TIM e Vivo: o que explica as quedas dos papéis após balanços considerados positivos?

Companhias apresentaram resultados dentro das expectativas positivas de analistas mas amargaram quedas severas nas sessões seguintes

Camille Bocanegra

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A TIM (TIMS3) e a Vivo (VIVT3) apresentaram seus balanços na semana passada. Ambas trouxeram números dentro das expectativas já otimistas das prévias de analistas sobre os resultados. Ainda assim, uma após a outra, as companhias apresentaram quedas acentuadas no dia seguinte à divulgação. A TIM perdeu 6,20% na sessão seguinte enquanto a Vivo caiu 5,63%. O que aconteceu?

Os papéis da TIM passaram por rali no final de abril/início de maio, de acordo com o Goldman Sachs, sem que houvesse um driver fundamental específico. A queda observada na semana passada vem após o movimento.

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Além disso, a companhia, no balanço do primeiro trimestre de 2024 (1T24) apresentou composição de receitas móveis com receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) menor que o trimestre anterior e estável em relação ao ano anterior e questões com capital de giro. Os dois pontos levaram a discussões com investidores, segundo o banco estrangeiro. O balanço motivou a adoção de estimativas mais conservadoras e a redução de preço alvo de 12 meses para R$ 18,00 por ação (dos R$ 18,70 anteriormente praticados), com recomendação neutra mantida.

O balanço da TIM contou com mais pontos de atenção, como a linha de resultados financeiros também, que teve impacto negativo de R$ 525 milhões. De acordo com Matheus Nascimento, analista da Levante Inside Corp, mesmo considerado um item não recorrente, a linha levantou desconfianças para o próximo trimestre. O analista destacou também a parcela que a TIM detém do banco C6.

O aumento de participação no banco, de acordo com Nascimento, dependeria do número de clientes que a companhia de telecomunicações tivesse utilizando os serviços das duas companhias em ofertas exclusivas. “A TIM tem posição minoritária no C6 e a pergunta é se a TIM conseguirá levar essa parceria para frente, já que existe esse gatilho de aberturas de contas e entrega de alguns resultados para conseguir aumentar a participação”, comenta.

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Despesas e fiscal impactam Vivo

A Vivo, por sua vez, teve pontos controversos no balanço mas não por itens não recorrentes. Nascimento destaca que os principais aspectos negativos foram o impacto na margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), a elevação de despesas e o nível de provisão para devedores duvidosos (PDD) maior do que se esperava. Alguns pontos relacionados a tributos também afetaram o balanço, em especial reduzindo o lucro líquido.

“O avanço de despesas é um ponto de atenção, especialmente porque essa disciplina com custos é algo muito sério”, ressalta o analista, destacando também o efeito de alíquota superior de impostos que foi paga. “Os dois resultados têm um nível de complexidade um pouco maior do que o usual”, conclui Nascimento sobre os balanços das duas companhias.