Tendência “dupe” pode ser uma nova ameaça para os varejistas de vestuário, avalia XP

Entenda o fenômeno “dupe” e suas implicações para o varejo

Felipe Moreira

O logo da Shein em cabides de roupas em loja "pop-up" da empresa em Dublin, na Irlanda, em 8 de novembro de 2022 (Foto: Paulo Nunes dos Santos/Bloomberg)
O logo da Shein em cabides de roupas em loja "pop-up" da empresa em Dublin, na Irlanda, em 8 de novembro de 2022 (Foto: Paulo Nunes dos Santos/Bloomberg)

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Embora a cultura do “dupe”, abreviação de “duplicate” (duplicado, em inglês), que refere-se a roupas inspiradas no estilo de design de marcas premium, mas posicionadas em faixas de preço mais baixas e comercializadas em plataformas de e-commerce internacionais, ainda seja incipiente no Brasil, a XP Investimentos acredita que vale a pena monitorá-la, pois ela pode se tornar um obstáculo para a demanda de vestuário, principalmente para os players de baixa e média renda.

Os analistas explicam que “ao contrário dos artigos falsos, os produtos “dupes” não exibem marcas, com o estilo sendo mais importante do que os logotipos”. A tendência tem ganhado força entre os consumidores da Geração Z, sobretudo através do Tiktok – como referência, o termo “dupe” tem mais de 500 mil vídeos e 6 bilhões de visualizações na plataforma.

De acordo com uma pesquisa da Morning Consult e da CNBC, a economia de dinheiro foi a principal motivação (70% dos consumidores) por trás do crescente interesse nos “dupes”.

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Como referência, a Quince se destaca como uma das maiores marca dupe nos EUA, com vendas atingindo US$ 300 milhões em 2023. No Brasil, os vendedores de dupe inspirados na Farm e na Zara já comercializam peças por quase metade do preço no AliExpress e na Shein.

No Brasil, a Traf é uma conhecida vendedora no AliExpress inspirada em (Unidade de Manutenção de Estoque) SKUs da Zara – como referência, a análise de preços da XP aponta que um modelo bastante similar de uma jaqueta da Zara de R$ 359,00 é vendido por R$ 128,81 (considerando custos de frete e impostos) na plataforma chinesa. Além disso, a Cajuni e a TRVLCHIC são lojas que vendem peças que se assemelham à identidade visual da FARM a uma faixa de preço de R$ 100 a 150.

Por outro lado, a XP avalia que a recente aprovação do imposto de importação para compras internacionais serve como um mitigador desse risco, enquanto as lojas de departamento brasileiras estão cada vez mais procurando maneiras de melhorar sua proposta de valor, forma como as pessoas interagem com um produto ou serviço (UX) e oferta de produtos (por exemplo, programa de fidelidade e crédito).

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Embora também possa afastar alguns consumidores das varejistas de marca, dado o seu posicionamento de preço mais agressivo e um design semelhante, eles consideram esse risco mais limitado, uma vez que deve atingir um consumidor aspiracional e de entrada e não a um público fiel.