Tenda (TEND3), Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3): ações caem forte, mas empresas trouxeram boas notícias em prévias; veja análises

Para o Citi, entre as construtoras voltadas para a baixa renda, Cury foi o destaque; além dessas, Moura Dubeux também divulgou prévia operacional

Lara Rizério

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As ações de construtoras registraram, em sua maioria, um pregão de perdas após duas sessões de ganhos com alívio na curva de juros futuros. Mesmo os papéis das empresas que divulgaram prévias operacionais do terceiro trimestre de 2023 (3T23) que foram consideradas positivas tiveram baixas.

Nesta quarta-feira (11), os ativos da Tenda (TEND3, R$ 11,09, -4,73%), Cury (CURY3, R$ 15,34, -3,52%), Direcional (DIRR3, R$ 18,02, -2,96%) caíram. Moura Dubeux (MDNE3, R$ 10,37, +0,97%), por sua vez, após ter queda durante boa parte do dia, fechou em leve alta.

Tenda, Cury e Direcional são voltadas à baixa renda, enquanto Moura Dubeux é voltada a consumidores de médio padrão, alto padrão na região Nordeste.

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Em sua análise, o Citi focou nas construtoras de empresas de baixa renda, vendo Cury como o destaque positivo do grupo. A companhia apresentou um recorde de vendas e manteve o preço médio do ticket em alta de 9% na comparação anual, além de uma notável geração de caixa de R$ 137 milhões (+26% na base anual).

“A Direcional também teve um desempenho impressionante no nível superior do programa através sua marca Riva, mas as vendas de baixa renda decepcionaram levemente, assim como o consumo de caixa do trimestre de R$ 51 milhões”, aponta o banco americano. Já Tenda teve forte velocidade de vendas, mostrando recuperação no caminho certo.

Moura Dubeux, por sua vez, teve recorde de vendas no 3T23, o que foi o destaque positivo na visão dos analistas.

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Confira as análises das prévias de construtoras:

Cury (CURY3)

A Cury gerou R$ 137 milhões em caixa no 3T23, alta anual de 111% e de 26% no trimestre.

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Os repasses para bancos totalizaram R$ 866 milhões, enquanto as unidades produzidas totalizaram 3.473. Os lançamentos somaram R$ 806 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV), uma queda anual de 8% e de 29% no trimestre, de sete empreendimentos: cinco em São Paulo e dois no Rio de Janeiro, com ticket médio de R$ 257 mil.

As vendas líquidas totalizaram R$ 874 milhões em VGV (alta anual de 4% e queda de 23% no trimestre), atingindo R$ 3,1 bilhões nos primeiros nove meses do ano.  O preço médio de venda subiu para R$ 278 mil (alta anual de 9%).

As vendas sobre oferta (VSO) aumentaram para 41,5% no 3T23, atingindo 74,5% nos últimos doze meses, enquanto o banco de terrenos (landbank) da companhia encerrou o 3T23 em R$ 11,8 bilhões, ou 46 mil unidades, sendo 68% em São Paulo e 32% no Rio de Janeiro.

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Na visão do Bradesco BBI, apesar da desaceleração esperada nos lançamentos após um forte primeiro semestre de 2023 (1S23), a Cury mais uma vez registrou sólido volume de vendas e forte velocidade de vendas no 3T23.

“A geração de caixa foi um dos principais destaques, superando em 26% o forte valor de R$ 109 milhões do 2T23 e totalizando R$ 248 milhões, além do aumento de 16% no landbank“, aponta o banco.

O BBI mantém recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 22 por ação CURY3, pois vê as ações como um dos principais trades para carrego em sua cobertura (6% de dividendos em 2023).

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A XP também aponta que a Cury apresentou dados operacionais positivos no 3T23. Os lançamentos (100%) aumentaram no trimestre, atingindo R$ 942 milhões (+2,5% ano a ano), totalizando R$ 3,6 bilhões nos primeiros nove meses do ano (+30% ano a ano). Como resultado, as vendas líquidas (100%) atingiram níveis sólidos de R$ 973 milhões (+10% A/A).

“O preço médio por unidade vendida aumentou (+9% ano a ano), deixando espaço para a Cury continuar melhorando a lucratividade no futuro. Assim, reiteramos a Cury como nossa principal escolha com uma recomendação de compra e um preço alvo de R$ 21 por ação”, aponta a casa.

Na visão do Itaú BBA, a Cury relatou um conjunto sólido de números operacionais para o trimestre. O principal destaque foi uma geração de caixa de R$ 137 milhões, recorde para a empresa.

Na visão da Genial Investimentos, a Cury continua a se destacar com uma operação extremamente eficiente, capaz de gerar caixa enquanto cresce e se prepara para surfar as melhorias do programa MCMV.

“Se anualizarmos as vendas deste trimestre ainda teríamos um crescimento de 12,5% versus vendas de 2022, demonstrando que o trimestre foi forte, mesmo que mais fraco no comparativo trimestral. Além disso, a Cury está a caminho de conseguir ultrapassar os R$ 4,2 bilhões lançados até o final do ano, que representaria um crescimento de mais de 27% na base anual. No geral, gostamos dos números operacionais do trimestre, que seguem fortes e damos bastante valor para o crescimento do landbank, sinalizando mais crescimento à frente”, avalia a Genial. A casa tem recomendação de compra para o ativo, com preço-alvo de R$ 21.

Direcional (DIRR3)

A Direcional lançou R$ 1,3 bilhão em VGV (% da companhia) no 3T23 (aumento trimestral de 16% e de 30% em base anual), de 15 novos projetos/fases.

Na distribuição, 58% vieram do segmento Minha Casa Minha Vida (MCMV) da Direcional, enquanto 42% vieram da Riva. Para os últimos 12 meses, os lançamentos totalizaram R$ 2,9 bilhões (% da companhia), aumento de 33% na comparação anual.

As vendas aumentaram para um recorde de R$ 752 milhões em VGV (% da companhia) durante o trimestre (avanço trimestral de 2% e de 10% em base anual).

A Riva vendeu R$ 322 milhões em VGV (% da companhia), ou altas de 21% no trimestre e de 39% no ano.

A queima de caixa totalizou R$ 51 milhões no 3T23 (de R$ 22 milhões em geração de caixa no 2T23), resultando em uma queima de caixa de R$ 22 milhões no acumulado do ano, enquanto em 12 meses a empresa registrou geração de caixa de R$ 76 milhões.

A velocidade de vendas (VSO) diminuiu para 17% no 3T23 (quedas de 1,0 p.p. no trimestre e de 2,0 pp em base anual), com o segmento MCMV registrando 15% (recuos de 3,0 p.p. no trimestre e de 4,0 pp em base anual). Por sua vez, a Riva registrou VSO de 19% (avanço de 1 p.p. no trimestre e estável no ano)

Segundo o Bradesco BBI, os dados foram positivos, com fortes números operacionais com recorde de vendas líquidas, ultrapassando a marca de R$ 1 bilhão, impulsionados pela Riva (alta de 35% no trimestre), enquanto a estratégia de operações do MCMV parece estar focada em margem bruta e reduções pró-soluto, dadas as mudanças no programa.

“Mantemos nossa recomendação de compra para a DIRR3, pois a ação combina um sólido crescimento dos lucros (35% de crescimento médio ponderado anual entre 2023 e 2025), enquanto é negociada em linha com seus pares a 6,4 vezes o múltiplo P/L [preço sobre lucro] estimado para 2024, o que consideramos atraente”, aponta o BBI.

Na visão do BBA, a empresa continuou a desfrutar de um forte impulso operacional, com
mais um trimestre de vendas recorde e desempenho robusto na divisão Riva.

Também na visão da XP, a Direcional apresentou dados operacionais robustos no 3T23, impulsionados principalmente pelo recorde de vendas líquidas (100%) e reforçando o sólido momento de demanda para o segmento de baixa renda.

Além disso, destaca o recorde de vendas líquidas da Riva (+35% A/A e 16% T/T), impulsionado principalmente por preços mais altos no programa MCMV. Os lançamentos (100%) foram sólidos, aumentando 18% na base anual.

“Esperamos que a Direcional continue a acelerar os lançamentos no 4T23, com nossas estimativas de lançamentos (100%) em R$ 4,74 bilhões em 2023. Dito isso, reiteramos nossa visão construtiva para a Direcional com uma recomendação de compra e um preço alvo de R$ 26 por ação”, aponta a XP.

A Genial vê os números do trimestre como positivos, com um adendo para a VSO da operação do MCMV, que foi de apenas 15%, caindo 2 p.p. na comparação trimestral. “As operações da Riva estão excelentes, dado seus lançamentos em regiões da zona oeste de São Paulo (Do It), compensando a desaceleração da marca Direcional”, aponta.

Tenda (TEND3)

Os lançamentos da Tenda totalizaram R$ 881 milhões em VGV (queda de 9% no trimestre; aumento de 134% na comparação anual).

A companhia lançou 9 empreendimentos (3.761 unidades) durante o 3T23, totalizando R$ 748 milhões em VGV (queda de 20% no trimestre; crescimento de 99% em base anual), enquanto o preço médio dos lançamentos caiu para R$ 199 mil (queda de 5% no ano e no trimestre), impactado negativamente pelo projeto Venetto (ticket de R$ 194 mil) do programa habitacional Casa Paulista, do estado de São Paulo, no qual a Tenda venderá unidades diretamente ao estado.

Por sua vez, a Alea lançou 9 empreendimentos ou 743 unidades com preço médio de R$ 178 mil (crescimento de 9% no trimestre), totalizando VGV de R$ 133 milhões (vs. R$ 32 milhões no 2T23).As vendas líquidas atingiram R$924 milhões em VGV (alta de 22% no trimestre; crescimento de 80% no comparativo anual).

O BBI aponta forte velocidade de vendas de 30% no trimestre, com a recuperação no caminho certo; a recomendação para os papéis, contudo, é neutra, com preço-alvo de R$ 15.

A Tenda reportou números operacionais sólidos em geral no 3T23, avalia o banco. Apesar da redução nos lançamentos, as vendas apresentaram sólido crescimento trimestral (22% no total).” Além disso, a empresa conseguiu aumentar os tickets para novas vendas (12% em base anual),ao mesmo tempo que melhorou o VSO (para 30% no trimestre)”, cita o BBI.

O banco aponta que a TEND3 é negociada a 6,1 vezes o P/L esperado para 2024 (versus o múltiplo de 6,4 vezes a média dos pares) e resolveu as preocupações em relação à sua estrutura de capital com uma oferta de ações em setembro, acelerando seu processo de recuperação. A empresa também deve ser impactada positivamente com as mudanças no programa MCMV que devem entrar em vigor em 4T23.

Na visão do BBA, a empresa apresentou um forte resultado operacional, liderado pelas vendas contratadas.

A XP também tem uma visão de fortes dados operacionais no 3T23. Os lançamentos mantiveram um ritmo forte no 3T (+134% ano a ano), com aceleração tanto da Tenda quanto da Alea (+99% na base anual e +310% trimestral, respectivamente).

“Destacamos o forte aumento das vendas líquidas, levando a VSO a 30,2% (+4,0 p.p. no trimestre), reforçando o momento de alta demanda que a empresa vivencia. O preço médio por unidade vendida no segmento da Tenda continuou a aumentar e, em nossa opinião, deve continuar ajudando a Tenda a melhorar sua lucratividade”, avalia a XP.

A casa mantém classificação neutra para a TEND3 com um preço alvo de R$ 11 por ação, devido aos riscos de execução que vê no processo de recuperação da lucratividade da empresa.

A Genial considera os números operacionais fortes, com retorno de uma VSO para um patamar elevado, que deve levar a Tenda a se aproximar de uma operação com turnover de ativo mais elevado, implicando em uma geração de caixa mais consistente e capacidade de operar com um Patrimônio Líquido menor.

“Além disso, o desenvolvimento da marca Alea é um sinal positivo de aproveitamento dos investimentos já realizados na fábrica e aproximação do breakeven das operações (que deve ocorrer com 2,5 mil unidades/ano)”, aponta a casa, que tem recomendação ainda em revisão para os ativos TEND3.

Moura Dubeux (MDNE3)

Os lançamentos (% da companhia) da Moura Dubeux totalizaram R$ 320 milhões no 3T23 (queda de 18% no ano e 46% no trimestre), através de 3 projetos, sendo 25% de incorporação e 75% de condomínio.

As vendas líquidas foram de R$ 408 milhões (crescimento de 13% no ano e 17% no trimestre), ou 702 unidades, com R$ 445 milhões em vendas brutas, divididas em aproximadamente 42/58% entre os segmentos de Incorporação e Condomínios, respectivamente.

Na distribuição, 38% representam empreendimentos de alto padrão, 36% de Classe Praia, 22% de padrão médio, 3% da Mood e 0,2% comerciais. Por estado, o Ceará representa 31%, Alagoas 22%, Pernambuco 20%, Bahia 18%, Rio Grande do Norte 5%, Paraíba 3% e Sergipe 2%. O índice de vendas sobre oferta (VSO) foi de 18,9% no trimestre, atingindo 44,9% nos últimos doze meses. Enquanto isso, a VSO dos lançamentos foi de 44,8% (de 22,5% no 2T23 e 51,8% no 3T22).

Para o BBI, as vendas recordes reforçam a recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 16 para MDNE3.

“Apesar da leve queda nos lançamentos, a Moura Dubeux registrou recorde de vendas no 3T23, reforçando o domínio da empresa na região Nordeste. Além disso, o forte volume de lançamentos condominiais aponta para melhora na margem bruta consolidada, devido à natureza do negócio”, avalia o banco.

A XP também vê dados operacionais positivos no 3T23, principalmente devido a um forte desempenho de vendas líquidas.

Os lançamentos (%Co) tiveram um desempenho razoável, atingindo R$ 320 milhões, dos quais R$ 256 milhões foram provenientes de condomínios. O crescimento líquido de vendas foi o destaque.

As adesões a condomínios foram fortes (+35% na base anual), o que poderia ser um gatilho para o reconhecimento da taxa de incorporação e um risco de alta para a margem bruta.

“Ainda vemos uma avaliação atraente para MDNE3, negociando a 3,7 vezes o P/L esperado para 2024, reiterando nossa recomendação de compra e um preço alvo para o fim de 2024 de R$ 16,50 por ação”, aponta a XP.

A Genial considera os números fortes, com um desempenho muito bom de vendas dos lançamentos do trimestre. O VGV vendido superou novamente o VGV lançado, demonstrando que ainda há capacidade de crescimento dos lançamentos. Além disso, a queima de caixa veio dentro do esperado, seguindo a dinâmica do setor, de forma que devemos ver o endividamento ficando abaixo dos 15%. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 9.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.