The Economist chama bitcoin de “mania especulativa” e questiona: e se essa bolha explodir?

Publicação relembra casos da bolha das tulipas, do ouro e das "pontocom" e diz que, se existe uma bolha saudável, é essa do bitcoin

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SÃO PAULO – Não é de hoje que o mercado falha em possíveis bolhas, seja das empresas “pontocom” ou a imobiliária. Mas a discussão mais recente envolve uma das moedas que mais cresce no mundo: o bitcoin. Desta vez, umas das maiores publicações econômicas do mundo, a The Economist, decidiu falar sobre o recente rali da criptomoeda.

Apesar de estar abaixo da máxima atingida na semana passada, quando encostou em US$ 2.800, o bitcoin segue em uma disparada que já levou a moeda a duplicar de valor em apenas dois meses. A publicação destaca que, qualquer pessoa que teve a iniciativa de comprar US$ 1.000 em bitcoins em 2017, hoje tem na carteira cerca de US$ 46 milhões.

Porém, é de olho exatamente nesta alta que a revista se preocupa. “Ascensões tão íngremes raramente são sustentáveis”, diz o texto publicado na quinta-feira (1). A The Economist diz que a palavra “bitcoin” agora costuma vir junto com a palavra “bolha”, mas também questiona: “isso é apenas uma mania especulativa, ou é prova de que o bitcoin está assumindo um papel mais substancial como meio de troca ou de valor?”.

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A publicação lembra da “bolha das tulipas” e diz que a mania do bitcoin nada mais é do que uma histeria especulativa, onde a alta do preço da moeda incentiva cada vez mais pessoas a comprarem. O texto ressalta ainda que investidores mais familiarizados com este investimento têm procurado outras moedas, como o Ehter, para investir.

“Parece um paraíso de golpes, no entanto, ao contrário das tulipas, os bitcoins têm usos reais. Eles agora compram tudo, desde pizzas até computadores”, rebate a própria Economist, que compara então tenta comparar a moeda com o ouro. “Em vez de ser apenas uma forma de ouro digital, o bitcoin aspira objetivos mais elevados: ser um meio de troca como o euro, o iene ou o dólar”.

Neste cenário, a publicação lembra de um dos motivos que tem sustentado o rali da criptomoeda, o aumento do interesse de diversos países e órgãos reguladores no ativo. Vale lembrar que recentemente o Japão passou a aceitar a moeda como um meio de pagamento.

Porém, há um grande problema. O sistema do bitcoin está operando em seus limites e seus desenvolvedores não conseguem concordar sobre como aumentar o número de trocas que o sistema pode fazer. “Como resultado, uma transação agora custa quase US$ 4 em taxas em média e leva muitas tediosas horas para se confirmar”, alerta a revista.

Mas então, com o que podemos comparar o bitcoin? Segundo a Economist, com a internet e a bolha das “pontocom” criado no fim da década de 1990. “Como a internet, as criptomoedas incorporam a inovação e dão origem a mais. Elas são experiências em si de como manter uma base de dados pública (o blockchain), sem ninguém responsável”, diz o texto.

A revista termina dizendo que as criptomoedas ainda se mostram um sistema muito seguro, com poucas chances de um acidente grave que possa afetar toda sua cadeia. Segundo a Economist, “se existe uma bolha saudável, é isso”.

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Com certeza, os reguladores devem tomar cuidado para que as criptomoedas não se tornem mais um canal para atividades criminosas, como o tráfico de drogas. Mas eles devem pensar duas vezes antes de deistir”, diz a publicação. O risco aqui é esta preocupação estourar e bolha, mas também evitar que muitas inovações úteis ocorram no futuro.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.