Telebras, Eletrobras e construtoras: as ações que dispararam com os recentes anúncios do governo

Expectativa por lista de privatização e anúncio da véspera de nova linha de crédito imobiliário pela Caixa animaram diversas ações na bolsa na sessão desta quarta

Lara Rizério

Ações em alta (Crédito: Shutterstock)
Ações em alta (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após quatro sessões apáticas para o Ibovespa, a sessão foi de fortes ganhos para o índice, sendo boa parte deles por conta dos anúncios recentes e acordos do governo, sendo que um deles ainda deve ser oficializado nesta quarta-feira (21). 

Contudo, entre as ações que estão reagindo aos anúncios, o grande destaque ficou justamente para uma ação que não está no Ibovespa. 

Trata-se da Telebras (TELB4, R$ 31,99, +61,98%), que viu suas ações fecharem na máxima do dia com a expectativa pelo anúncio da lista de empresas a serem privatizadas.  

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A expectativa dos investidores pela lista começou após declaração feita ontem à noite por Paulo Guedes, ministro da Economia. Ele afirmou que o governo anunciará hoje as 17 empresas públicas que estarão na lista de privatização até o final do ano.

Guedes não adiantou o nome das empresas, mas o site Poder360 antecipou quais seriam as companhias: além de Telebras, constam Eletrobras (ELET3, R$ 45,00, +12,39%ELET6, R$ 45,00, +11,80%), Correios, Casa da Moeda, Emgea, ABGF, Serpro, Dataprev, Ceagesp, Ceasaminas, CBTU, Trensurb, Codesa, EBC, Ceitec, Lotex, Codesp. 

Por sinal, a Telebras viu seus ganhos acelerarem no final do pregão após a companhia informar, em fato relevante, que foi informada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações de que a companhia está na lista de empresas que farão parte do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. 

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No comunicado, o diretor de Relações com Investidores, Antônio José Mendonça de Toledo Lobato, afirma que a inclusão tem o objetivo de “estudar alternativas de parceria com a iniciativa privada, bem como propor ganhos de eficiência e resultado para a empresa, com vistas a garantir sua sustentabilidade econômico-financeira”. A empresa completa ainda que está prevista a constituição de um Comitê Interministerial, com prazo de 180 dias para conclusão dos trabalho a partir da contratação dos estudos para a qualificação da Telebras ao PPI.

Sobre a outra companhia de capital aberto da lista, a Eletrobras, os papéis também abriram em alta reagindo à notícia, mas passaram a disparar mesmo (até 14%) após outro anúncio feito por Rodrigo Maia (DEM-RJ) e pelo próprio Guedes. 

Após reunião com líderes partidários e com Bento Albuquerque (ministro de Minas e Energia), Maia afirmou que o governo encaminhará nos próximos dias, “mas de forma organizada”, o projeto de lei para a privatização da Eletrobras.

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Maia disse ter combinado com Albuquerque uma reunião para que se possa construir um projeto o mais rápido possível e que os deputados vão se empenhar novamente sobre o assunto. 

Na esteira da notícia sobre privatizações, outras estatais que não constam na lista, mas que acabam repercutindo os anúncios também registram ganhos, como é o caso do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 47,35, +5,72%).

A Petrobras (PETR3, R$ 27,95, +5,51%;PETR4, R$ 25,45, +5,95%), que também não está na lista de privatizações a ser anunciada hoje, viu as suas ações subirem forte (até 8%) na reta final do pregão com a notícia do Valor Pro de que a equipe econômica tem a intenção de privatizar a petroleira até o final do governo. 

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Construtoras em alta

Mas, além das estatais, um grande destaque na sessão ficou para construtoras, que repercutiram positivamente o anúncio feito na véspera pela Caixa Econômica Federal. 

O banco estatal anunciou suas novas taxas de juros para financiamento imobiliário indexadas à inflação. Os valores partem de 2,95% ao ano + IPCA e chegam a 4,95% + IPCA, a depender do nível de relacionamento do tomador com o banco, do valor da entrada e outros fatores.

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Atualmente, os contratos de financiamento feitos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH, utilizado para imóveis de até R$ 1,5 milhão) têm correção pela TR (Taxa Referencial) – que está zerada. Essa modalidade ainda estará disponível para contratação. 

As taxas cobradas pela Caixa hoje estão entre 8,5% e 9,75% ao ano + TR. Considerando a inflação de 3,71% prevista para este ano, os juros anuais da nova modalidade de crédito ficam entre 6,66% e 8,66%.

A nova modalidade reduzirá o valor da parcela na largada, mas custará ao mutuário uma dívida maior no final quando comparado com os contratos corrigidos pela Taxa Referencial (TR). Por outro lado, a modalidade deve facilitar a venda desses créditos no mercado financeiro, desenvolvendo a chamada securitização, e, de quebra, adicionar mais recursos para a compra da casa própria no País.

De acordo com o Credit Suisse, os parâmetros vieram melhores que o esperado e a medida deve ser positiva para o setor. Os analistas avaliam que a capacidade de financiamento pode aumentar em cerca de 20% com as novas regras e que o mercado em potencial pode aumentar significativamente. 

As projeções do banco indicam um crescimento de capacidade de financiamento variando de 3% no financiamento da Caixa no patamar de IPCA +4,95% versus TR +9,75% ou de 22% no cenário de IPCA +2,95% versus TR +8,5%.

“A velocidade de implementação das medidas também nos pareceu um ponto positivo”, destaca a equipe de análise do banco.

A Caixa irá oferecer as novas taxas a partir de 26 de agosto e o site do banco já permite simular os financiamentos com as novas regras.

Assim, a implantação deve ser rápida, avaliam os analistas, principalmente considerando o elevado nível de publicidade que envolveu o anuncio.

Assim, eles avaliam que a notícia é positiva para as construtoras do segmento de renda média, como Cyrela (CYRE3, R$ 25,20, +8,15%), Eztec (EZTC3, R$ 36,99, +4,73%), Even (EVEN3, R$ 10,80, +7,04%), Gafisa (GFSA3, R$ 5,63, -1,23%) e Tecnisa (TCSA3, R$ 1,36, +6,25%), devendo impactar de forma rápida as vendas e o poder de precificação das construtoras. 

O Bradesco BBI também destaca que a medida é positiva para o segmento de construtoras voltadas para a média e alta rendas. 

Os analistas do banco estimam que uma redução de 1% nos juros permitiria que 100 mil novas famílias obtivessem financiamento imobiliário, provavelmente indicando um aumento significativo da demanda no futuro. O nome favorito do banco nestes segmentos é a Even.

Por outro lado, eles também avaliam que a Direcional (DIRR3, R$ 12,98, +3,76%) – top pick do Bradesco BBI no segmento de renda mais baixa junto com a Tenda (TEND3, R$ 25,55, +4,80%) -, também deve se beneficiar, já que tem exposição ao segmento de renda média. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.