido contábil de R$ 22,3 milhões no quarto trimestre de 2018, o que representa um crescimento de 5% em relação ao mesmo período de 2017. No critério recorrente, que exclui a reversão do diferimento de CSLL no quarto trimestre e no ano de 2018, o lucro foi de R$ 26,7 milhões, crescimento de 25,6% em um ano. Em todo 2018, o Banco Inter fechou com ganhos de R$ 74,2 milhões no critério recorrente, alta de 38% ante 2017.

Ambev (ABEV3)

A Ambev disparou na bolsa após o Goldman Sachs reiterar recomendação de compra para a ação. De acordo com os analistas do banco, embora os resultados da Ambev no quarto trimestre ainda não tenham sido
divulgados e possam ser desafiadores, a expectativa é de que as ações vejam uma recuperação significativa em 2019. Como o cenário macroeconômico deve continuar melhorando no Brasil, a Ambev deve voltar a ser “um dos principais e mais líquidos veículos de investimento” a ganhar exposição com a recuperação, mostrando melhora nos resultados operacionais, destacam os analistas. 

IMC (MEAL3)

A IMC informou que o montante por ação, referente à restituição aos acionistas em decorrência da redução de capital da Companhia, foi alterado em função da redução no número de ações de emissão da Companhia mantidas em tesouraria.

Assim, será pago aos acionistas da Companhia, a título de restituição de parte do valor de suas ações, o montante atualizado de R$ 0,6313917 por ação (anteriormente o valor era de R$ 0,6328581 por ação), sendo certo que do valor da redução de capital será descontado o valor dos tributos, conforme legislação aplicável.

“Todos os prazos e procedimentos informados no comunicado ao mercado divulgado pela Companhia em 22 de janeiro de 2019 permanecem inalterados”, informou a IMC.

TIM (TIMP3)

A TIM emitiu R$ 1 bilhão em debêntures a 104,10% do CDI. A oferta é para investidores qualificados, com vencimento em julho de 2020. A remuneração é de 104,10% do CDI e o coordenador líder é o banco Itaú BBA.

Lojas Renner (LREN3)

A Lojas Renner comunicou que dará continuidade a sua expansão internacional, anunciando a abertura de até três lojas na Argentina no segundo semestre de 2019.

“A escolha da Argentina justifica-se pelo tamanho daquele mercado, pelo ambiente competitivo favorável e pelas oportunidades comerciais do Mercosul, assim como pela similaridade e proximidade com a região Sul do Brasil, onde estão localizados a sede administrativa e um dos centros de distribuição da Lojas Renner”, destacam os analistas. 

Oi (OIBR3;OIBR4)

A Oi informou que concluiu o aumento de capital no valor de R$ 4 bilhões, um dos passos de seu plano de recuperação judicial.

Em fato relevante, a companhia diz que ocorreu a subscrição e integralização da totalidade das 3.225.806.451 novas ações ordinárias emitidas na operação. A conclusão se deu após período de sobras, com a subscrição no último dia 25 de janeiro de 1.604.268.162 ON.

Na mesma data, foram subscritas e integralizadas mais 272.148.705 ações ordinárias relativas ao compromisso com investidores e administradoras de fundos de investimentos (os chamados Investidores Backstoppers) ao preço de R$ 1,24 cada, sob a forma de American Depositary Shares.

Ao final, o capital da companhia passou a ser de R$ 32.538.937.370,00, representado por 5.954.205.001 ações, sendo 5.796.477.760 ações ordinárias e 157.727.241 preferenciais.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.