Usiminas: depois da derrocada no 2T24, USIM5 deve ter melhora – mas longe do ideal

Dinâmica de guerra de preços entre o aço doméstico versus o importado segue dando o tom para a siderúrgica

Equipe InfoMoney

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Dia 26 de julho. Nesta sessão, as ações da Usiminas (USIM5) amargaram queda superior a 23% e fecharam a R$ 6,33, após a divulgação de resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) com pouco brilho e estimativas de custos desanimadoras. Desde então, ainda que algumas projeções mais otimistas para a siderúrgica tenham levado a pregões de ganhos, os papéis pouco andaram.

Por sinal, caíram marginalmente: no fechamento da última quarta-feira (23), USIM5 fechou a R$ 6,27, um valor 0,95% menor na comparação com a sessão pós-tombo dos ativos, refletindo ainda o cenário de dificuldades para a companhia com a forte entrada de aço importado da China.

Os números do 3T24, a serem divulgados na sexta-feira (25) antes da abertura do mercado darão o tom sobre a evolução dos números da companhia, com a expectativa de recuperação dos dados da empresa, ainda que de forma tímida. Para a Genial Investimentos, contudo, os dados ainda podem ser considerados fracos.

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A projeção da casa é de uma receita líquida consolidada de R$ 6,6 bilhões, alta trimestre de 5,1% e anual de queda de 0,6%, destacando-se a contribuição das vendas de aço, diante de maior nível de embarques, que estão em seu modelo no patamar de 1,1 milhão de toneladas (+6,6% ante 2T24 e 8,8% frente 3T23), refletindo a (i) melhora decorrente da sazonalidade típica dos 3Ts e (ii) demanda um pouco mais elástica para o segmento automotivo.

A divisão de mineração, por outro lado, deve apresentar queda, refletindo o cenário desafiador no mercado de minério de ferro canalizado por demanda chinesa, mais arrefecida.

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A Genial aponta que a Usiminas é a empresa de sua cobertura mais influenciada pela dinâmica de guerra de preços entre o aço doméstico versus o importado. O nível de exportação de aço pelas usinas chinesas continua muito alto, diante de um consumo interno sem força.

“Acreditamos que as perspectivas de expansão da companhia no curto prazo são limitadas, com a recuperação vinculada a melhorias macroeconômicas mais amplas influenciadas pela economia chinesa, que parecem distantes da realidade. Além disso, nossa análise indica uma pressão contínua sobre os custos da companhia”, aponta.

Na divisão de aço, o custo dos produtos vendidos (COGS) /t (tonelada) projetado é de R$ 5.302/t (-0,9% trimestralmente), refletindo um pequeno ganho de eficiência, mas ficando aquém das fortes reduções de custos previstas no início deste ano pelo consenso.

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Enquanto isso, os desafios de curto prazo permanecem significativos, com a (i) forte concorrência com o aço chinês e (ii) a pressão de custos operacionais limitando o potencial de valorização das ações. Assim, os analistas avaliam que os investidores possam demorar a se interessar novamente pelas ações, diante do forte impacto negativo causado pelo não atingimento das expectativas que uma parcela do mercado colocou na redução de custo após a reforma do Alto-forno 3 (AF3). A recomendação da Genial para USIM5 é de manutenção, em linha com outras 5 casas que cobrem o papel, segundo o consenso LSEG. Essa é a recomendação majoritária para USIM5, que ainda conta com 2 recomendações de venda e 3 de compra.

A XP também espera melhora nos resultados do 3T24, mas ainda em níveis pressionados, com Ebitda de R$ 303 milhões, alta trimestral de 23%. Para o aço, projeta: (i) volumes de aço em 1,1 milhão de tonelasas (+8% frente 2T24); (ii) uma melhora no custo em dinheiro por tonelada no 3T24 (-3% na base trimestral); apesar de (iii) preços estáveis, com Ebitda alcançando R$ 230 milhões no 3T24. Também projeta números mais baixos para as operações de mineração, refletindo preços realizados de minério de ferro mais baixos (-15% em dólar no trimestre), com custos e volumes estáveis.

O Itaú BBA projeta Ebitda de R$ 400 milhões (aumento de 62% no trimestre), sustentado principalmente por resultados mais fortes na divisão de aço, enquanto os números em mineração deverão cair sequencialmente, impactados por menores preços realizados no segundo trimestre.