Publicidade
Desde que atingiu o fundo do poço (ou suporte, pela análise técnica) neste ano, o Ibovespa vem em uma incrível recuperação. Entre o dia 23 de março e a máxima desde ano, aos 121.771 pontos (região de resistência), atingida no pregão desta segunda-feira (24), a Bolsa soma uma valorização superior a 25%, em pouco menos de 90 dias.
A intensidade da valorização traz o questionamento sobre até onde pode ir os ganhos do Ibovespa. Para tentar identificar o atual movimento de alta da Bolsa, o InfoMoney consultou analistas técnicos para traçar o atual momento, com base na teoria das Ondas de Elliott.
A Teoria das Ondas foi desenvolvida nos anos 30 pelo contador Ralph Nelson Elliott, que compilou 75 anos de dados dos índices acionários dos EUA. Basicamente, o “Princípio das Ondas“, livro lançado em 1938, aponta que, embora os padrões da Bolsa pareçam aleatórios, há certos padrões previsíveis.
Conforme Elliott, o mercado tem um padrão de cinco ondas de avanço e três ondas de declínio. Essas oito podem ser divididas em cinco e três ondas, às quais ainda podem ser decompostas por 21 e 13, respectivamente, assim como mostra o gráfico abaixo.
Padrão das Ondas de Elliott
As Ondas 1, 3 e 5 seguem a tendência principal e são chamadas de ondas de impulso. Já as Ondas 2 e 4 são as ondas corretivas. Acabada a Onda 5, o avanço está terminado e três ondas de correção começam, subdivididas por meio da estrutura A, B e C (conforme vista acima). Com o encerramento deste ciclo, um novo pode começar.
Continua depois da publicidade
Uma vez entendido o princípio do ciclo das oito ondas, ou seja, quando o investidor consegue identificar as “cincos” ondas de avanço e as “três” de correção, ele saberá o que esperar do mercado.
Trade hoje: O que esperar do Ibovespa
Diante deste pressuposto, o analista técnico Guilherme Schrepel, da Investimentos 4YOU, destaca que o Ibovespa, com base no gráfico de dois dias (que segue abaixo), neste momento, está dentro de uma tendência de alta, “trabalhando dentro de topos e fundos ascendentes”.
“O Ibovespa fez um topo na região dos 120 mil pontos e iniciou uma Onda 4, e, dentro desse cenário, vem trabalhando na tentativa de rompimento definitivo dos 120 mil pontos, que foi a projeção de 100% de Fibonacci”, destaca ele, analisando o desempenho do Ibovespa até o último fechamento, de sexta-feira, quando subiu 1,81%, aos 121.216 pontos.
Continua depois da publicidade
Dessa maneira, destaca ele, usando como base as Ondas de Elliott, podemos traçar um cenário corretivo em que a onda 4 se apresenta e, dentro desse contexto, temos a região de 115.700 (1), 116.560 (2), 115.081 (3) como suportes.
“Uma próxima onda impulsiva para formação da onda 5 será concretizada caso o mercado consiga romper a região dos 120.518 (o que acontece nesta segunda-feira). Daí, teríamos um próximo alvo em 129.372,58, que é a projeção de 161.8% de Fibonacci. Os próximos cenários poderão se apresentar mais dentro de um contexto mais corretivo, validando as correções de (A) e (B), e projetando uma onda C para um possível teste na região do 121.578“, afirma.
Gráfico de 2 dias Ibovespa, com Ondas de Elliott
Continua depois da publicidade
Analisando o médio prazo, Schrepel assinala, usando como referência o gráfico semanal, que o mercado vem apresentando “um processo de correção no tempo”, ou seja, vem trabalhando dentro uma região, com suporte em 116.559 e resistência em 120.518.
Conforme ele, todas as médias vêm apontando para cima e poderão servir como um possível suporte móvel. “O ponto que destaco dentro do semanal foi justamente o fechamento da semana; com isso, tivemos uma renovação de máximas, que foi de 120.372,77. Isso fez com que o mercado renovasse a máxima das três últimas semanas, mostrando a permanência da força dos compradores”, conclui ele.
Gráfico semanal do Ibovespa, com Ondas de Elliott
Continua depois da publicidade
Ibovespa sem correções significativas
O analista técnico da Top Gain, Matheus Lima, também identifica que o Ibovespa recém passou pela Onda 4, corretiva. “Desde maio, o Ibovespa tem sido impulsionados por uma notável tendência de alta, que, entretanto, não tem sido acompanhada por correções significativas”, analisa.
“Contudo, cabe indagar se estamos à beira de um possível precipício. A análise de Fibonacci abaixo (veja o gráfico a seguir) revela um impasse em duas regiões cruciais: entre 138,2% e 161,8%. Será este o momento crucial para uma potencial correção?”, diz Lima.
Cautela
Dessa forma, Lima ressalta que a abordagem da análise do Ibovespa com base na Teoria de Elliott requer cautela, “pois é sabido que a aplicação de Fibonacci é interpretativa, e cada indivíduo pode estabelecer seus próprios alvos e correções.”
“No entanto, com base em estudos de dias anteriores, percebemos que IBOV tem apresentado uma prolongada tendência de alta, com poucas correções relevantes. Diante disso, uma série de indicadores de oscilação estão demonstrando preocupações com as repentinas altas e a sequência de rompimentos de topos, sugerindo que, após uma pequena correção, o mercado possa se preparar para correções mais significativas”, aponta.
Nesse sentido, ele ressalta que, pela análise do cenário atual – com base no fechamento de sexta-feira – o mercado encontra-se em uma fase de consolidação, delimitada pelos patamares de 116.700 e 120.430.
Assim, de acordo com os estudos das Ondas de Elliott, Lima avalia que essa consolidação é interpretada “como uma Onda 4 complexa, que tem a peculiaridade de trazer maiores desafios e variações em sua formação.”
Gráfico diário do Ibovespa
Entretanto, o analista pontua que um elemento que “suscitou otimismo” entre os investidores foi o sólido movimento ascendente registrado na sexta-feira passada. Nesta segunda-feira (24), o Ibovespa apresenta, novamente, fortes ganhos, acima de 1%, indo aos 121,5 mil pontos.
“Esse impulso ascendente reacendeu a esperança de que a iminente Onda 5 esteja prestes a se desdobrar, almejando romper os níveis de resistência previamente estabelecidos, que são de extrema importância para o mercado”, afirma Lima.
Portanto, acrescenta ele, os indícios presentes no contexto atual apontam para “uma potencial continuação do movimento ascendente; contudo, é imprescindível acompanhar atentamente o comportamento do mercado para confirmar essa previsão e tomar decisões embasadas em análises mais abrangentes.”
Psicologia dos traders
Por fim, Enrico Cozzolino, head de análise na Levante, aponta (veja o gráfico abaixo) que é possível identificar em verde as ondas 1, 2, 3 e 4, que Elliott abordava para descrever os ciclos de mercado e a psicologia dos traders.
“Conseguimos claramente observar as ondas 1 e 3, chamadas por Elliott de ondas impulsivas, que, a partir de maio, iniciaram o movimento de alta no Ibovespa, até os 120 mil pontos.”
Enquanto isso, prossegue Cozzolino, se observa também as ondas 2 e 4, que são chamadas por ele como “corretivas”.
“Isso indica que o mercado fez uma correção, de um respiro da força compradora, a tão conhecida ‘realização de lucros’. Movimento normal dentro de um ciclo de alta.”
Gráfico diário do Ibovespa, com ondas 1 a 4
Consolidação e correção
Cozzolino, contudo, alerta sobre a deflagração da Onda 5, assim como se ela poderá ocorrer neste curto prazo. “O mercado entrou em uma consolidação de preços entre os 116.750 pontos e os 120.300 pontos. Reforçando a cautela tanto dos comprados quanto dos vendidos.”
Assim, pontua ele, há um exercício de “se’s“. “O rompimento dos 120.300 pontos deflagra o começo da Onda 5. Porém, o rompimento do suporte nos 116 mil pontos pode iniciar o processo de correção das ondas A, B e C.”
Neste sentido, aponta o analista da Levante, o primeiro alvo, desta correção, seriam os 114 mil pontos, na onda A (destacado na seta vermelha – no gráfico acima –, antiga resistência relevante que vira suporte, pelo conceito da bipolaridade.)
Seguindo, Cozzolino acrescenta que a Onda B se apresentaria em um repique de preços até os 116 mil pontos; análogo à onda impulsiva na tendência de alta, “sendo este cenário uma correção de mercado”. “E, então, poderíamos, enfim, destacar a Onda C“, completa ele a análise, se referindo às “ondas de declínio“.
Assim, do ponto de vista de probabilidade de ocorrência, esse seria um cenário de menor probabilidade, porém possível, reforça ele, sobre as ondas de declínio.
“Enquanto isso, trabalhamos dentro do movimento de consolidação, aguardando entre Onda 5 ou ABC“, finaliza a análise.
Saiba mais:
You must be logged in to post a comment.