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A temporada de resultados do primeiro trimestre de 2024 (1T24) ganha tração nesta semana, com os números de Usiminas (USIM5), Vale (VALE3), Hypera (HYPE3), Klabin (KLBN11), Assaí (ASAI3), entre outras companhias.
O período de balanços é mais curto, devendo se estender até meados de maio, com a projeção de melhora de alguns setores, ainda que sem tanto ímpeto.
Os estrategistas do Santander esperam um aumento de aproximadamente 1% na receita líquida das companhias de sua cobertura, um aumento de aproximadamente 3% no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) e uma redução de aproximadamente 9% no lucro líquido do trimestre, tudo em base anual.
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Na visão da equipe de estrategistas do banco, os setores ligados à economia doméstica devem seguir em recuperação, com o lucro líquido subindo 22% no 1T24 após uma alta de 26% no 4T23 (na comparação anual). “Acreditamos que os resultados do 1T24 devem reforçar que o pior já passou para os setores domésticos e que os efeitos defasados do ciclo de flexibilização monetária permitirão uma melhoria no desempenho operacional durante 2024”, aponta o Santander.
No cenário de commodities, a projeção é de que o setor siderúrgico apresente números mais fracos no 1T24, principalmente devido aos preços mais baixos das commodities. A Gerdau (GGBR4) é menos afetada pela sua exposição aos EUA (cerca de 60% do Ebitda consolidado). O banco projeta queda de 5% na no Ebitda do setor de Petróleo e Gás, e ressalta três razões específicas: (i) a valorização do real de 6% na base anual; (ii) queda de aproximadamente 1% no preço do Brent na mesma base de comparação; e (iii) menor produção de algumas das empresas (ou seja, PRIO PRIO3, PetroReconcavo RECV3). Isso deverá ser parcialmente compensado pela melhoria dos resultados na distribuição de combustíveis, na Braskem (BRKM5) e na Petrobras, (PETR4) avalia o banco.
No setor financeiro, o Santander espera mais um trimestre saudável para o Itaú (ITUB4), baseado na combinação de melhores perspectivas de crescimento de receitas, provisões estáveis e despesas operacionais controladas. Quanto ao Bradesco (BBDC4), embora os estrategistas avaliem uma possível melhoria no índice de inadimplência, bem como os esforços do banco para acelerar o crescimento dos empréstimos e reduzir o número de funcionários, ainda assim recomendam cautela, pois acreditam que o banco poderá continuar a enfrentar um ROE (Retorno sobre o patrimônio líquido) abaixo do custo de capital durante a maior parte dos próximos dois anos.
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Em relação aos adquirentes, o banco espera que Stone e PagBank (PAGS) reportem crescimento de TPV (Total Payment Volume, ou Volume Total de Pagamentos em português) acima do setor no 1T24, beneficiando-se potencialmente do fato de a Cielo (CIEL3) enfrentar uma dinâmica de mercado mais desfavorável. “Acreditamos que a Cielo poderá demorar mais do que o inicialmente previsto para avançar na parceria com os acionistas controladores em meio ao processo de oferta pública. Como resultado, prevemos crescimento anual da receita tanto para Stone quanto para PagBank”, avaliam os analistas.
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O Itaú BBA espera resultados, no geral, positivos para o setor financeiro no primeiro trimestre de 2024. “Em meio a uma correção mais ampla do mercado, isso provavelmente ajudará os investidores a ganharem confiança para escolher histórias de crescimento sólido atraentes em termos de valuation”, avalia o BBA. Os analistas apontam que o segmento de bancos é o que veem mais otimismo e projetam expansão nos lucros com indicadores-chave sólidos, reiterando Nubank (ROXO34), Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11) como suas principais escolhas. No setor financeiro não-bancário, para B3 (B3SA3), são esperados volumes estáveis, mas o BBA estima margens melhores para que a ação tenha impulso.
No varejo, o Santander destaca que a temporada marcará o primeiro trimestre com a vigência da lei 1.479/2023 (anteriormente conhecida como MP 1.185, ou das subvenções), que deverá impactar negativamente mais da metade das empresas do setor sob a sua cobertura por meio de maiores tributos sobre vendas e maiores impostos de renda. Ainda assim, espera ver uma aceleração nas melhoras operacionais em relação ao 4T23, com a maioria dos varejistas registrando aumentos significativos de Ebitda na base anual.
O Morgan Stanley ressalta que as falas dos executivos das varejistas na temporada passada sobre os primeiros sinais de 1T24 mostram um sinal positivo, com melhorias nas receitas no início do ano, reforçado pela alta das vendas reais no varejo de 4,1% na base anual em janeiro. As vendas reais de alimentos e bebidas aumentaram para 6,4% na base anual em janeiro (+4,1% no 4T23), à medida que a inflação de alimentos retorna a território positivo. Por outro lado, o crescimento real das vendas de vestuário permaneceu praticamente estável em +0,7%. Olhando para as tendências para as empresas, a administração do Magazine Luiza (MGLU3) observou que a tendência de resultados positivos (referente à rentabilidade líquida) experimentada no final de 2023 continuou no início de 2024.
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No cenário para as teles, o Santander projeta outro forte conjunto de resultados no 1T24, com as empresas continuando a apresentar crescimento de receita acima da inflação e expansão anual da margem Ebitda. “Na nossa opinião, as tendências sólidas de crescimento das receitas serão impulsionadas principalmente pelo segmento móvel, à medida que as operadoras continuam a beneficiar de um ambiente de preços racional. A sinalização para 2024 permanece positiva, já que tanto a Vivo (VIVT3) quanto a TIM (TIMS3) deverão implementar aumentos de preços para sua base de clientes existente nos próximos meses”, avalia o banco.
Por outro lado, as techs podem ter resultados mistos, segundo os estrategistas do Santander. O banco espera que a Totvs (TOTS3) reporte resultados sólidos no 1T24. Embora as taxas de crescimento anual do faturamento e do Ebitda possam mostrar algum nível de desaceleração em relação aos trimestres anteriores, o banco acredita que isso deve ser impulsionado principalmente por bases de comparação difíceis, especialmente na dimensão de software de gestão, onde o 1T23 foi anormalmente forte em termos de vendas no modelo corporativo . Quanto à Intelbras (INTB3), espera resultados fracos no 1T24, impulsionados principalmente pelas fracas tendências de faturamento nos segmentos de segurança e comunicação.
No segmento de saúde, a XP espera que as empresas apresentem resultados mistos. Os analistas destacam que: (i) os pagadores podem continuar aumentando os preços e reduzindo a sinistralidade, e, ainda, neste trimestre, possivelmente apresentando adições líquidas no portfólio de planos de saúde; (ii) os hospitais podem continuar lentamente entregando melhorias de receita e margens, mesmo que o relacionamento com os pagadores ainda esteja difícil; e (iii) a Hypera (HYPE3) pode apresentar números melhores do que os apresentados nos últimos trimestres, enquanto a Blau (BLAU3) deve continuar sofrendo tanto em relação ao crescimento quanto a margens. “Por mais um trimestre, esperamos que a Hapvida (HAPV3) seja o destaque positivo, mas acreditamos que as melhorias já foram precificadas pelo mercado”, avalia a XP.
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Entre as empresas no geral, o Santander aposta em Santos Brasil (STBP3), Smart Fit (SMFT3) e Vivo como os destaques positivos da temporada. Para Santos Brasil, o banco vê que as margens devem se expandir no trimestre apoiadas por uma combinação de alavancagem operacional e melhor mix de serviços. Sobre Smart Fit, apesar dos fortes resultados serem amplamente esperados pelo mercado, acredita que o sólido impulso operacional da rede de academias merece destaque. Sobre Vivo, o banco vê o forte desempenho impulsionado pelo efeito de transferência dos aumentos de preços implementados nos últimos trimestres e pelos bons números de adições líquidas.
Entre os destaques negativos, o banco cita empresas: Vivara (VIVA3), Arezzo (ARZZ3)/Soma (SOMA3) e Intelbras. Para Vivara, o Santander espera um crescimento saudável da receita bruta de 18,2% na base anual, mas os impostos sobre vendas sequencialmente mais elevados deverão prejudicar a rentabilidade, tornando-o um trimestre fraco. Para Arezzo/Soma, projeta um trimestre pouco inspirador para ambas as empresas, desafiado pela fraqueza do sell-in (principalmente em Multimarcas/Atacado) e comparações difíceis em relação ao ano anterior. Com relação à Intelbras, a expectativa é de balanços fracos impulsionados principalmente pelas fracas tendências de receita nos segmentos de segurança e comunicação.
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