Tenda (TEND3) diz que pode rever para cima projeções por MCMV; ação dispara

RET 1 (Regime Especial de tributação) e FGTS Futuro devem impulsionar negócios na Faixa 1 do programa habitacional, avalia construtora

Augusto Diniz

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A construtora Tenda (TEND3) entende que poderá rever para cima suas projeções (guidances) para 2024. É que as novas medidas anunciadas pelo governo federal no segmento de habitação social criaram um novo cenário para a construtora.

Luiz Mauricio, CFO da empresa, afirmou durante teleconferência de resultados do 4T23, realizada nesta sexta-feira (15), que “em algum momento a gente deve revisar esse guidance”, acenando para abril.

Ele atribui muito dessa expectativa à mudança do RET 1, Regime Especial de Tributação, que garantiu pela lei que instituiu o Minha Casa Minha Vida (MCMV) o tributo de 1% para projetos residenciais de interesse social para a Faixa 1. O regulamento foi publicado neste mês.

Além disso, o FTGS Futuro – programa que permite ao trabalhador utilizar depósitos futuros como parte do financiamento do imóvel – também deve impulsionar os negócios.

A Tenda reduziu seu prejuízo em 87% no quarto trimestre, para R$ 19,6 milhões no 4º trimestre.

Por volta das 15h, desta sexta, após a divulgação do balanço, as ações disparavam 12%, cotadas a R$ 12,14.

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Tenda (TEND3): Aumento de volume e custos estabilizados

Segundo o CFO, as medidas do governo podem aumentar o volume e devem trazer ““vai ter um “benefício de margem” à empresa.

Para ele, o governo federal está empenhado em atender as famílias do Faixa 1. A construtora informou estar operando em 63% de seus projetos na Faixa 1 do MCMV.

Sobre os custos, Luiz Mauricio esclareceu a analistas que eles estão muito aderentes ao INCC (Índice Nacional de Custo de Construção).

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“Custo de materiais está vindo muito baixo, próximo de zero, e de mão de obra em torno de 6%, que é um cenário favorável para o modelo construtivo da Tenda, de abordagem industrial. Esse modelo é mais intensivo em material. Então, esse cenário é positivo”, afirma.

“O modelo da Tenda navega muito melhor no cenário de materiais sob controle, que foi o exatamente o oposto do que aconteceu na pandemia”, complementa.

Nordeste em vez de São Paulo

A cidade de São Paulo, porém, tem fugido ao movimento de estabilidade nos custos de construção, notadamente por conta da mão de obra.

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“Há pressão. A nossa expectativa é de dificuldade de achar mão de obra qualificada e, consequentemente, vai ter um impacto no custo”, disse Luiz Mauricio. Mas ele crê que um caminho natural pode ocorrer se a situação ficar mais difícil na capital paulista.

“Até de forma involuntária, a tendência é que São Paulo perca um pouco de participação”, afirma. “Com todos os benefícios criados para o Faixa 1 do programa (MCMV), o fato de a gente ter uma exposição muito grande nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, com Goiânia, e Sul, acho que a tendência nesses outros lugares é de um crescimento importante no Faixa 1”, acrescenta.

O executivo cita que no Recife, a Tenda tem 80% de market share. “Tem pouco player com capacidade de custo que se torne viável porque uma obra no Recife é complexa por causa de solo, disponibilidade de terreno etc. Então, acho que naturalmente a gente acaba tendo capacidade de crescer mais fora de São Paulo, com ambiente competitivo mais favorável e poucos players com eficiência de custo como a nossa”, comenta.

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Funding do FGTS preocupa

Rodrigo Osmo, CEO da Tenda, considerou 2023 como o “ano da virada”. De acordo com o executivo, a empresa conseguiu ganhar preço, estabilizar custo de obra e gerar caixa. “Os resultados são nítidos”, afirmou.

Na teleconferência, o CEO demonstrou preocupação com o funding de FGTS direcionado ao financiamento imobiliário. “Janeiro e fevereiro vieram bastante fortes, mas o cenário era claramente esperado”, comentou.

“A gente já vem dizendo há algum tempo que a quantidade de medidas em cima do FGTS talvez esticasse o orçamento além do planejado esse ano. A tendência sinaliza nessa direção”, ressaltou.

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Para ele, “se nada for feito, mesmo que o orçamento seja bastante fortalecido em 2024, o FGTS precisaria de um reforço (financeiro) de 10% a 20%”.

“Por outro lado, o governo continua com a sinalização clara que a prioridade principal do FGTS é a Faixa 1. Ele está atento a utilização de recursos. Vai ser o balé do ano”, finalizou.