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SÃO PAULO – O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o ministro das Relações Exteriores do país, Dmytro Kuleba, vêm pedindo reiteradamente que a Rússia seja excluída do Swift, sistema de mensagens financeiras que conecta mais de 11 mil instituições em mais de 200 países.
Nações ocidentais já anunciaram uma série sanções à Rússia, incluindo restrições aos maiores bancos do país, mas não excluíram as instituições do Swift (sigla em inglês para Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não descartou a possibilidade. Já o ministro das Finanças da França, Le Maire, afirmou que a União Europeia vai analisar em breve se usará essa “arma nuclear financeira”.
“Quando você tem uma arma nuclear nas mãos, pensa antes de usá-la”, afirmou Le Maire. “Alguns Estados-membro têm reservas. A França não é um deles”.
O sistema é uma forma rápida e segura para que instituições financeiras de todo o mundo consigam “conversar” entre si e realizem pagamentos. A Rússia é o segundo maior país do Swift em número de usuários — atrás apenas dos Estados Unidos.
Ele não é o único sistema do tipo – a própria Rússia e a China possuem sistemas próprios –, mas é o mais importante e o mais utilizado do mundo.
Portanto, excluir a Rússia afetaria não só o país como o comércio global, já que os russos são um dos maiores produtores de petróleo e grande exportador de grãos, como o trigo.
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‘Não é assim tão fácil’
Mas, segundo especialistas, banir o país do Swift não impediria completamente o país de fazer negócio com o mundo.
“A maior complicação está em conseguir tirar [a Rússia] do Swift”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. “Não é assim tão fácil. Por isso, os países ameaçam, mas não o fazem.”
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Primeiro, porque o Swift não pertence a nenhum governo. Ele é uma instituição privada, uma cooperativa de instituições financeiras fundada na década de 1970, na Bélgica, para substituir o telex como meio de comunicação entre elas.
Segundo, porque é adotada em mais de 200 países. “E os países que ainda têm negócio com a Rússia e não adotaram sanções? E quem já vendeu a mercadoria e tem dinheiro a receber? Não é simplesmente fechar as portas [para a Rússia] e acabou”, diz Vieira.
Além disso, uma retirada do país do sistema poderia afetar a economia russa no curto e médio prazos, mas haveria outras formas de continuar a fazer negócio.
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Alternativas ao Swift
O Banco Central da Rússia passou a desenvolver o SPFS (System for Transfer of Financial Messages) em 2014, após os EUA ameaçarem retirar o país do Swift, e o governo chinês tem o CIPS (Cross-Border Inter-Bank Payments System).
E há alternativas como criptoativos, que estão fora do sistema financeiro mundial. Para especialistas, o bitcoin é incontrolável e pode ser o refúgio da Rússia para contornar as sanções.
Para o cientista político Ian Bremmer, presidente da empresa de consultoria e pesquisa de risco político Eurasia Group, a possível união de russos e chineses para desenvolver um novo sistema de mensagens financeiras é um dos motivos pelos quais a Rússia não deve ser retirada tão cedo do Swift.
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“Cortar a Rússia do Swift seria uma das sanções mais duras possíveis, mas também rapidamente uniria Rússia e China para criar um sistema de pagamentos alternativo. Não vai acontecer (pelo menos por enquanto)”, escreveu Bremmer em sua conta no Twitter.
cutting russia from swift would be one of the toughest sanctions possible
but would also quickly bring russia and china together to create an alternate payments systemnot going to happen (at least for now) https://t.co/vrqqxsOil1
— ian bremmer (@ianbremmer) February 24, 2022
“É fácil falar, mas muito difícil de fazer. O custo e as consequências são grandes demais”, afirma o economista-chefe da Infinity Asset. “A Rússia tem contratos de petróleo fechados com vários países. Como a Alemanha vai pagar o gás que eles tanto precisam?”.
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