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SÃO PAULO – O investidor suíço Marc Faber, que ficou famoso por antecipar o estouro da bolha financeira no Japão na década de 90, assim como anunciou a crise asiática em 1997, fez mais uma declaração controversa em entrevista à rede norte-americana de notícias CNBC. O “terror dos asiáticos” atacou dessa vez a segunda maior economia do mundo. Para ele, a China deve crescer metade do que as autoridades do país vêm divulgando, mas isso não é motivo para que os investidores ficarem preocupados.
“Eu acho que nós já estamos em uma taxa de crescimento de 4%, de qualquer maneira. Os números que a China mostra são apenas dados tirados da gaveta para apresentar uma boa aparência”, disse Faber. Em março, o governo chinês anunciou que a meta mínima de crescimento para a segunda maior economia do mundo em 2014 será de 7,5%, a mesma que propôs em 2013 e que foi superada por dois décimos, segundo dados oficiais divulgados em Pequim.
Mas, para o investidor suíço, embora a expansão da economia chinesa esteja menor do que o divulgado pelas autoridades do país, um crescimento de 4% é muito bom. “Eu penso que uma expansão de 4% em um mundo que não tem crescimento é, na verdade, muito bom”, comentou.
“Não estou dizendo que crescer 4% é tão bom quanto 8%, mas é melhor crescer 4% sem bolha de crédito do que 8% com uma bolha colossal, que levaria a problemas ainda maiores”, argumentou. “É como um gestor de fundo de hedge me disse no ano passado, quando teve retorno de 4%. Então eu disse que aquela performance não era particularmente boa, e ele disse que sim, comparado a zero, é um retorno fantástico”, complementou.
Faber, no entanto, tranquilizou os investidores ao dizer que não devem ter preocupações sobre um crash na China porque acredita que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, pode assegurar as perdas imprimindo mais dinheiro. “Para o mundo, o crescimento chinês é extremamente crucial. Mas não devemos nos preocupar, porque com uma pior performance da economia global e mais tensões políticas, mais dinheiro seria necessário ser liberado pelo Fed, o que seria uma outra desculpa para postergar a retirada gradual do estímulo (conhecido como Quantitative Easing III)”, disse.