Publicidade
A semana terminou com a repercussão de diversos resultados revelados entre a noite da última quinta-feira (23) e a manhã desta sexta.
Algumas ações ganharam maior destaque, como a Tecnisa (TCSA3), que disparou 14,29% (R$ 2,80) após registrar o seu primeiro lucro anual desde 2014, enquanto Eletromidia (ELMD3) avançou 3,11% (R$ 14,92), com um resultado considerado muito positivo, mas fechando longe das máximas.
Já Aliansce Sonae (ALSO3) subiu 7,74% (R$ 17,13) também com os investidores atentos às sinergias com a brMalls. A Armac (ARML3) subiu 8,69% (R$ 11,63) mesmo com a visão de um resultado sem brilho, mas com projeções de demanda forte. Panvel (PNVL3, R$ 9,24, +3,12%]) e Wilson Sons (PORT3, R$ 9,99, +0,92%) também tiveram ganhos, com dados positivos, mas já esperados. Os ativos da Eneva (ENEV3) fecharam em alta de 3,74%, a R$ 10,54.
Já Ser Educacional (SEER3, R$ 3,19, -1,85%) teve números fracos, mas já esperados. A ação chegou a subir, mas fechou em queda.
Também entre as quedas, Sabesp (SBSP3, R$ 47,32, -1,85%) teve perdas, mas fechou longe das mínimas, enquanto a Locaweb (LWSA3, R$ 4,70, -8,02%) fechou em queda de cerca de 8% após resultados decepcionantes. Já Cogna ([ativo=COGN3, R$ 1,85, -8,87%) fechou em queda expressiva após abrir em alta (chegando a subir 5,91%) com a companhia de educação mostrando melhorias operacionais, mas com o endividamento e o cenário macroeconômico desafiador ainda no radar dos investidores.
Confira as análises dos balanços que movimentam a sessão:
Continua depois da publicidade
Aliansce Sonae (ALSO3)
A Aliansce Sonae, companhia com participação em 23 shoppings centers, registrou um prejuízo líquido de R$ 16,9 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro líquido de R$ 115,7 milhões, que teve no mesmo período de 2021.
O pior desempenho veio a despeito da alta de 5,4% da receita líquida, que saiu de R$ 277,6 milhões para R$ 292,6 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda na sigla em inglês) ajustado, contudo, caiu 9,3% na mesma comparação ano a ano, para R$ 205,9 milhões, sinalizando mais custos operacionais. A margem Ebitda recuou de 81,8% para 70,4%.
Continua depois da publicidade
Segundo o Bradesco BBI, embora os resultados tenham sido largamente influenciados por ajustes relacionados à integração com a brMalls, a orientação de sinergias do negócio foi revisada para um valor anual de R$ 180 milhões a R$ 210 milhões, a ser capturada até o final de 2028, considerando apenas receitas e despesas operacionais. A empresa também anunciou que as sinergias da fusão já alcançaram R$ 56 milhões em 2022 (o projeto original era de R$ 80 milhões/ano até 2024).
Assim, o impacto para a tese na ação é ligeiramente positivo. Apesar dos custos elevados (e não recorrentes) da fusão com a brMalls, os analistas veem tendências positivas para a nova empresa que surgiu.
“Além disso, saudamos o fato de que operações pontuais tenham sido contabilizadas antes do esperado, abrindo caminho para a empresa resultante da fusão começar 2023 com um balanço mais limpo”, afirmam. Os analistas do BBI acreditam que os próximos resultados devem ajudar os investidores a ter uma melhor leitura dos fundamentos da “nova” Aliansce Sonae já em 2023, o que esperam levar ALSO3 a ver uma redução do gap de valuation em relação aos pares (em torno de 40% de desconto para MULT3), que veem como excessivo.
Continua depois da publicidade
A Genial ressalta que a Aliansce Sonae e brMalls concluíram em janeiro de 2023 o processo de fusão e divulgaram os resultados com ambas tendo prejuízos relacionado a despesas não recorrentes referentes à fusão, o que acabou pesando sobre o lucro.
Já as vendas, apesar de terem sido impactadas pela Copa do Mundo, permaneceram positivas.
“Apesar do financeiro ter vindo abaixo das nossas expectativas, enxergamos o operacional positivamente”, avaliam, destacando também a revisão de expectativa de sinergias com a fusão.
Continua depois da publicidade
A Aliansce também divulgou um crescimento do SSR (Same Store Rent, ou aluguéis das mesmas lojas) de 15,7% ano a ano e de 18,8% ano a ano nas vendas nos meses de janeiro e fevereiro, o que é razoável em um cenário econômico fraco do país (lembrando que o crescimento de vendas do 1T22 versus 1T19 foi de cerca de 9%).
O Itaú BBA apontou que os resultados foram difíceis de ler devido aos muitos ajustes após a fusão; no entanto, já destacaram esperar uma reação positiva com base no seguinte: i) o FFO ( Funds From Operations, ou “fluxo de caixa proveniente das operações) ajustado superando suas expectativas em 5%; ii) as vendas e rendas ao nível dos ativos tiveram um bom desempenho (10%-15% ano a ano, semelhante à Multiplan); e iii) as sinergias foram revisadas para cima (embora considerem que o mercado está mais relutante em precificar sinergias hoje em dia).
Os analistas do BBA mantiveram recomendação outperform (desempenho em linha acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação, vendo um valuation com desconto e um risco retorno interessante.
Continua depois da publicidade
Armac (ARML3)
A Armac, empresa de locação de equipamentos e logística, reportou lucro líquido de R$ 51 milhões de reais no quarto trimestre de 2022. A cifra é 96,6% maior que a registrada um ano antes, quando a companhia registrou lucro de R$ 25,9 milhões. Na comparação com o terceiro trimestre de 2022, houve um crescimento de 31,2% no lucro.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 126,1 milhões, alta anual de 63,7%. Na comparação trimestral, o Ebitda ajustado cresceu 7%.
A receita bruta da companhia no período foi R$ 308,5 milhões, alta de 66,3% na comparação com o ano anterior e 12% a mais que no terceiro trimestre.
De acordo com os analistas do Itaú BBA, a companhia apresentou resultados mistos. A empresa reportou receita líquida e Ebitda em linha, mas lucro abaixo do esperado devido ao aumento das despesas financeiras.
O capex (despesas com capital) totalizou R$ 1,3 bilhão em 2022, 11% superior aos R$ 1,1 bilhão contabilizados em 2021. A estratégia da companhia de acelerar o capex no 3T22, aliada ao alto capex do 4T22, pode ter pesado mais uma vez na produtividade, que atingiu o menor patamar já visto, em 51,5%.
Do lado positivo, a gestão da empresa voltou a destacar a forte demanda, sem sinais de desaceleração pela frente.
O BTG Pactual viu o resultado em linha com suas estimativas e destacou que a execução do Capex programado deve continuar sendo o foco da atenção dos investidores.
“Depois de investir R$ 1,3 bilhão em capex este ano, esperamos que a Armac invista R$ 700 milhões a 1 bilhão este ano, refletindo condições de compra menos atraentes e o uso de máquinas no estoque que foi adquirido no ano passado, principalmente no terceiro trimestre”, apontam os analistas do banco. Além do ritmo de investimento, esperam que os investidores monitorem o cenário competitivo no setor de aluguel de linha amarela, as tendências de yield e a produtividade da frota.
Embora o valuation permaneça maior do que a média do setor em 7,0 vezes o valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/Ebitda) em 2023, o BTG manteve classificação de compra para o ativo.
Cogna ([ativo=COGN3])
O grupo de educação Cogna registrou um lucro líquido ajustado de R$ 76,154 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo o prejuízo de R$ 65,57 milhões apresentado em igual período de 2021. No acumulado de 2022, o resultado ficou negativo em R$ 52,62 milhões, 48,1% menor frente a igual período do ano anterior.
No trimestre, a receita líquida atingiu R$ 1,696 bilhão, alta de 13,2% versus o 4T21. No acumulado do ano, o dado alcançou R$ 5,0922 bilhões com crescimento de 6,6% versus 2021.
“O 4T22 e o resultado do ano como um todo mostram que 2022 foi de fato um ano de inflexão dos resultados, com resultados muito positivos na Kroton, na Vasta e na Cogna como um todo, com todas as unidades de negócio crescendo receita, Ebitda, margem, mesmo nesse contexto mais difícil no macro, além de crescer geração de caixa, que é bem importante”, apontou Roberto Valério, CEO da Cogna, ao InfoMoney.
O resultado, por sua vez, teve diferentes leituras dos analistas de mercado. De acordo com o Bradesco BBI, os números do 4T22 da Cogna foram bons, com Ebitda ajustado 9% acima do estimado pela casa, e lucro líquido de R$ 76 milhões, versus estimativa do BBI de prejuízo de R$ 41 milhões. A receita cresceu 13% na comparação anual, com Kroton acelerando para 12,6% (11,7% no 3T22) e Vasta crescendo 27%. O faturamento do Saber caiu 4% devido ao PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático), mas o BBI nota que o PNLD deve crescer em 2023.
Os recebíveis de alunos pagantes na Kroton caíram 8 dias (em base anual) para 54. E a geração de caixa operacional após capex atingiu R$ 540 milhões em 2022 (+9% em base anual) apesar do adiamento do pagamento do PNLD de dezembro para janeiro (R$ 74 milhões assumindo os mesmos dias de recebíveis do 4T21)
“Em geral, os resultados foram bons em nossa opinião, acima do estimado pelo BBI, e reforçam as perspectivas positivas para 2023 (R$ 1,730 bilhão de Ebitda, +18% versus reportado em 2022), impulsionados pela aceleração no crescimento da receita, expansão da margem Ebitda e maior fluxo de caixa operacional”, afirmam.
No entanto, mantiveram recomendação neutra e preço-alvo de R$ 2,50 levando em consideração uma avaliação relativa (múltiplo de preço sobre o lucro P/L estimado para 2023 de 36 vezes excluindo IFR 16, versus 21 vezes para ANIM3 e 14 vezes para YDUQ3).
Já para o BTG, a Cogna reportou resultados sem destaque no quarto trimestre, com fraca geração de caixa e uma alta despesa financeira impedindo a desalavancagem, apesar dos resultados operacionais ligeiramente melhores (em linha com as nossas estimativas ao ajustar para o impairment do ágio).
A receita líquida de R$ 1,69 bilhão foi 3,5% acima do esperado pelo banco, mas foi prejudicada pela venda das escolas Saber (ajustando para isso, a receita cresceu 13% ao ano). Excluindo um impairment de ágio de R$ 215 milhões relacionado às marcas Sets e Red Balloon (ambas sob a unidade de negócios da Saber), o Ebitda foi de R$ 430 milhões, em linha.
O Ebitda ajustado, excluindo o impairment e outros R$ 42 milhões relacionados a despesas de reestruturação, fusões e aquisições e demissões, foi de R$ 471 milhões (aumento de 11% a/a), rendendo uma margem de 27,8%, alta de 6p.p. t/t (e 50 bps a/a), refletindo melhores despesas de SG&A (38,9% da receita vs. 45,9% no 3T). Finalmente, o lucro líquido ajustado foi de R$ 76 milhões (vs. -R$ 75 milhões no 4T21 e nossos R$ 4 milhões estimados), com prejuízo líquido GAAP de R$ 204 milhões (vs. R$ 65 milhões no ano anterior).
O banco ressalta que, apesar da alta da receita da Kroton, as margens ficaram sob pressão (margem Ebitda de 22%, queda de 0,7 ponto percentual no ano), prejudicado por maiores despesas gerais e administrativas (aumento de 17% ao ano) e provisões (aumento de 79% anual, já que o 4T21 foi ajudado por uma reversão de R$ 48 milhões). A recomendação para o ativo segue neutra, com preço-alvo de R$ 2,60.
A XP também tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 3,10. Segundo os analistas, a Cogna reportou resultados ligeiramente positivos, com alta da receita líquida impulsionada pelo forte crescimento da Kroton e da Vasta – os dois maiores negócios da Cogna – mas parcialmente compensado pelo fraco desempenho da Saber devido ao ciclo de PNLD (vendas para o governo). A margem Ebitda ajustada ficou estável na base anual, embora vejam espaço para expansão em 2023.
A dívida líquida (considerando arrendamentos) totalizou R$ 6,3 bilhões e foi equivalente a 4 vezes o Ebitda ajustado, o que veem com cautela apesar dos grandes esforços da empresa para diminuir o endividamento e as despesas financeiras. “Vemos a empresa em um processo de recuperação, mas ainda com um perfil arriscado devido à sua alavancagem financeira e ao cenário macroeconômico atual”, afirmam os analistas.
O Itaú BBA ressalta que a empresa de educação reportou mais um trimestre com crescimento de receita, ajudado pela performance positiva na Kroton e Vasta, o que indica uma boa tendência para os próximos trimestres.
“Vimos melhores tendências de rentabilidade em Kroton e Vasta que, quando ajustadas por um efeito não recorrente em Saber, levaram a uma margem Ebitda (rentabilidade operacional) recorrente consolidada estável na comparação anual”. Contudo, os analistas do banco também mantêm recomendação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para COGN3, com preço-alvo de R$ 3 ao fim de 2023.
Grupo Panvel (PNVL3)
O Grupo Panvel lucrou de forma líquida R$ 23,9 milhões no quarto trimestre de 2022, número 8,2% menor do que os R$ 26 milhões registrados no mesmo período de 2021.
O resultado um pouco pior se dá mesmo com a companhia, dona das farmácias Panvel, da distribuidora de medicamentos Dimed e do laboratório Lifar, tendo registrado uma receita bruta de R$ 1,16 bilhão, número maior do que os R$ 959,9 milhões de um ano antes. Do total, sendo R$ 1,07 bilhão foram provenientes do varejo.
Para os analistas, o resultado ficou entre em linha com as estimativas e ligeiramente positivo. O BBA destaca a sólida expansão da receita e lucratividade saudável. “O lucro ficou em linha com nossas expectativas, apesar da queda por conta de resultados financeiros mais pesados e despesas de participação nos lucros”. Os analistas reiteram a ação como a top pick no espaço de drogarias, apoiada por um atraente múltiplo de P/L esperado para 2023.
A XP ressalta os resultados sólidos e em linha no 4T22, com sólido crescimento de receita e expansão de margem bruta, enquanto a margem Ebitda ajustada veio em linha na base anual, resultado de pressões inflacionárias e de aceleração da expansão. Os analistas mantêm recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 15 por ação.
Os analistas da casa apontam ser interessante notar que: i) a companhia continua ganhando market share em todos os estados da região sul (+0,5 ponto na base anual), com o Paraná sendo o principal destaque; ii) a venda média mensal por loja atingiu um recorde de R$ 642 mil (+13% ano a ano); iii) a companhia reportou a maior penetração digital do segmento (16% das vendas versus a RD em 12%), com o canal digital sendo um foco para 2023; e iv) a companhia destacou que os investimentos logísticos para suportar o plano de expansão até 2025 foram concluídos.
A Genial também tem recomendação de compra para as ações e destacam que a companhia conta com doze trimestres consecutivos de ganho de mercado.
Eletromidia (ELMD3)
A Eletromidia, empresa de publicidade digital, reportou lucro líquido de R$ 65,444 milhões no quarto trimestre de 2022. A cifra é 314,3% maior que a registrada um ano antes, de R$ 15,822 milhões.
No acumulado de 2022, a companhia conseguiu reverter o prejuízo do ano anterior (de R$ 11,479 milhões), com um lucro líquido acumulado de R$ 51,410 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado do período foi de R$ 123,818 milhões, alta de 99,6% em relação ao ano anterior.
A XP destaca que a Eletromidia reportou resultados sólidos no 4T22, especialmente na expansão da margem Ebitda. A receita líquida cresceu 58% ano a ano, impulsionada principalmente pelo forte desempenho do segmento de ruas, com a aquisição da Otima, e também pelo forte ritmo de crescimento dos segmentos de prédios e shoppings.
Em termos de rentabilidade, o Ebitda dobrou devido a (i) mix de vendas (segmento de rua com maior relevância no trimestre, enquanto o transportes ficou menos representativo com a saída de contratos que eram detratores de margem; e (ii) alavancagem operacional. “Reiteramos nossa recomendação de compra e preço-alvo para o final de 2023 de R$ 17 por ação para ELMD3”, apontam os analistas.
O Itaú BBA vê o resultado como muito forte e que contou com a ajuda da Copa do Mundo. “As margens foram muito boas, chegando a impressionantes 45%”, apontam os analistas, destacando que o momentum segue muito bom, ainda mais após o acordo recente com a Globo.
Eneva (ENEV3)
A Eneva reportou prejuízo líquido de R$ 193,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo lucro líquido de R$ 489,4 no mesmo intervalo de 2021, informou a companhia nesta quinta-feira (23).
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente totalizou R$ 769,5 milhões no 4T22, um crescimento de 11,7% em relação ao 4T21.
O Itaú BBA viu os números como negativos, com o Ebitda reportado bem abaixo das suas expectativas dado os inúmeros efeitos não recorrentes no trimestre. Ajustando por esses impactos, o Ebitda ficou em linha com as nossas expectativas.
Mais uma vez, a empresa atenuou o impacto de uma melhor hidrologia e preços mais baixos com a exportação de energia para a Argentina e passou a consolidar os resultados da Celse. A alavancagem sofreu uma pressão significativa no trimestre, como esperado, mas a empresa espera rápida desalavancagem daqui para frente.
O UBS BB, que tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 15 por ativo, aponta que o prejuízo foi impulsionado principalmente por eventos pontuais relacionados às recentes aquisições. “Acreditamos ser importante ficar de olho
na alavancagem da empresa, já que a Eneva atingiu índice de dívida líquida/Ebitda de 4,8 vezes (versus 2,8 vezes em 4T21 e 2,4 vezes no 3T22) por conta das recentes aquisições. Se mal gerido, este cenário de dívida pode levar à erosão do valor”, afirmam os analistas.
Locaweb (LWSA3)
A companhia de serviços de tecnologia Locaweb (LWSA3) registrou lucro líquido de R$ 18,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo prejuízo líquido de R$ 7,2 milhões no mesmo intervalo de 2021. Já em termos ajustados, o lucro passou para R$ 60,9 milhões, alta de 123,9%. O lucro sem ajustes inclui despesas com plano de opções de ações e efeitos de aquisições.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 48,7 milhões no 4T22, um crescimento de 54,1% em relação ao 4T21.
A XP avalia que a Locaweb reportou resultados fracos no quarto trimestre, abaixo de suas estimativas. A receita líquida cresceu 23% ao ano, mas ficou 6% abaixo da sua projeção, impulsionada principalmente pelo crescimento de 46% no segmento Commerce, enquanto a margem Ebitda ajustada consolidada caiu 0,5 ponto no trimestre e ficou 0,6 ponto abaixo da projeção da casa, refletindo majoritariamente um impacto negativo no segmento Be Online/SaaS.
“Na nossa visão, essa queda trimestral é um sinal de alerta em relação ao discurso da empresa sobre a recuperação da margem daqui para frente. Além disso, a conversão de caixa caiu 3,5 pontos na base trimestral, para 45,3%”, diz a casa, que manteve recomendação neutra e preço alvo de R$ 7,50 para a ação para o final de 2023.
Para o Credit Suisse, agora,que o crescimento das receitas está ocorrendo em um ritmo mais lento do que seus pares e que o aumento de margem esperado em 2023 parece mais desafiador, o valuation premium da empresa parece totalmente injustificado. Assim, reforça visão mais cautelosa para o case.
Sabesp (SBSP3)
A Sabesp reportou lucro líquido de R$ 642,2 milhões no quarto trimestre de 2022, alta de 13,2% contra igual período de 2021. O Ebitda ajustado foi de R$ 1,720 bilhão, um crescimento de 15,2% na base anual.
A XP aponta que os resultados do 4T22 da Sabesp ficaram abaixo das expectativas da casa. O pior mix de clientes, volumes abaixo do esperado e o aumento de +22% ao ano em custos gerenciáveis (PMSO) prejudicaram a margem operacional, o que pode explicar a visão negativa dos resultados no 4T22.
“Ainda assim, vemos as ações da Sabesp negociando a 0,75 vez o EV/RAB [base de ativos regulatório], próximo à média histórica de 0,80 vez, e uma melhora na percepção de risco após o reajuste tarifário e a perspectiva de privatizações”, avalia, mantendo recomendação neutra para a Sabesp, com preço-alvo de R$ 52 por ação.
O BTG ressalta que a Sabesp reportou resultados operacionais muito fracos no 4T. A receita líquida (ex-custos de construção) foi de R$ 5,93 bilhões, em linha com a expectativa e alta de 17%, refletindo o reajuste tarifário de 12,8% em maio de 2022 e crescimento de 0,7% ao ano nos volumes faturados consolidados.
No entanto, despesas de PMSO muito maiores do que o esperado ( 17% ao ano) geraram um Ebitda de R$ 1,72 bilhão, 20% abaixo do que esperavam. Assim, após despesas financeiras líquidas acima do esperado de R$ 507 milhões, parcialmente compensadas pela utilização de créditos tributários, o lucro líquido totalizou R$ 642 milhões, 35% abaixo da sua estimativa de R$ 988 milhões.
Contudo, o banco segue com recomendação de compra para os ativos.
“Acreditamos que um trimestre tão ruim reforça o desejo de melhorias operacionais, que esperamos ver com a nova gestão da Sabesp. Naturalmente, para uma expansão de múltiplos para os níveis de eficiência de seus pares privados, a privatização continua sendo essencial”, afirmam os analistas, que têm uma recomendação de compra para a Sabesp, pois veem o nome sendo negociado a 0,7 vez o EV/RAB esperado para 2023, o que não parece estar precificando nenhum upside em um cenário de privatização.
“Como mencionamos, não achamos que a expansão de múltiplos seja totalmente dependente da privatização, pois a empresa anunciou recentemente uma nova equipe de executivos experientes, incluindo o CEO André Salcedo, que pode abrir caminho para melhorias operacionais significativas e muito necessárias”, concluem.
Ser (SEER3)
A Ser reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 441 mil no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo lucro de R$ 30,8 milhões do mesmo período de 2021, informou a companhia nesta quinta-feira (23).
Sem ajustes, o prejuízo líquido foi de R$ 125,4 milhões no trimestre, revertendo lucro de R$ 3,5 milhões do quarto trimestre de 2021. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 71,3 milhões no 4T22, uma diminuição de 15,5% em relação ao 4T21.
A margem Ebitda ajustada atingiu 16,1% entre outubro e dezembro, baixa de 5,5 pontos percentuais (p.p.) frente a margem registrada em 4T21.
A receita aumentou 13% ao ano, impulsionada pelos ajustes de tickets e pela aquisição da FAEL, mas ainda com números negativos de captação nos segmentos híbrido e digital, aponta a XP. Já a margem Ebitda ajustada caiu devido a custos e despesas com pessoal e terceiros.
“Destacamos o descumprimento do covenant financeiro, dado que a alavancagem financeira (pela forma como é calculada nesse caso) foi de 2,68 vezes, sendo o limite de 2,5 vezes. Vemos sinais de recuperação em todo o setor, mas continuamos cautelosos com a ação devido à incerteza macroeconômica e à alavancagem financeira da companhia”, apontam os analistas.
Já o Bank of America espera que a Ser continue enfrentando um cenário desafiador no ensino a distância, especialmente devido à deterioração do cenário macro. “Em nossa opinião, a liquidez limitada da ação (US$ 600 milhões por dia) e a falta de gatilhos de curto prazo para o nome impedem que sejamos mais otimistas. Mantemos recomendação neutra e preço-alvo de R$ 4”, afirmam.
Tecnisa (TCSA3)
A Tecnisa (TCSA3) obteve lucro líquido de R$ 16 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo prejuízo líquido de R$ 59 milhões no mesmo intervalo de 2021. A melhora no resultado veio em função da retomada dos lançamentos e das vendas ao longo do ano, contribuindo para expansão das receitas e diluição dos custos, com uma consequente recuperação das margens.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 26 milhões no 4T22, ante prejuízo de R$ 43 milhões do 4T21.
Com isso, a Tecnisa voltou a fechar um ano no azul após sete exercícios consecutivos no vermelho. A incorporadora alcançou lucro de R$ 1 milhão em 2022, chegando a um break even (equilíbrio das contas), enquanto em 2021 teve prejuízo de R$ 185 milhões.
Segundo o BTG, os resultados foram um pouco melhores do que o esperado, com fluxo de caixa idêntico à nossa expectativa, mas números ajudados por alguns ganhos pontuais de contingência e provisão. “Temos uma visão mais cautelosa sobre as construtoras de médio/alto padrão e, portanto, mantemos nossa recomendação Neutra para a Tecnisa”, apontam os analistas.
O Bradesco BBI, por sua vez, aponta que a Tecnisa apresentou resultados fracos tanto financeira quanto operacionalmente, embora os resultados modestos de 2022 reflitam um balanço de perdas e lucros muito melhor em relação a 2021, com melhores números de lançamentos e vendas contratadas.
“Em suma, não vemos nenhum gatilho para uma reclassificação dos ativos no curto prazo, pois um retorno atraente para os acionistas dependeria de uma aceleração dos lançamentos, o que parece improvável nem apropriado neste ambiente atual, já que 2023 deve permanecer mais difícil para os segmentos de média e alta rendas devido à disponibilidade de crédito mais restrita para esse segmento, altas taxas de juros e um momento mais frágil no ciclo 2020-2024”, apontam. A recomendação para a ação é neutra, com preço-alvo de R$ 4.
Wilson Sons (PORT3)
A empresa de navegação Wilson Sons registrou um lucro líquido de R$ 112,6 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), avanço de 169% na comparação com igual período de 2021. Em 2022, o lucro acumulado foi de R$ 338,9 milhões, avanço anual de 51,5%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês), por sua vez, avançou 32,2% nos últimos três meses de 2022 frente mesmo período de 2021, a R$ 250,7 milhões. O Ebitda acumulado em 2022 foi de R$ 939 milhões, alta de 9,3% frente o ano anterior, com resultados resilientes de rebocadores e logística, informou a companhia.
O Bradesco BBI apontou que o Ebitda da companhia ficou 4% acima das suas estimativas, mas 5% abaixo do consenso.
Os principais destaques foram: 1) volume de contêineres caiu 6% no comparativo anual; 2) a atividade operacional na divisão de reboques manteve-se forte; e 3) excluindo o impacto contábil negativo de R$ 81,1 milhões na divisão de Embarcações de Apoio Offshore, esta joint venture reportou um Ebitda ajustado de R$ 86,7 milhões (+149% no comparativo anual e +24% no trimestre).
No 4T22, a divisão Embarcações de Apoio Offshore iniciou a operação dos PSVs Torda, Biguá e Fulmar para a Petrobras (PETR3;PETR4). O número de dias de operação aumentou 21% no comparativo anual com mais atividade para Gaivota, Atobá, Batuíra e Cormoran. No entanto, o Ebitda contábil do 4T22 caiu para R$ 5,6 milhões de R$ 34,8 milhões no 4T21. Isso pode ser explicado pela alteração contábil de duas operações de leasing de terceiros, que resultou em uma redução pontual de R$ 81,1 milhões na linha de Ebitda. Excluindo este efeito, o Ebitda da divisão de Embarcações de Apoio Offshore saltaria para R$ 86,7 milhões, de R$ 34,8 milhões no 4T21 e R$ 70,2 milhões no 3T22.
“Conforme já discutido em relatórios anteriores, a Petrobras pode aumentar o volume de investimentos em exploração e produção, o que pode aumentar a demanda por embarcações de apoio offshore, resultando em crescimento mais rápido da receita e expansão da lucratividade”, apontam os analistas, que seguem com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 16,00 para o ativo.