Usiminas (USIM5): JPMorgan corta recomendação para neutra e vê desafios para a empresa; ação cai 6%

Analistas veem maior risco ao fluxo de caixa com reformas que empresa terá que fazer em alto-forno e operações de bateria de coque

Lara Rizério

Publicidade

Os analistas do JPMorgan reduziram a recomendação para a ação de Usiminas (USIM5) de overweight (exposição acima da média, ou equivalente à compra) para neutra, com um novo preço-alvo de R$ 8,50 para o ativo (ante R$ 12). Com isso, as ações USIM5 caíram 6,12%, a R$ 6,90, nesta segunda-feira (19).

“Continuamos construtivos com a cadeia de valor do aço/minério de ferro (com um sentimento positivo com a tese de reabertura da China) que deve sustentar os preços das commodities no primeiro trimestre de 2023 (1T23). No entanto, outros fatores estão nos levando a ser mais cautelosos com a Usiminas”, apontam os analistas.

Além do impacto negativo das taxas mais altas de juros para a demanda doméstica, os analistas esperam custos mais elevados e riscos operacionais relacionados à reforma de suas baterias de coque e  do Alto-Forno 3,que podem prejudicar o fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês), mantendo os investidores longe da Usiminas.

Assim, os analistas reduziram as suas estimativas e rebaixaram a Usiminas para neutro. O JP  projeta um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em 2023 de R$ 2,911 bilhões, queda anual de 38% e 7% abaixo do consenso Bloomberg. A Gerdau (GGBR4) segue sendo a principal escolha no setor para o banco, com recomendação overweight.

“A Usiminas enfrenta um número de desafios. As altas taxas de juros pesam sobre a demanda dos aços planos domésticos
e, embora a demanda automotiva deva se recuperar em 2023, deve ser compensada por descontos de preço nas negociações de preços anuais com fabricantes automotivos (os preços à vista do aço estão cerca de 30% abaixo dos preços contratados de 2022)”, avalia o banco.

Todas as siderúrgicas foram impactadas negativamente pelos preços mais altos do carvão, mas os impactos para Usiminas foram exacerbados pela maior depreciação de seus ativos.

Continua depois da publicidade

“Além disso, enquanto vemos a reformulação de seu Alto-Forno 3 como uma etapa necessária, maior investimento em capital (capex) e a demanda de capital de giro pesarão sobre o FCF no curto prazo”, avaliam os analistas. No todo, o JP espera que o mercado interno registre ventos contrários, com margens mais baixas e maior demanda de capital de giro pesando mais na tese da Usiminas em 2023. A CSN (CSNA3), assim como Gerdau, tem recomendação overweight.

As ações da Gerdau fecharam em queda de 1,39% (R$ 29,75), enquanto CSN teve perdas de 2,01% (R$ 13,632) durante a sessão.

Cabe destacar que hoje o dia foi negativo para o setor de mineração e siderurgia, com as ações da Vale (VALE3) também caindo 0,36%, a R$ 85,37, apesar do dia de forte alta do Ibovespa.

Continua depois da publicidade

Os preços do ingrediente siderúrgico minério de ferro e os futuros do aço na China caíram nesta segunda-feira, com o aumento dos casos locais de Covid-19 levando os traders a registrar algum lucro de um rali recente estimulado pela flexibilização das restrições ao coronavírus.

A maior produtora de aço, a China, está na primeira de três ondas esperadas de casos de Covid-19 neste inverno, de acordo com o principal epidemiologista do país, forçando muitas pessoas a ficar em casa.

O contrato do minério de ferro mais negociado para entrega em maio na Dalian Commodity Exchange da China encerrou a sessão com queda de 3,7%, a 793,50 iuanes (US$ 113,75) a tonelada.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.