TecBan prepara locker inteligente para deixar compras online mais seguras com real digital

Projeto é um dos nove selecionados pelo Banco Central para mostrar possíveis utilidades para o real digital

Paulo Barros

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A TecBan, empresa conhecida pela rede de caixas eletrônicos Banco24Horas, está testando um novo locker inteligente que permitirá ao consumidor ter mais confiança na hora de realizar compras online. Usando moeda digital, o armário smart poderá identificar quando um pacote foi retirado pelo comprador e, apenas nesse momento, repassar o valor pago pela mercadoria ao vendedor.

A inovação utiliza os contratos inteligentes, ou smart contracts, como meio de garantir que o consumidor só irá pagar pelo produto se de fato recebê-lo. Contratos inteligentes são programas de computador auto-executáveis que rodam segundo regras pré-estabelecidas e rodam em blockchains, redes imutáveis que usam tecnologia similar à do Bitcoin (BTC).

“Quando o produto é entregue fisicamente no locker, todas as interações com ele são gatilhos em um contrato inteligente”, explica Luiz Fernando Lopes, gerente de plataformas digitais da TecBan.”Qualquer problema de não retirada interage com o contrato [inteligente], para saber se o dinheiro que foi debitado da conta [do comprador] será transferido para a conta do vendedor ou se vai ser estornado”.

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O projeto roda no âmbito do LIFT (Laboratório de Inovações Financeiras Tecnológicas), um programa do Banco Central que visa criar casos de uso do real digital, dando cara para possíveis utilidades da nova versão da moeda. Os trabalhos do laboratório começaram em setembro de 2022 e vão até fevereiro de 2023. Um piloto do real digital, junto com pelo menos um dos nove projetos do LIFT, tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2023.

A TecBan aproveitou um projeto já existe de locker inteligente e o integrou um smart contract para testar funcionalidades do real digital. Além de garantir a entrega de mercadoria contra pagamento, explica a empresa, a solução pode ser usada para expandir a área de entrega de sites de comércio eletrônico, fazendo produtos chegarem a mais lugares no país.

“O locker pode ser colocado em pontos estratégicos, inclusive já existem ATMs (os caixas eletrônicos 24 horas) em comunidades, para quem esses produtos cheguem na ponta e promova inclusão social”, conta o executivo. “[O projeto] traz muito da experiência que a gente já tem. São 24 mil ATMs em mais de 100 municípios, então é um tema que a gente já domina, da logística de conhecer o público e estar próximo da população.

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Para o lojista, diz a empresa, trata-se de mais um canal com alta eficiência operacional, já que a logística tem menor custo. Além disso, há a expectativa de benefício com aumento das vendas pelo ganho na confiança perante o consumidor.

Conhecida por oferecer saques em dinheiro físico no Brasil, a TecBan desenvolve o projeto como parte da estratégia de se posicionar como um player que proporciona a integração entre o físico e o digital. “Estamos na ponta, com 3,4 milhões de brasileiros que usam nossos terminais, então conhecemos o público, com suas dores e necessidades. Além disso, temos 150 instituições conectadas, então conhecemos os dois lados”, diz o executivo.

Após 40 anos de estrada, a empresa observa com atenção a revolução em pagamentos digitais que acontece no Brasil e o lançamento próximo do real digital, mas não acredita que essas mudanças apontam para o fim iminente do dinheiro físico.

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“O dinheiro continua e vai continuar fundamental no dia a dia das pessoas, e tem tido até crescimento no número de saques”, conta Lopes. Só o recurso de integração de fintechs com os caixas eletrônicos da empresa movimentou, desde 2019, mais de R$ 15 bilhões. Uma das recentes integrações foi inclusive com uma empresa de cripto, a Smart Pay, que intermedia conversões entre o real e o USDT, um criptoativo indexado ao dólar.

Para Lopes, o dinheiro físico seguirá relevante no país também por questões de infraestrutura, como falta de conectividade, além de sociais. “Eu acredito em convivência entre os meios de pagamento, em pluralidade. Quem ganha no final é o usuário”.

O projeto proposto pela TecBan é o único entre os nove selecionados pelo Banco Central que usa Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). O locker inteligente integrado com smart contracts está previsto para ganhar um mínimo produto viável em fevereiro de 2023. A partir daí, espera-se mais 18 meses de testes. Como não requer legislação adicional, uma versão final pode chegar ao consumidor final em 2024.

Paulo Barros

Editor de Investimentos