Unifique (FIQE3) e Desktop (DESK3): XP analisa potenciais combinações de negócios entre ISPs, citando receitas e alta de liquidez

Empresas negociam a um valor bem abaixo do preço do IPO, mesmo acumulando altas em 2023

Mitchel Diniz

(Envato/leungchopan)
(Envato/leungchopan)

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Ações de provedores de serviços de internet (ISPs, na sigla em inglês) listadas na Bolsa acompanham a recuperação do mercado acionário brasileiro e acumulam alta em 2023 até agora.  Desde o começo do ano, os papéis da Desktop (DESK3) se valorizaram mais de 80%. O preço de hoje, no entanto, ainda é 40% menor que o da estreia na Bolsa. Unifique (FIQE3) ainda vale menos que a metade da cotação do IPO, mas subiu cerca de 9% este ano. Brisanet (BRIT3) acumula ganhos de mais de 3% no período – contudo, se desvalorizou mais de 80% desde o IPO.

Duas dessas empresas são acompanhadas pela XP e tiveram preço-alvo definido para o final de 2024, levando em conta o momento de consolidação do setor e o potencial de ganhos com sinergias. Para FIQE3 o valor de 2023, de R$ 7,50, foi mantido. Para DESK3, o target ficou em R$ 21 (ante preço-alvo de R$ 19 para este ano).

Bernardo Guttman e Marco Nardini avaliam que Desktop foi a mais agressiva no processo de consolidação. A empresa fez seis aquisições, nos últimos dois anos, aumentando sua base no interior de São Paulo em 390 mil clientes inorgânicos. Numericamente, a Unifique fez mais aquisições no período – foram 15, no total, porém compras menores, que trouxeram 275 mil clientes no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

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“Contudo, observando o crescimento orgânico, ambas as companhias desaceleraram, especialmente Unifique “, apontam os analistas, citando também o impacto da conjuntura macroeconômica mais fraca no setor de fibra óptica. Para Guttman e Nardini, essa cenário acaba sendo mais favorável para provedores maiores entrarem no movimento de consolidação.

Para os analistas, o segmento está entrando em uma fase de consolidação entre as grandes plataformas regionais que buscam se tornar um player nacional.

Levando em conta que as ações de Unifique e Desktop sofreram uma depreciação considerável desde que estrearam na Bolsa, os analistas da XP acreditam que faria sentido se essas companhias unissem forças em uma fusão. A operação também seria mais simples por ambas já serem empresas listadas.

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Também há uma série de outros aspectos que favorece uma fusão. Unifique e Desktop têm pouca sobreposição de rede, já que a primeira opera majoritariamente no sul do país, enquanto a outra está presente no interior de São Paulo. Além disso, a Unifique é pouco alavancada.

“Além disso, a nova empresa teria maior liquidez, o que é atualmente é um importante revés dos investidores em relação as ações dos ISPs”, dizem os analistas. Eles observam que os múltiplos baixos das ações de ambas as empresa hoje também refletem um desconto de baixa liquidez.

A combinação de negócios também tem potencial para acelerar o crescimento de receitas. “Vemos Desktop contribuindo com uma tração comercial na região onde Unifique atua”, afirma a equipe de análise da XP. “Por outro lado, Unifique traz complementariedade no negócio B2B [para empresas] e expertise em gestão de rede”.

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Assim, a XP estima um crescimento da ordem de 8% para cada empresa, considerando uma margem Ebitda combinada de 50%.

Para provedores não listados, como Vero e AmericaNet, a ausência de janelas para IPO’s pode favorecer uma combinação de negócios entre as plataformas.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados