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“Tudo está barato na Bolsa, mas preferência é por Itaú”, avalia JPMorgan sobre setor

Estrategistas do JPMorgan se encontraram com investidores locais e, após conversas sobre setor financeiro, coincidiram na preferência pelos ativos do Itaú

Felipe Moreira

Investimentos em tecnologia dentro de bancos cresceram 29% no acumulado de um ano. Foto: Pixabay
Investimentos em tecnologia dentro de bancos cresceram 29% no acumulado de um ano. Foto: Pixabay

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Apesar de considerar que “tudo está barato” entre as ações do setor financeiro da Bolsa brasileira, os investidores estão pessimistas, ressalta o JPMorgan após encontro com institucionais em São Paulo e no Rio de Janeiro.

“No geral, o clima foi muito negativo, provavelmente o mais negativo que vimos nos investidores nos últimos 12 meses. Embora tenhamos ouvido em diversas reuniões que ‘tudo está barato’ e a maioria dos locais concorde que partes do setor financeiro, notadamente os bancos e seguradoras, devam ter um bom desempenho em ambientes de taxas mais altas, o pessimismo é impulsionado pelo ruído político, pelo desempenho de nomes sensíveis às taxas mais altas e resgates contínuos da indústria”, avalia o banco.

O Itaú Unibanco (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11) foram os destaques positivos em conversas do banco com investidores locais. Nubank (ROXO34) também é um tópico comum, embora não tão consensual entre os locais como em pesquisa anterior. Além destes, o banco viu mais interesse por Inter (INBR32), pagamentos e seguradoras desta vez, enquanto XP (XPBR31) e B3 (B3SA3) – considerados nomes mais sensíveis a taxas de juros – não aparecem entre as preferências m meio ao cenário de menor corte dos juros pelo Banco Central.

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Compartilhando a visão dos institucionais, o JPMorgan aponta preferência pelo Itaú no setor financeiro, ressaltando o dividend yield (rendimento de dividendos, ou dividendo sobre o valor da ação) de cerca 9% e o múltiplo de Preço/Lucro (P/L) de 6,8 vezes para 2025.

Segundo o JPMorgan, se o Itaú decepcionar no crescimento de empréstimos, poderá ser visto como um player de dividendos. Se surpreender no crescimento de empréstimos, entregará uma melhor dinâmica de lucros. Além disso, o JPMorgan acredita que taxas mais altas podem ser um vento favorável no curto prazo.

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Para o BTG, o JPMorgan comenta o banco que vem ganhando participação de mercado na maioria dos produtos, mas vê como mais dependente de taxas do que o Itaú e acredita que o prêmio de avaliação em relação ao Itaú não é justificado, considerando a diferença de lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) e retorno sobre patrimônio líquido (ROE).

Ainda assim, o capital excedente crescente e investimentos minoritários recentes na Pershing Square foram tópicos constantes, assim como potenciais alvos de M&A (fusões e aquisições).

O JPMorgan acredita que o Nubank passou de uma posição fraca para uma posição mais central entre alguns locais nos últimos anos. Mas acredita que alguns locais reduziram recentemente sua exposição. No entanto, segundo o relatório, vários investidores permanecem positivos na tese e nos fundamentos de longo prazo: (i) ganhador de participação de mercado com vantagem competitiva de custo para servir; (ii) gestão; (iii) oportunidade de expandir produtos e geografias.

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As discussões pessimistas, por sua vez, permanecem em torno dos mesmos tópicos discutidos nos últimos dois anos (i) qualidade dos ativos e (ii) potencial pressão de venda de Venture Capital (VC) / Private Equity (PE). O México é o tópico mais comum discutido com os locais.

A equipe de research do banco também viu alguns investidores positivos com PagSeguro (PAGS34), discutindo que seu pequeno prêmio de P/L é merecido, pois a empresa tem apresentado resultados mais fortes.

Apesar das taxas de juros altas por mais tempo, o JPMorgan espera que o crescimento do EPS será resiliente se esses nomes continuarem a entregar crescimento de depósitos e crédito com dinâmicas de precificação “saudáveis” no núcleo.

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Do mesmo setor, recentemente, o JPMorgan elevou Stone (STOC31) para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) devido a sua taxa de crescimento anual composta (CAGR) de lucro por ação de 20% a 9 vezes P/L para 2025.

O banco também observou alguns investidores se tornando mais construtivos sobre o momento positivo de ROE (retorno sobre o patrimônio) do Inter (INBR32), mas destaca que a recuperação permanecerá gradual e a avaliação já reflete algum sucesso. Além disso, acredita que a barra em relação a 2023 não é tão baixa quanto alguns investidores pensam, pois InterLoop, controle de custos e ganhos contratuais ajudando outras receitas foram um bom vento favorável no ano passado.

Para seguros, os juros mais altos por mais tempo “geralmente significam maior interesse por empresas do setor”, avaliam analistas. Renovação de contratos para BB Seguridade (BBSE3), resiliência do índice de sinistralidade para o setor agro e auto, e impactos das enchentes no RS foram tópicos em algumas reuniões.

Já com o Bradesco (BBDC4), a maioria ainda continua muito cética. Os otimistas estão construtivos quanto à recuperação de margem e à gestão sendo mais vocal sobre o crescimento dos empréstimos, enquanto os pessimistas estão preocupados com a posição de capital e o Bradesco sendo potencialmente uma armadilha de valor.