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Nem bem se viu livre de mais uma confusão política envolvendo seu governo, com a demissão do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, e o presidente-interino Michel Temer se encontra diante de uma situação grave: a decretação de estado de calamidade pública no Rio de Janeiro que expôs o que já se sabia – a difícil situação financeira da maioria, se não todos, os estados brasileiros. O que vai exigir de Brasília uma ação imediata e pode pôr em xeque o precário ajuste que o próprio governo federal está tendo fazer em suas contas.
Segundo as informações disponíveis, o decreto de calamidade, assinado pelo governador-interino Francisco Dornelles, foi feito de comum acordo do presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e visa facilitar o aporte emergencial de recursos federais ao Rio de Janeiro para fazer face às emergências de obras da Olimpíada e o pagamento de salários a servidores.
Com o decreto de calamidade Brasília pode ajudar o Rio e o governo local pode tomar algumas decisões financeiras sem ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Na sexta-feira ficou acertado que Dornelles receberia um aporte imediato de R$ 2,9 bilhões do Tesouro Nacional, a ser validado hoje por uma Medida Provisória.
A boiada estourou no momento em que o governo federal preparava-se para finalizar uma difícil renegociação de suas dívidas com todos os 26 estados e o Distrito Federal, uma vez, que estão todos praticamente quebrados. Com a notícia de socorro ao Rio, outros governadores já mandaram recados para a capital federal de que querem o mesmo tratamento. Sabe-se que pelo menos Minas Gerais e o Rio Grande do Sul também estão desesperados, ambos atrasando e/ou parcelando os pagamentos dos servidores. Fora atrasos com fornecedores e prestadores e serviços.
Para tentar uma solução que permita o socorro ao Rio, considerado prioritário por causa dos Jogos Olímpico, o presidente em exercício convocou todos os chefes dos executivos estaduais à capital nesta segunda-feira. O governo deverá propor-lhe uma moratória de dez meses (a reivindicação é de dois anos) no pagamento de seus compromissos da dívida com o governo federal.
Porém, não deverá (ou não pretende) oferecer dinheiro vivo como ao Rio, pelo menos no primeiro momento. Abrir os cofres nesta altura significaria ampliar o já explosivo déficit federal de R$ 170,5 bilhões deste ano. Em contrapartida, o governo vai cobrar dos estados ajustes severos em suas contas.
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A observar se a decisão de dar dinheiro para o Rio não causará hoje turbulências na economia. Algum estrago na imagem do Brasil lá fora certamente fará.
Eduardo Cunha: delação premiada,
renúncia ou nada?
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As atenções da política estão voltadas para a movimentação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. Cada vez mais acuado e já ficando isolado também na casa que presidiu até pouco tempo atrás com a deserção de aliados do Centrão, o deputado fluminense ainda causa susto em Brasília com os rumores, alimentados por alguns parlamentares que ainda lhe são fieis, de que poderá optar por uma delação premiada caso não consiga pelo menos salvar seu mandato de deputado.
Cunha ameaça contar tudo o que sabe do mundo político de Brasília – e ele sabe muito – com uma forma de apavorar os parlamentares, parte até de gente em ministérios, para ver se consegue em desespero a solidariedade dos colegas. Ele pediu que os líderes de seu grupo estivessem hoje em Brasília. Vai recebê-los em um hotel, onde pretende informar os próximos passos.
Depois desse acerto, em princípio ele fará um pronunciamento amanhã – ou para anunciar que vai continuar na luta pelo mandato e pelo cargo de presidente da Câmara, ou para dizer que renuncia a este posto ou até para comunicar que vai fechar a delação premiada com o Ministério Público. Cunha ainda precisa ficar atento ao STF, que na quarta-feira decide se abre ou não outro processo contra ele.
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Outros destaques dos
jornais do dia
– “Oi e BNDES assinam acordo para suspender pagamento da dívida” (Globo)
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– “Ministro da Agricultura que liberar venda de terra para estrangeiro” (Estado)
– “Infraero busca sócios para Santos Dumont e Congonhas” (Globo)
– “Crise deve impor revisão de concessões de aeroportos” (Valor)
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– “Delator diz que Odebrecht tinha banco para propina” (Estado)
– “Executivo que citara nome de Temer desiste da delação” (Globo)
LEITURAS SUGERIDAS
1. Editorial – “A utilidade da comissão do impeachment” (diz que o trabalho desmonta o argumento de que o processo é “golpe”) – Estado
2. Roberto Luis Troster – “A volta por cima” (diz que apesar da indefinição da duração do atual governo, ele pode deixar um legado considerável se atuar rapidamente – é possível encurtar a crise e acelerar a recuperação) – Estado
3. Editorial – “Distorção parlamentar” (diz que acossado pela Operação Lava-Jato, Renan Calheiros abandona zelo institucional ao ameaçar Janot com abertura de impeachment) – Folha
Destaques do jornais
do fim de semana
SÁBADO
– “Com recessão, arrecadação de impostos cai 4,81% em maio” (Globo/Estado)
– “Janot pede investigação de mais um ministro [da Educação] de Temer” (Globo/Folha)
– “Teori homologa delação do ex-vice-presidente da Caixa” (Globo)
DOMINGO
– “Supremo já investiga 134 na Lava-Jato” (Globo)