Temor de falência do Credit Suisse leva CDS do banco a maiores níveis desde 2009

Instituição enfrentou sequência de escândalos envolvendo seu braço de investimentos e ações acumulam queda de mais de 50% no último ano

Vitor Azevedo

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Cresceu, durante o fim de semana, a crise de confiança sobre o Credit Suisse, segundo maior banco da Suíça e um dos maiores do mundo. O nome do banco chegou a ficar, durante a manhã deste domingo (2), nos trending topics do Twitter e gestores influentes vêm comentando a questão, alguns defendendo que o temor é válido, outros falando em exagero.

A instituição financeira vem tentando acalmar mercado, funcionários e investidores quanto aos riscos, mas o Credit Default Swap [CDS, derivativo financeiro que indica o risco de crédito] está sendo negociado nos maiores níveis desde 2009, próximo a superar os níveis vistos durante a crise de 2008 – indicando que investidores querem prêmios maiores para aportar no Credit Suisse.

O diretor executivo do banco, Ulrich Körner, afirmou na última sexta em um memorando interno que o Credit Suisse tem “fortes base de capital e boa posição de liquidez”, apesar de afirmar que a instituição vive um “momento crítico”.

O mercado de CDS indica que o mercado vê a probabilidade de default (inadimplência) nos próximos cinco anos é de 21,1%.

“Sei que não é fácil manter o foco em meio às muitas histórias que aparecem na mídia – em particular, dadas as muitas declarações imprecisas que estão sendo feitas”, disse. “Dito isso, peço que vocês não confundam o desempenho diário do preço das ações com a forte base de capital e posição de liquidez do banco.”

Há um ano, o Credit Suisse tinha uma capitalização de mercado de US$ 22,3 bilhões, valor que passou para US$ 10,4 bilhões. No mesmo intervalo, suas ações saíram de US$ 26,85 para serem negociadas a US$ 10,64.

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Credit Suisse envolvido em escândalos

No mesmo período, o banco esteve envolvido em dois escândalos, um após o outro.

O primeiro foi a falência de Greensill, empresa britânica que empresta dinheiro para empresas pagarem seus fornecedores e, na sequência, empacotava as dívidas em títulos financeiros (securitização) para revender a investidores.

Em certo momento, no entanto, o modelo negócio passou a gerar desconfiança e, em março de 2021, a companhia declarou falência – levando junto US$ 10 bilhões de clientes do Credit Suisse.

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O segundo escândalo veio na sequência e envolveu o family office Archegos Capital, de Bill Hwang, investidor sul-coreano baseado em Nova York.

O family office administrava US$ 10 bilhões, mas Hwang convenceu bancos, incluindo o Credit Suisse, a fornecerem US$ 30 bilhões para investir mais. Em 2020, ele investiu pesadamente na ViacomCBS, que viu o valor de suas ações disparar. Os papéis, porém, recuaram posteriormente e a Archegos não conseguiu cobrir as perdas ligadas aos financiamentos e faliu.

Com tudo isso, o Credit Suisse entrou em uma sucessão de crises – perdeu talentos, como o codiretor global do setor bancário Jens Welter e o chefe de produtos de crédito global Daniel McCarthy, e anunciou a demissão de cerca de 10% de seus funcionários.

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Na última segunda (26), a instituição informou que deve anunciar uma reestruturação até o dia 27 de outubro, que deve incluir a redução do banco de investimentos e, possivelmente, a repartição da instituição em três frentes. Surgiram boatos também de uma nova rodada de capitalização.

Segundo cálculos de analistas entrevistados pelo The Wall Street Journal, o Credit Suisse tem de levantar de Us$ 4 bilhões a US$ 6 bilhões para se recuperar. Ainda de acordo com o veículo, a exposição à alavancagem da instituição suíça era, no fim de junho, de cerca de US$ 873 bilhões.

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