Ultrapar: mudanças na governança e recomendação elevada; UGPA3 sobe após Investor Day

Mercado revisa estimativas para distribuidora de combustíveis após o Investor Day

Equipe InfoMoney

Posto Ipiranga (Foto:  Divulgação)
Posto Ipiranga (Foto: Divulgação)

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Diversos analistas revisaram as suas visões para a Ultrapar (UGPA3) após o Dia do Investidor realizado na sexta-feira (6) da semana passada.

Em destaque, o Santander elevou a recomendação de UGPA3 de neutra para outperform (desempenho acima do mercado), com preço-alvo de R$ 31 por ação, com base nas mensagens positivas transmitidas pela administração durante o evento. Com isso, os ativos UGPA3 avançaram 3,34% (R$ 23,79).

Os analistas do banco acreditam que (i) a estratégia de holding da Ultrapar está evoluindo bem e deve continuar gerando valor para os acionistas; (ii) o impulso nos lucros permanece forte, especialmente na distribuição de combustíveis, enquanto a redução nas práticas ilegais por outros players também pode aumentar as margens e/ou a participação de mercado; e (iii) o desempenho abaixo do preço das ações nos últimos meses abriu uma oportunidade atraente, na visão do banco, já que agora vê as ações sendo negociadas com um desconto de cerca de 30% em relação à sua avaliação histórica de 10 anos.

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A estratégia da Ultrapar como uma holding está evoluindo bem, na opinião do banco, e deve continuar a impulsionar melhorias nos retornos.

“Desde o retorno de Marcos Lutz [CEO], a Ultrapar tem passado por uma mudança significativa na estratégia, com foco na descentralização da tomada de decisões através de uma estratégia semelhante a uma holding (em vez de um conglomerado anteriormente). Acreditamos que isso deve continuar a gerar valor e melhorar os retornos, além de trazer mais alinhamento entre executivos e acionistas”, avalia o Santander.

Durante o Dia do Investidor da Ultrapar, o Santander ressalta que discutiu com a administração como as subsidiárias (i) agora são geridas por um conselho de diretores individual (com a administração da Ultrapar ainda mantendo supervisão), e (ii) ganharam autonomia na estrutura de capital e alocação, o que acredita que deve continuar a se traduzir em mais independência e responsabilidade pelos CEOs e CFOs das empresas subjacentes e deve gerar valor adicional no futuro, na visão do banco.

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Para o Santander, o forte impulso deve continuar, com potencial adicional de alta a partir da redução de práticas ilegais na distribuição de combustíveis. Na distribuição de combustíveis, o banco espera que a Ipiranga continue a se beneficiar do forte impulso nos lucros, impulsionado pelo ambiente competitivo saudável no setor, pela concorrência na aquisição (Petrobras PETR4 versus combustíveis importados) e por estoques mais baixos em toda a cadeia, o que acredita que pode se traduzir em uma margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita) de cerca de R$ 150/m³ no 3T24.

“Além disso, vemos positivamente os esforços contínuos para combater práticas ilegais e distorções fiscais no setor, que podem impulsionar ganhos de margem e/ou participação de mercado pelos players que atuam dentro das regras e, eventualmente, uma reavaliação das ações no setor. Para a Ultragaz e Ultracargo, esperamos continuidade na estratégia, mas destacamos nossa expectativa de melhoria trimestral nos resultados da Ultragaz. Para a Hidrovias do Brasil HBSA3, vemos a administração trabalhando em conjunto com a administração anterior para mitigar condições de navegabilidade voláteis, enquanto apoia oportunidades de crescimento de médio/longo prazo no Corredor Norte”, aponta o banco.

O UBS BB, por sua vez, cortou o preço-alvo para os ativos de R$ 33 para R$ 32, mas manteve recomendação de compra.

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Os destaques do Investor Day

Já o Bradesco BBI tem recomendação neutra para UGPA3, ainda que com preço-alvo de R$ 33, ressaltando os principais destaques:

Mudanças de governança. As subsidiárias da Ultrapar terão seus próprios conselhos, compostos pelo CEO da Ultrapar, Marcos Lutz, e pelo CFO Rodrigo Pizzinatto, os CEOs das subsidiárias e dois membros independentes do conselho da Ultrapar. Na visão da Ultrapar, isso acelerará o processo de tomada de decisão da empresa, pois as decisões serão mais refinadas quando apresentadas ao conselho da Ultrapar, além de melhorar a governança das subsidiárias.

O BBI acredita que as mudanças na governança corporativa devem ajudar a agilizar o processo de tomada de decisão da Ultrapar no nível de subsidiária e moldar as empresas para eventuais oportunidades de IPO. Além disso, vê que o cenário para a distribuição de combustíveis provavelmente foi mais virtuoso no 3T24 do que no 1S24 após a oferta e demanda mais equilibradas por diesel; como resultado, projeta que as empresas de distribuição de combustíveis capturem maiores fluxos.

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Ipiranga. Os esforços da empresa no fortalecimento de suas redes de revendedores têm dado frutos, como evidenciado pelo reconhecimento da marca e pela satisfação dos revendedores. Para o 3T24, a empresa está vendo a relação oferta versus a demanda equilibrada por diesel em contraste com os altos níveis de estoque observados em toda a indústria durante o 1S24. Por sua vez, a informalidade continua sendo o principal desafio do setor, em que players que não cumprem todas as regulamentações do setor ainda ocupam 17% de participação de mercado. Por fim, no nível das empresas, as oportunidades de expansão de margem estão na redução de SG&A (despesas com vendas, gerais e administrativas) e na eficiência logística.

Hidrovias do Brasil. A Ultrapar terá 40% de participação na Hidrovias após seu aumento de capital. Para o CEO da Ultrapar, Marcos Lutz, a empresa não vê necessidade de aumentar sua participação acima desse patamar neste momento e Lutz já faz parte do conselho da Hidrovias, assim como o CFO Rodrigo Pizzinatto e a Diretora Jurídica Marina Guimarães Moreira Mascarenhas.

Ultracargo. O crescimento da produção de etanol de milho deve ser um forte impulsionador para a armazenagem de granéis líquidos da empresa, já que o etanol de milho flui do Mato Grosso, onde a empresa tem uma base em Rondonópolis-MT, para o sudeste, onde a Ultracargo tem uma base em Paulínia-SP e Santos-SP; por sua vez, o diesel flui do Sudeste, onde as importações entram no Brasil, para o centro-oeste. A empresa também tem bases estratégicas em terminais portuários em Itaqui-MA e Vila do Conde-PA, que também devem se beneficiar do crescimento das importações brasileiras de combustíveis. Como resultado, a Ultracargo deve aumentar sua capacidade estática em 15% até 2025 com expansões em suas bases de Santos-SP, Rondonópolis-MT, Palmeirante-TO e Itaqui-MA.

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Ultragaz. A distribuidora de GLP ainda está capturando sinergias da integração de bases com a Supergasbras e espera que sinergias anuais de R$ 50 milhões comecem a ser totalmente capturadas em 2025. A Ultragaz também está avançando em suas estratégias de biometanoe gás natural comprimido (GNC) e já tem 250 mil m3/d em capacidade de compressão de gás, 6 bases de compressão e mais 220 mil m3/d em contratos de biometano com mais de 10 contratos assinados.

Alocação de capital. A administração da Ultrapar não descarta novos movimentos estratégicos, como a aquisição de participação na Hidrovias. No entanto, não há pressão do conselho para anunciar novos investimentos, mesmo considerando que a alavancagem da empresa permanece confortável abaixo de 1,5x. Portanto, a Ultrapar pode anunciar dividendos maiores se isso for visto como a melhor oportunidade de alocação de capital.

O BBI vê que as mudanças na governança corporativa devem ajudar a agilizar o processo de tomada de decisão da Ultrapar no nível de subsidiária e moldar as empresas para eventuais oportunidades de IPO. Além disso, o cenário para a distribuição de combustíveis provavelmente foi mais virtuoso no 3T24 do que no 1S24 após a oferta e demanda mais equilibradas por diesel; como resultado, projeta que as empresas de distribuição de combustíveis capturem maiores fluxos.