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SÃO PAULO – O Ibovespa recuou hoje após euforia da véspera que levou ações blue chips, como a Vale, a dispararem mais de 7%. O dia foi de queda dos bancos, Petrobras, Vale e siderúrgicas, que também subiram forte na véspera. Fora do índice, o destaque ficou com a small cap Tereos, que depois de disparar mais de 10% ontem, desabou hoje em meio a um resultado decepcionante entre os meses de janeiro e março. Confira abaixo os principais destaques da Bolsa nesta sessão:
Petrobras (PETR3, R$ 13,83, -0,08%; PETR4, R$ 12,83, -0,14%)
As ações da Petrobras têm um dia volátil. Após abrirem em alta e zerarem os ganhos, os papéis voltaram a subir, mas já perderam força e viraram para queda, com o mercado na expectativa pela divulgação do plano de negócios da companhia ainda este mês. De acordo com informações do jornal Valor Econômico, a Petrobras apresentará plano de negócios 2015-2019 ao Conselho de Administração no próximo dia 23 de junho. Se o plano for aprovado, poderá ser divulgado ao mercado no mesmo dia ou posteriormente. O mercado espera que haja uma redução do plano de investimentos de US$ 206,8 bilhões em cinco anos para algo em torno de US$ 136 bilhões no novo plano de negócios.
Além disso, a companhia anunciou ontem à noite ter convocado uma assembleia geral extraordinária para o dia 1° de julho para reformar o estatuto social, além de aprovar a eleição de novo membros suplentes do conselho de administração e acréscimo da remuneração global dos administradores da empresa.
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Vale mencionar ainda que o banco de investimentos americano Tudor Pickering elevou de “accumulate” para compra a recomendação para os ADRs (American Depositary Receipts) da estatal hoje, com preço-alvo de US$ 15,00. A análise do banco trabalha com uma expectativa de que a Petrobras saia em melhor forma da Operação Lava Jato, considerando que a companhia deve abandonar projetos de refinarias deficitárias e ter mais liberdade para reajustar preços.
Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 20,89, -2,15%; VALE5, R$ 17,66, -1,94%) viraram para queda, seguindo o mesmo movimento das siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 5,04, -2,33%), CSN (CSNA3, R$ 6,50, -2,99%), Gerdau (GGBR4, R$ 8,89, -1,77%) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 8,21, -2,03%), que recuam após um pregão de fortes ganhos na véspera. Acompanharam ainda o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 11,80, -2,24%), holding que detém ações da mineradora.
Nesta manhã, o BTG Pactual comentou que a disparada das ações da Vale e siderúrgicas ontem não tiveram fundamentos e que os papéis deveriam corrigir o movimento. Uma análise baseada no fato de que a disparada recente do minério de ferro foi exagerada, por conta da queda nos estoques de minério nos portos chineses, que bateram 86,4 milhões de tonelada esta semana, 16,2 milhões de toneladas a menos no acumulado anual, e que esse efeito nos preços deve ser transitório. Hoje, o preço do minério de ferro fechou em alta de 0,49% no porto de Qingdao na China.
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Além disso, dados do setor de siderurgia de ontem só reforçam o momento ruim da atividade, comentou o banco. “Cedo para dizer que o cenário está se estabilizando. Pelo contrário, continuamos a ver sinalizações ruins, que mostram que as coisas seguem piorando no setor”, ressaltaram os analistas.
Após subirem forte na última sessão, os bancos registraram queda nesta quarta-feira. O Bradesco (BBDC3, R$ 26,25, -3,14%; BBDC4, R$ 28,20, -2,29%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,96, -2,53%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,60, -3,62%) e Santander Brasil (SANB11, R$ 15,86, -1,92%) registraram queda.
No noticiário do setor, segue a expectativa sobre quem vai levar as operações brasileiras do HSBC. Segundo o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o Bradesco teria feito a maior oferta de R$ 10 bilhões, superando o Itaú (com proposta de R$ 8 bilhões), enquanto Santander fez oferta entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões. Para a XP Investimentos, o Bradesco deve ganhar essa briga, com o intuito de reduzir sua diferença com o Itaú. A corretora, no entanto, segue recomendando exposição ao setor via Itaú.
Além disso, no caso específico do Itaú, o acordo com o Corpbanca para mudar os termos da fusão anteriormente anunciada. Houve, entre outras mudanças, a prorrogação da data máxima para que o negócio seja concluído, para 2 de maio de 2016. A maioria das mudanças foi proposta pelo Itaú em maio para agilizar a operação e com a condição de que fosse votada pela assembleia de acionistas do banco chileno até 30 de junho.
TIM (TIMP3, R$ 10,18, +3,98%)
As ações da TIM lideraram os ganhos do Ibovespa em dia de poucas altas no índice. Essa foi a sexta alta em sete pregões, período que já registra ganhos de 11%. O papel ganhou força entre notícias de que a Oi estaria se fortalecendo para fase de consolidação após receber reforço de R$ 17 bilhões da Altice. Desse total, a companhia vai utilizar neste momento de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões para pagamento de dívidas. O restante, segundo o próprio presidente da empresa, pode ser usado para amortizar ainda mais a dívida, que terminou o primeiro trimestre em R$ 32,6 bilhões, ou ser utilizado para a consolidação do setor, que tem entre os cenários mais prováveis uma união entre a tele e a TIM ou o fatiamento desta última entre a Oi, Telefônica e Claro.
Oi (OIBR4, R$ 6,80, -1,45%)
Após abrir em alta de mais de 3%, as ações da Oi viraram para queda nesta tarde depois de terem subido 5,8% ontem. Na terça-feira, a operadora de telefonia informou que teve o seu caixa reforçado em cerca de R$ 17 bilhões, recursos pagos pela francesa Altice pelas operações da operadora PT Portugal em Portugal e na Hungria.
Já segundo informações da Bloomberg, a Oi contratou bancos para roadshow de renda fixa na Europa. A companhia concedeu mandato a BB Securities, BofAML, HSBC, Santander, Bradesco BBI, Citigroup, DB, BNP, BTG Pactual e Itaú BBA para coordenarem séries de reuniões com investidores de renda fixa na Europa a partir de 4 de junho, segundo informação de pessoa familiarizada com o assunto, que pediu para não ser identificada por não ser autorizada a falar publicamente.
Tereos (TERI3, R$ 0,83, -17,82%)
Depois de disparar mais de 10% ontem sem motivo aparente, as ações da Tereos desabaram hoje refletindo a divulgação do resultado. A empresa informou que teve no trimestre encerrado em 31 de março deste ano (equivalente ao 4° trimestre da safra 2014/2015) um prejuízo líquido de R$ 106 milhões, contra perda de R$ 8,1 milhões um ano antes. A receita líquida ficou em R$ 2,1 bilhões, queda de 4,8% na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior.
Segundo o BTG Pactual, apesar dos desafios persistentes do setor, particularmente relacionadas com preços, tanto na sua divisões de açúcar e etanol e amido, esperava-se que a Tereos poderia realizar um processo de desalavancagem após completar o seu ciclo de investimentos.
“Os investimentos principais estão concluídos, mas o desempenho operacional tem sido persistentemente decepcionante, o que combinado com baixa liquidez das ações não gerou o retorno para os acionistas que tínhamos esperado. Nós agora vemos a necessidade de obter maior clareza sobre as questões operacionais (e sua reincidência) que levaram a um resultado particularmente fraco para a Guarani”, afirmam os analistas, destacando que colocaram tanto o preço-alvo quanto as estimativas em revisão.
Ecorodovias (ECOR3, R$ 8,26, +1,47%)
As ações da Ecorodovias viraram para alta nesta tarde após operar durante toda a manhã no negativo. Ontem, os papéis da companhia dispararam mais de 8%, destoando do restante do setor de concessões rodoviárias, apesar dos demais também terem fechado com ganhos.
No radar, ontem, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que 99% do pacote de concessões já estão alinhados. Segundo fontes do jornal O Globo, a expectativa é que o governo anuncie o programa, estimado entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões, na próxima terça-feira, com a maior parcela destinada aos investimentos em rodovias. As demais empresas que podem ser impactadas são CCR (CCRO3, R$ 16,23, +0,50%) e Arteris (ARTR3, R$ 9,79, +0,10%), ambas de concessões de rodovias, além da empresa de logística Rumo (RUMO3, R$ 1,37, -3,52%).
BM&FBovespa (BVMF3, R$ 11,77, -0,08%)
A BM&FBovespa divulgou ontem seus números operacionais de maio. A Bolsa movimentou R$ 144 bilhões no mês passado, contra R$ 133,8 bilhões no mesmo mês de 2014. Do total de maio, R$ 138,4 bilhões foram referentes ao mercado à vista. O BTG Pactual comentou que, apesar dos dados fortes no primeiro trimestre, sua estimativa de lucro para 2015 segue inalterada por conta do impacto do novo imposto sobre sua receita financeira e projeções menores para CME. O banco continuou com recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 13,00.
Exportadoras
O dólar caminhava para registrar sua terceira sessão seguida de queda, mas virou para alta. Papéis atrelados ao câmbio, no entanto, seguiram no negativo na Bolsa, como as exportadoras do setor de papel e celulose Suzano (SUZB5, R$ 16,10, -0,43%) e Fibria (FIBR3, R$ 42,94, -0,79%), além da fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 24,00, -0,50%).
JBS (JBSS3, R$ 15,70, -2,79%) e BRF (BRFS3, R$ 65,20, -0,91%) caíram forte também. No noticiário do setor, as exportações brasileiras de carne de frango registraram queda de 7,1% em maio na comparação com o mesmo período de 2014, segundo levantamento da Abear (Associação Brasileira de Proteína Animal). Porém, apesar da queda, o câmbio favoreceu o setor, que manteve saldo positivo na receita em reais, com R$ 1,768 bilhão.
Gradiente (IGBR3, R$ 4,96, +5,53%)
As ações da IGB Eletrônica, dona da Gradiente, voltaram a disparar nesta quarta-feira, com forte volume financeiro de R$ 86 mil, contra média diária de R$ 40 mil nos últimos 21 pregões. Os papéis sobem forte na Bolsa desde que a companhia comunicou o andamento de um dos processos que tem contra a União contra a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). Desde o fechamento de sexta-feira, as ações da companhia já sobem 23%.
Conforme a empresa informou, a Justiça Federal do Amazonas liberou que a Suframa pague R$ 75,5 milhões à empresa. O montante corresponde a taxas pagas pela Gradiente à superintendência entre 1991 e 1999.
O valor, no entanto, é menor do que aquele que consta nos balanços da companhia, de cerca de R$ 110 milhões. Procurada pela InfoMoney, a empresa disse que espera que os valores controversos, ainda em julgamento, sejam liberados.