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As ações da Usiminas (USIM5) desabaram mais de 20% após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) abaixo do esperado, além das estimativas de custos desanimadoras e com as falas de executivos em teleconferência não ajudando a melhorar o sentimento sobre os ativos. Os papéis fecharam em queda de 23,55%, a R$ 6,33, aproximando-se das mínimas desde outubro de 2023.
A siderúrgica encerrou o segundo trimestre de 2024 com prejuízo líquido de R$ 100 milhões, revertendo assim o lucro de R$ 287 milhões apurado no mesmo período de 2023 e o lucro R$ 36 milhões do primeiro trimestre do ano.
De acordo com a Usiminas, o prejuízo líquido foi decorrente da piora do resultado operacional, além do efeito da desvalorização do real frente ao dólar na dívida. O efeito, acrescenta a empresa, foi parcialmente compensado por efeitos não recorrentes que totalizaram R$ 77 milhões positivos, afetando tanto o desempenho operacional quanto financeiro.
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O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciação) ajustado da Usiminas somou R$ 247 milhões, valor 33% menor ante o segundo trimestre de 2023. A margem Ebitda ajustada foi de 4%, frente aos 5% registrados um ano antes.
A receita líquida da Usiminas caiu 8% no comparativo anual, chegando a R$ 6,350 bilhões. No comparativo trimestral, contudo, houve avanço de 2%. Segundo a companhia, o aumento foi decorrente da receita líquida apurada pela unidade de mineração, que apresentou elevação de 16% no período e foi impactada positivamente pelos mecanismos de precificação e câmbio, apesar da queda de 10% nos preços de referência da Platts para o minério de ferro. O capex totalizou R$ 231 milhões no segundo trimestre de 2024, valor 74% menor ante igual período do ano anterior e 14% inferior na comparação trimestral.
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O caixa consolidado da Usiminas somou R$ 5,605 bilhões ao final do período, 13% superior ante um ano e 2% menor comparado ao trimestre anterior. O fluxo de caixa, por sua vez, foi de R$ 150 milhões.
Na visão da XP, o balanço foi considerado pouco inspirador. O desempenho refletiu o fraco movimento na divisão de aço. Mesmo com melhores resultados de mineração, o efeito negativo foi só parcialmente mitigado. A expectativa de investidores, de acordo com a análise da corretora, era que fossem divulgados mais detalhes sobre a melhoria de custos para o 3T24. No entanto, isso não aconteceu e teria sido a maior decepção da divulgação, na visão dos analistas.
“Com altas expectativas sobre o potencial de redução de custos esperado para o 3T24, vemos as indicações de resultados de hoje como insuficientes para implicar uma melhora significativa do Ebitda no próximo trimestre, com o contínuo enfraquecimento do real (embora parcialmente mitigado por ganhos de eficiência operacional) exigindo a necessidade de aumentos de preços para impulsionar a recuperação esperada nos níveis de rentabilidade das operações siderúrgicas”, afirma a análise da XP.
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De acordo com o Bradesco BBI, o destaque negativo ficou para o Ebitda ajustado, que ficou 22% abaixo do consenso e 34% abaixo da projeção do mercado. A diferença em relação ao modelo é explicada principalmente pelos resultados mais fracos do que o esperado em sua divisão de aço.
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“Observamos que os preços e despesas realizados do aço no trimestre foram piores do que nossas expectativas. Também observamos que os preços realizados do aço caíram 1% no trimestre no 2T24. Quanto à sua divisão de mineração, o Ebitda se recuperou 84% na base trimestral para R$ 153 milhões no trimestre, impulsionado por preços realizados mais fortes (+17% na base trimestral) e volumes ligeiramente melhores”, avaliam os analistas do BBI.
O Ebitda da Usiminas ficou 40% abaixo da estimativa do Itaú BBA, que ressaltou preços realizados mais fracos do que o esperado no mercado siderúrgico nacional.
Para o 3T24, a Usiminas está com guidance para um Ebitda trimestral mais alto em sua divisão de aço, impulsionado principalmente por volumes/preços mais fortes e custos mais baixos (já que menores custos de matéria-prima e ganhos de eficiência podem compensar o real mais fraco), segundo o BBI.
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Já o BBA ressalta que as expectativas da empresa de custos estáveis na divisão siderúrgica especificamente seriam uma decepção para os investidores, que estavam mais otimistas sobre maiores ganhos de eficiência.
Na mesma linha, o guidance para custos no 3T foi uma grande decepção na visão do Goldman Sachs, pois se esperava que os efeitos positivos da retomada do alto-forno 3 levassem a uma melhoria de custo mais significativa. Mais especificamente, a empresa investiu o equivalente a 30% de seu valor de mercado no forno e, ainda assim, as margens do aço são mornas, apenas 2%, deixando a empresa dependente de melhores condições de mercado para lucratividade. “Esperávamos que o investimento permitisse que a empresa fosse muito mais competitiva e lucrativa em diferentes condições de mercado”, apontou.
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Sinalizações em teleconferência
O BBI apontou que, embora já esperasse uma reação negativa do mercado a esses resultados, os olhos estariam voltados para o tom dos executivos durante a teleconferência – já que a magnitude das melhorias trimestrais mencionadas no guidance da empresa ainda não estava clara. O banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) e continua esperando que seu momentum de lucros acelere no segundo semestre.
Na teleconferência, a empresa atribuiu a depreciação do real frente ao dólar e a alta importação do aço como um dos principais motivos do desempenho ruim. Segundo Marcelo Chara, CEO da companhia, a desvalorização da moeda brasileira pressiona os custos de insumos e matéria-prima, que tem alto componente do dólar, incluindo carvão, coque, minério e semielaborados.
Nesse terceiro trimestre, Chara prevê aumento do volume no mercado interno acompanhando um esperado maior nível de atividade econômica. “No cenário internacional, indicam poucas oportunidades do mercado de exportação, exceto nos mercados regionais, com produtos de alto valor agregado”, disse. Com a forte pressão nos custos de insumos e matéria-prima com a depreciação do real, o CEO afirma que é chegada a hora de revisão de preços do aço vendido pela companhia. O aumento de preço, segundo empresa, deve ficar entre 5% a 7%, com aplicação ainda nesse trimestre.
(com Estadão Conteúdo)