Publicidade
Para o time de analistas do setor de varejo da XP, as varejistas podem ter um impulso pouco usual, que no primeiro momento não parece interferir muito no setor, em 2024: a regulação das apostas online.
No fim de 2023, o Congresso nacional aprovou um projeto de lei que regulamenta as apostas esportivas on-line, as chamadas bets. Já agora, em 2024, a lei entrou em vigor, fora o fato de autoridades estarem apertando o cerco contra os “cassinos online” – outro segmento, este não permitido.
“É um tópico que tem sido cada vez mais mencionado por empresas e investidores como um possível desafio à renda disponível dos consumidores”, fala a equipe da casa.
Segundo uma pesquisa recente realizada pela Futuros Possíveis envolvendo aproximadamente 1.600 participantes no Brasil trazida no relatório, 36% dos entrevistados já realizaram apostas online e, destes, 78% dos participantes se envolvem em apostas online de maneira frequente ou ocasional, com destaque para a região Nordeste do Brasil.
Leia também:
XP vê desafios, mas “tempo se abrindo” para varejo; confira recomendações de ações do setor
Continua depois da publicidade
80% dos apostadores afirmam gastar até R$100 por aposta e a maioria dos usuários de baixa renda limita seus gastos a menos de R$50 por aposta, um dado que está em consonância com a estimativa de R$58 por mês sugerida por um estudo recente da QualiBest. Hoje há a estimativa de que o total de apostas no mercado brasileiro responda a 1% do PIB, ou cerca de R$ 100 a R$ 120 bilhões.
“Este comportamento de aposta adquire uma relevância adicional quando consideramos os gastos discricionários das classes de baixa renda. Conforme dados do IBGE, aproximadamente 22% do orçamento mensal de famílias de baixa renda é destinado a despesas discricionárias, o que representa cerca de R$286 por mês, baseado no salário mínimo vigente”, fala o time de Eigger. “Assim, ao analisar as estimativas citadas, percebe-se que as apostas esportivas online, com um gasto médio mensal de R$58, representam por volta de 20% do orçamento discricionário dessas famílias”.
Agora, a recente regulamentação do setor, junto da tributação implementada, pode rebalancear o cenário. O imposto de 15% a ser cobrado sobre os ganhos obtidos nessas plataformas, na visão da corretora, pode tornar os gastos com apostas marginalmente menos atraentes, especialmente para usuários de baixa renda, e liberar renda para ser gasta em outros lugares – inclusive no varejo.