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SÃO PAULO — A pandemia de coronavírus afetou negativamente diversos setores da economia, mas o segmento de construção civil, considerado essencial, continuou operando a todo vapor para dar conta da demanda alta em meio aos menores juros de financiamento imobiliário da história.
Nesse cenário, a Tecnisa (TCSA3) retomou seus lançamentos próprios — foram dois no ano passado — e foi às compras: apenas no quarto trimestre de 2020, adquiriu terrenos com VGV potencial de R$ 647 milhões. Já nos três primeiros meses deste ano, comprou mais R$ 208 milhões. No fim de dezembro, o landbank (banco de terrenos) da companhia já estava em R$ 5,3 bilhões.
“O primeiro passo para o crescimento é a compra de terrenos”, disse Flavio Vidigal, CFO da companhia, em live do InfoMoney na quarta-feira (31). “O momento é favorável para a aquisição de imóveis e nós temos condições para fazer esse volume de lançamentos”, completou o executivo, se referindo ao guidance de lançamento de R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão entre 2020 e 2021.
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A entrevista faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, no qual CEOs e outros executivos importantes de empresas da Bolsa comentam os balanços do quarto trimestre de 2020 e o desempenho anual das companhias, e falam também sobre perspectivas. Para não perder as próximas lives, que acontecem até o início de abril, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
Segundo Vidigal, 23% do guidance de lançamentos para o biênio já foi atingido e a Tecnisa possui oito projetos em fase final de aprovação na prefeitura de São Paulo. “Começamos 2019 com estoque construído de R$ 837 milhões, terminamos o ano com R$ 419, e em 2020 vendemos mais R$ 231 milhões, reduzindo bastante nosso estoque concluído, que ficou em R$ 128 milhões”, disse.
“A gente teve um ano bastante atípico. O primeiro trimestre foi mais forte, o segundo trimestre por causa da pandemia foi bem mais fraco e aí o setor se recuperou bastante no terceiro e quarto trimestres. Isso deu bastante motivação pra gente fazer as aquisições dos terrenos”, completou. O executivo afirmou ainda que a companhia deve vender os terrenos não estratégicos que possui fora de São Paulo, em especial em Curitiba e no Distrito Federal.
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“Neste momento, como temos poucas obras em andamento, o nosso nível de receitas é menor. Com isso, nosso lucro bruto é menor, e temos prejuízo. Existe uma tendência forte de inverter esse ciclo a medida que estamos lançando novos empreendimentos, e esses empreendimentos começam a gerar receita no balanço de maneira que a gente vai aumentando o lucro bruto e reduzindo o prejuízo até que ele se torne lucro. Há uma tendência bem clara neste sentido”, disse.
A companhia realizou em fevereiro deste ano uma cessão de recebíveis performados de R$ 80 milhões — uma prática de venda das obrigações de clientes que compraram unidades no passado. “A nossa inadimplência está sob controle e uma prova disso foi essa cessão que realizamos. Se a inadimplência está alta, não conseguiríamos vender os recebíveis”, afirmou Vidigal.
Anderson Hiraoka, gerente de relações com investidores da companhia, afirmou que a empresa segue otimista com 2021. “O volume de vendas e a retomada de lançamentos deve acontecer de forma forte. E para os projetos que já temos estande de vendas, que estão fechados agora, a gente imagina que vá acontecer o que aconteceu no ano passado: a partir do momento que eles puderem abrir, a gente vai ter um volume de vendas bastante expressivo”, disse.
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Os executivos falaram ainda sobre possibilidade de M&A, alta da Selic, continuidade da compra de terrenos ou permuta e sobre o aumento do INCC e do custo de materiais de construção. Assista à live completa acima.