Taxas futuras de juros caem em novo dia de baixa do dólar antes de decisão do Copom

O recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, antes da decisão de quarta-feira do Federal Reserve sobre juros, também justificou a baixa das taxas futuras longas no Brasil

Reuters

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As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em baixa com investidores ajustando posições antes da decisão do Banco Central sobre a Selic, na quarta-feira, em meio à perspectiva de que o ciclo de alta de juros no Brasil possa terminar antes do esperado.

O recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, antes da decisão de quarta-feira do Federal Reserve sobre juros, também justificou a baixa das taxas futuras longas no Brasil.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,735%, ante o ajuste de 14,74% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,425%, ante o ajuste de 14,47%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,38%, em baixa de 8 pontos-base ante 14,457% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,41%, ante 14,478%.

As taxas futuras foram perdendo força gradativamente ao longo da manhã no Brasil e se firmaram em baixa durante a tarde, em movimento semelhante ao visto no mercado de câmbio, onde o dólar também firmou perdas ante o real na segunda metade do dia.

A baixa das taxas dos DIs também acompanhava a perda de força dos yields dos Treasuries, que se firmaram no negativo à tarde.

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Para Laís Costa, analista da Empiricus Research, o fechamento da curva a termo brasileira nesta terça-feira esteve ligada à expectativa de interrupção do ciclo de altas da taxa básica Selic, hoje em 13,25%, antes do esperado.

“Está virando consenso, principalmente por conta da performance positiva do real nos últimos dias, de que isso (o câmbio) vai bater na inflação em algum momento”, pontuou Costa, acrescentando que isso tende a minimizar o risco do câmbio para a alta da inflação.

“Essas alterações dariam espaço para indicar um fim de ciclo mais iminente. Depois da alta (de 100 pontos-base) amanhã, seria só mais uma (elevação da Selic) de 25 (pontos-base), ou talvez de 50”, acrescentou.

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A ponta curta da curva precificava perto do fechamento desta terça-feira 98% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic na quarta-feira. Mas dúvidas maiores recaem sobre os passos seguintes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Na segunda-feira o mercado de opções de Copom da B3 precificava 55,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio, 17,50% de chances de elevação de 25 pontos-base, 14,50% de probabilidade de manutenção, 7,50% de chances de alta de 75 pontos-base e apenas 3,50% de chances de nova alta de 100 pontos-base.

Para a decisão seguinte, de junho, as opções de Copom precificam 45% de chances de manutenção da Selic.

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A perspectiva de um fim de ciclo mais rápido, ajudada pela queda recente do dólar, deixou em segundo plano um fator que, no fim de 2024, foi motivo para forte alta da curva de juros: a intenção do governo de isentar de Imposto de Renda pessoas que ganham até R$5 mil por mês.

Se em dezembro a proposta foi vista como mais um fator de risco para o equilíbrio fiscal, nesta terça-feira a apresentação oficial do projeto ao Congresso não pressionou a curva.

O projeto mantém a tabela progressiva do IR com isenção para rendas de até 2 salários mínimos, o que se conjugará a um desconto variável que permitirá que quem ganha até R$5 mil não pague nada de imposto. Também haverá um desconto parcial que será reduzido gradualmente para rendas de R$ 5 mil a R$7 mil.

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Na outra ponta, para pessoas de alta renda o projeto prevê retenção na fonte de 10% incidente sobre dividendos distribuídos em valor acima de R$50 mil mensais por uma empresa para uma mesma pessoa física. Contribuintes mais ricos pagarão tributo mínimo para rendimentos anuais totais superiores a R$600 mil.

De acordo com o governo, o efeito final sobre as contas públicas será neutro, ou seja, a arrecadação da parcela mais rica da população compensará a isenção dada à fatia mais pobre — justamente o ponto que gera desconfiança no mercado.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa o fim da tarde. Às 16h33, o retorno do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 2 pontos-base, a 4,285%.