Taxas futuras longas de juro caem abaixo de 12% em mais um dia de retirada de prêmios

Em um dia de agenda de indicadores esvaziada no Brasil e no exterior, as atenções se voltaram para o depoimento de Powell ao Senado dos Estados Unidos, no fim da manhã

Reuters

Notas de R$ 100 sobrepostas (Foto: Daniel Dan/Pexels)
Notas de R$ 100 sobrepostas (Foto: Daniel Dan/Pexels)

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SÃO PAULO (Reuters) – Investidores deram sequência nesta terça-feira ao movimento mais recente de retirada de prêmios da curva a termo brasileira, fazendo as taxas dos DIs fecharem em queda firme na contramão do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries subiram após declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Congresso dos Estados Unidos.

Com o movimento desta terça-feira, contratos de prazos mais longos, como os para janeiro de 2031 e 2031, voltaram a registrar taxas abaixo dos 12%.

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No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,565%, ante 10,594% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,175%, ante 11,254% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,46%, ante 12,562%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,94%, ante 12,025%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,94%, ante 12,024%.

Em um dia de agenda de indicadores esvaziada no Brasil e no exterior, as atenções se voltaram para o depoimento de Powell ao Senado dos Estados Unidos, às 11h.

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Nele, o chair do Fed defendeu que a inflação norte-americana, apesar de seguir acima da meta de 2%, tem melhorado nos próximos meses. Além disso, pontuou que mais “dados bons” fortaleceriam os argumentos para cortes de juros pelo Fed.

Por outro lado, Powell evitou dar indicações de quando o Fed começará a cortar juros, o que frustrou parte do mercado no exterior.

Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries subiram, mas no Brasil as taxas dos DIs, que já haviam começado o dia em queda, ampliaram as perdas após os comentários de Powell.

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“Tanto aqui quanto no exterior existe a expectativa, para os próximos dias, pela divulgação de dados importantes de inflação. Mas lá fora tivemos um dia de fraqueza dos ativos, enquanto o Brasil seguiu descolado”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Segundo ele, tanto a curva de juros quanto o câmbio seguiram nesta terça-feira eliminando parte dos prêmios incorporados recentemente, em meio ao aumento da desconfiança em relação ao equilíbrio fiscal brasileiro e às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o Banco Central.

“Desde quarta-feira passada há uma pacificação, com mudança do tom do governo e anúncio de cortes de gastos. Ainda há ‘gordura’ (de prêmios) para queimar, mas o primeiro passo foi dado”, acrescentou Spiess.

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Em Brasília, as atenções seguem voltadas para as discussões sobre a regulamentação da reforma tributária.

Na noite anterior, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que integra grupo de trabalho da reforma, disse ter expectativa de finalizar a votação do projeto de regulamentação na Câmara dos Deputados ainda nesta semana.

O governo corre contra o tempo para aprovar medidas que possam melhorar a percepção de risco do Brasil antes do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho.

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Perto do fechamento desta terça-feira a curva a termo precificava 83% de chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 17% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. No início da semana passada, antes da moderação do discurso de Lula, as apostas majoritárias eram de elevação da Selic — algo que o próprio BC tem indicado que não está em seu cenário-base.

Embora os mercados tenham funcionado normalmente, inclusive em São Paulo, o feriado da Revolução Constitucionalista de 1932 reduziu parte da liquidez na renda fixa, no câmbio e na bolsa brasileira nesta terça-feira.

Às 16h34, o rendimento do Treasury de dez anos US10YT=RR –referência global para decisões de investimento– subia 3 pontos-base, a 4,298%.